segunda-feira, 29 de outubro de 2012

As Cartas de Anita Lopes: Frágil

As Cartas de Anita Lopes: Frágil: Querido Alberto, Há dias ensaio te escrever. Desde que a Rumpilezzz tocou meu coração num domingo que tinha tudo para ser triste e termino...

domingo, 28 de outubro de 2012

O que é que a Bahia tem?

Amig@s é que a Bahia tem. Além de dendê, belas praias, lindas cores, sons incríveis, Olodum e Ile Ayê, a Bahia tem amig@s nov@s e antig@s.

Por isso fui a Salvador: rever amig@s. Era o reencontro da turma do ISBA, mas no primeiro dia na cidade me permiti rever uma nova amiga - Yara [e seu Robério-marido-mais-companheiro-do-mundo].

Fui recebida com tal carinho e cuidado que não podia deixar de registrar o valor de amizades que [re]conhecemos. Desde o primeiro instante, soube que Yara era para sempre em minha vida. E no reencontro não foi diferente. Tantas coincidências, tantas influências mútuas e recíprocas. Tantos afetos compartilhados.

Fui recebida com bolo de aipim, beiju, cuscuz e sucos de frutas tropicais, num autêntico lanche do sertão. Impossível não me sentir querida naquela atmosfera.

Depois um passeio gostoso por toda a cidade, revisitando lugares que fizeram parte de minha história ali, foi mágico.

Amores, costumo dizer [e não me canso], vêm e vão. Amig@s são para sempre!

Agradecida, Yara pela lindeza de cuidado que tiveram comigo aí.



Buenos Aires, mi amor!

Coisas incríveis acontecem em Buenos Aires. [Ou a imaginação fica solta]. Palermo Hollywood, próximo a calle Jorge Luis Borges e a Plaza Cortázar, reserva surpresas a quem anda por ali descompromissada. 


A visita ao Malba não estava nos planos de quem havia decidido nada planejar e não visitar lugares conhecidos. Mas a matéria na revista da Gol, me fez mudar o rumo da história. Beatriz Milhazes estava expondo no museu. Não poderia perder a oportunidade de ver o trabalho.

Beatriz Milhazes (Brazilian b. 1960) 
O beijo
Mergulhei no frescor da obra de Beatriz. Voltei encantada, ou melhor, não voltei. Caminhava pelas ruas de Palermo ainda mergulhada nas cores de Beatriz, nas formas e nas palavras que davam nome às obras. Caminhei muitas e muitas quadras com aquele gosto de mentos na boca, com a sensação de beijo suave percorrendo minhas pupilas. 




Beatriz Milhazes, 2009 - Canela

Mas Palermo Hollywood é um lugar com magia própria. Algo contraditório e logo suas cores abriram espaço em meus sentidos. Lá a feira de novos estilistas e artesãos se mistura a espaços mix e a lojas sofisticadas. Bares, bistrôs e restaurantes são refúgios repletos de aconchego e beleza.

Voltei ao 'El Francés', local onde tomara um branco refrescante na sexta-feira com Carlito e Laura. Naquele fim de tarde um item do cardápio me chamara a atenção. Tinha de experimentar. O lugar estava cheio e o público era bem variado. 

Sentei numa mesa bem posicionada e cuidadosamente construí meu espaço sobre a pequena mesa: livro, caneta, post-its e bloco de anotações. Pedi um tinto, para aquecer a alma algo úmida da chuva fina que caía lá fora e entrei no desafio de desvendar minha alma imoral, junto com Nilton Bonder. 

Sorriso discreto aboletou-se no meu rosto a medida que fui avançando nas linhas do rabino. Não era apenas a leitura que o desperatara, era o desmesurado prazer de estar ali, numa tarde de domingo qualquer de outubro, vendo a chuva fina cair, acolhida por um malbec, completamente dona de mim e do espaço tempo vivido. 

Olhei em volta, como que para me apropriar um pouco mais daquela sensação, de modo a fazer dela uma memória vívida em meus arquivos. Foi quando deparei-me com a jovem mulher que anotava e lia na mesa em frente. Intrigante... Sua figura autônoma e leve refletia sentimentos que conhecia naquele instante. Estaria projetando nela minha própria leveza e autonomia?

[fragmento de Uma história em Buenos Aires - em fase de amadurecimento].



quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O Tempo

Do tempo
Di-se que tudo cura. 
Tudo cura, o tempo? 
Tudo cura o tempo. 
Mas que tempo? 

Esse tempo tão ralo, tão relativo. 
O tempo da raiva:  só uns segundos, 
as consequências: dias e dias e dias ou anos. 

Os tempos do afeto. 
Tempos de delicadeza, 
                          de cuidado, 
               de beleza. 

E pode se arrastar, o tempo... 
                      vagorasamante lento

Na espera da carta que não chega, 
                    do pagamento que não sai, 
                        do resultado da seleção [ou do exame]

O efeito da palavra dita, do olhar lançado, 
de um por do sol ao som das cores. 

Ah, o tempo... Puta que pariu! 

O tempo às vezes pode estragar toda a poesia...

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

De volta para o aconchego

''Voltar quase sempre   é partir para um novo lugar''
(Paulinho da Viola)



Salvador é mágica, qualquer pessoa que já tenha estado lá pode afiançar minhas palavras. O sincretismo, as cores, os sabores e o cheiro de dendê nas ruas são característicos de uma cidade com personalidade própria. Preparo-me para reencontrar Salvador. Para ir ao encontro de colegas de escola do princípio da década de oitenta. Escrito assim poderia sentir-me velha, afinal são 30 anos. Ao contrário, a energia que me move não é a de reviver experiências do passado, mas de voltar ao aconchego dos braços e abraços de amigos/as que naquele momento da minha vida fizeram toda a diferença. 

Ainda assim, uma ponta de ansiedade percorre meu corpo. Sentada no saguão do aeroporto, emociona-me com a simples idéia de vê-los/as e ouvi-los/as depois de tanto tempo. Mesmo com a ajuda inestimável do terrível Mark Zuckerberg, que tem revelado muito da trajetória deles/as, mesmo tendo revisto alguns/mas recentemente, anseio pelo cheiro de história que o abraço e os olhares poderão proporcionar. Anseio pela volta para o aconchego de uma fase tão cara em minha vida e a mera menção me põe um sorriso iluminando meu rosto. 

Conto os minutos para o embarque, faltam pelo menos 10 para começarem a chamar. Hora de desligar o equipamento, e embarcar nesta incrível aventura rumo às memórias, em direção aos próximos 30 anos junto de amigos/as. 


terça-feira, 9 de outubro de 2012

Declamando para Drummond


E agora, Drummond?
Drummond, e agora?

Meu canto calou,
O silêncio ocupou.
Drummond, acabou!

Riso não há,
Choro, tampouco.
Há silencio, pr'a um ouvido moco.

Já não há cantoria,
E nem mesmo a alegria
De um samba de roda,
Sua sombra, de volta, traria.

Assim, poeta sem lastro
declaro-me aqui:
Livre[e livro!]

E agora de Maria em 09/10/2012.

domingo, 7 de outubro de 2012

Buenos Aires, meu amor! - Diário de Bordo

Não há como não se apaixonar por Buenos Aires [ou em Buenos Aires]. A cidade convida todos os dias, em cada esquina nos cafés, nas confeitarias, restaurantes e bistrôs. Sábado não terminou com Bâraka. A noite estava (com)prometida com um jantar especial. Às nove me passaram a buscar, Carlos e Laura.  Amigos queridos que [re]conheci e me presentearam com a noite dos sonhos. Memorável!


Fomos ao L'Atelier de Céline que está numa casa de 1807 e serve comida caseira com toque francês. O ambiente é delicioso, simples e aconchegante. O cardápio é pura poesia. Pedimos entradas explendidas. A tradicional sopa de cebolas estava de comer de joelhos, a quiche de roquefort com peras, acompanhada de salada verde derretia na boca, em uma perfeita combinação de texturas, para ficar por aí. Pedi um linguado com lagostins e molho de cogumelos com espinafre cujo sabor aqueceu meu corpo por inteiro [talvez o vinho tenha contribuído um bocado]. E Carlos havia pedido um malgret de cannard com molho agridoce, cogumelos e segredos... Adoro segredos, não foi diferente com estes. 

O atendimento feito por jovens muito simpáticos e bem treinados, estava excelente, além de termos tido o privilégio de uma visita de Céline. A jovem chef exalava a tranquilidade necessária para realizar um menu tão confort como o servido no lugar. 

Ali, diferente de Bâraka, se cobra 'el cubierto', embora valha cada centavo investido e também recomenda o pagamento da gorjeta, sugerida em 10% [o que para nós brasileiros, não é mais que o de sempre variado].

De todas as maneiras, saborear cada pedacinho da comida de Céline foi uma viagem aos céus. E não nos poupamos dos prazeres, a noite estava apenas começando. Mergulhei numa Crepe Suzette que jamais pudera provar igual, enquanto o casal querido se deliciava com uma mousse [autêntica mousse] de chocolate com molho de frutas vermelhas. Tudo partilhávamos, numa autêntica festa de Babette. 

A companhia merece especial apreciação, havia uma sintonia tão delicada entre nós cada olhar, cada comentário, cada lembrança evocada pela experiência que compartilhávamos era motivo de encontro entre nós. Às vezes nada precisávamos dizer, apenas o olhar já comunicava o que sentíamos. Assim foi quando o copo que portava a vela que nos alumiava estourou sem aviso prévio. Bastou um olhar para Laura e já nos pusemos a sorrir, sabíamos do que se tratava. Sim, o sabíamos, mesmo com os chistes de Carlos, nós sabíamos nessa cumplicidade que temos nós as mulheres com as coisas mágicas. 

A noite terminou com um cortado e dois ristretos, acompanhados por confituras de naranjas. E assim, voltei ao lar, suspensa ainda pela experiência orgástica daquele jantar inesquecível. 

Em Buenos Aires, não deixe de conferir, mas saiba que o menu é alterado a cada três meses. 




sábado, 6 de outubro de 2012

Diário de Bordo - Buenos Aires

"combine libremente sus elecciones, el cocinero aprecia la creatividade''



Buenos Aires é o  caminho mais curto para  o prazer. Paraíso para quem tem a língua e a boca cheias de sentidos. Própria para os que fazem questão de experimentar novas sensações e não tem medo do que é novo. De passagem pela cidade fui bater pernas no canto predileto. Uma região que está repleta de arte, cultura e bons lugares para comer, próximo a Av. Córdoba e as ruas El Salvador, Honduras e Jorge Luís Borges, no que os portenhos chamam de Pallermo Hollywood.  Justo na r. Gurruchaga (1450 -1400) encontrei o Bâraka - el camiño Sufi. Me encantou desde a chegada. 

Além da simpatia charmosíssima do garçon argentino, fui contemplada por um couvert delicioso, com pães da casa recém saídos do forno e uma pasta de abóbora e especiarias 'riquíssima'. E o detalhe que me fez gostar ainda mais do lugar: '' no cobramos cubierto, nos parece mal gosto'. O cardápio estava recheado não apenas de boas opções, mas de opiniões que comigo muito coincidiam. 

Ele  me sugeriu um prato fora da carta, depois que me refresquei com a mais deliciosa limonada com gengibre. Quase sussurrando me ofereceu estes tortellini recheados com salmão defumado, com molho de soja e cheiros verdes com espinafre. Fiz o caminho Sufi de volta para o aconchego do lar, não o meu, mas o lar de alguém que foi embalado pelo perfeito equilíbrio entre sabores. 

O 'cocinero' que aprecia criatividade é também muito criativo e conseguiu ganhar minhas melhores lembranças do sábado até agora. 

Em Buenos Aires, não deixe de visitá-los, mas saiba que a casa ''no sirve alcohol''.



Serviço: Na 9 de julho pegue a linha D (verde) até a estação Piazza d'Italia.