domingo, 7 de outubro de 2012

Buenos Aires, meu amor! - Diário de Bordo

Não há como não se apaixonar por Buenos Aires [ou em Buenos Aires]. A cidade convida todos os dias, em cada esquina nos cafés, nas confeitarias, restaurantes e bistrôs. Sábado não terminou com Bâraka. A noite estava (com)prometida com um jantar especial. Às nove me passaram a buscar, Carlos e Laura.  Amigos queridos que [re]conheci e me presentearam com a noite dos sonhos. Memorável!


Fomos ao L'Atelier de Céline que está numa casa de 1807 e serve comida caseira com toque francês. O ambiente é delicioso, simples e aconchegante. O cardápio é pura poesia. Pedimos entradas explendidas. A tradicional sopa de cebolas estava de comer de joelhos, a quiche de roquefort com peras, acompanhada de salada verde derretia na boca, em uma perfeita combinação de texturas, para ficar por aí. Pedi um linguado com lagostins e molho de cogumelos com espinafre cujo sabor aqueceu meu corpo por inteiro [talvez o vinho tenha contribuído um bocado]. E Carlos havia pedido um malgret de cannard com molho agridoce, cogumelos e segredos... Adoro segredos, não foi diferente com estes. 

O atendimento feito por jovens muito simpáticos e bem treinados, estava excelente, além de termos tido o privilégio de uma visita de Céline. A jovem chef exalava a tranquilidade necessária para realizar um menu tão confort como o servido no lugar. 

Ali, diferente de Bâraka, se cobra 'el cubierto', embora valha cada centavo investido e também recomenda o pagamento da gorjeta, sugerida em 10% [o que para nós brasileiros, não é mais que o de sempre variado].

De todas as maneiras, saborear cada pedacinho da comida de Céline foi uma viagem aos céus. E não nos poupamos dos prazeres, a noite estava apenas começando. Mergulhei numa Crepe Suzette que jamais pudera provar igual, enquanto o casal querido se deliciava com uma mousse [autêntica mousse] de chocolate com molho de frutas vermelhas. Tudo partilhávamos, numa autêntica festa de Babette. 

A companhia merece especial apreciação, havia uma sintonia tão delicada entre nós cada olhar, cada comentário, cada lembrança evocada pela experiência que compartilhávamos era motivo de encontro entre nós. Às vezes nada precisávamos dizer, apenas o olhar já comunicava o que sentíamos. Assim foi quando o copo que portava a vela que nos alumiava estourou sem aviso prévio. Bastou um olhar para Laura e já nos pusemos a sorrir, sabíamos do que se tratava. Sim, o sabíamos, mesmo com os chistes de Carlos, nós sabíamos nessa cumplicidade que temos nós as mulheres com as coisas mágicas. 

A noite terminou com um cortado e dois ristretos, acompanhados por confituras de naranjas. E assim, voltei ao lar, suspensa ainda pela experiência orgástica daquele jantar inesquecível. 

Em Buenos Aires, não deixe de conferir, mas saiba que o menu é alterado a cada três meses. 




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