''Todo dia ela faz tudo sempre igual,
se levanta às seis horas da manhã...'' (Chico)
Subitamente me dei conta enquanto dirigia que todos os dias faço o mesmo caminho. Sempre a mesma rota. Pego o carro, saio da garagem, viro a esquerda, sigo por alguns metros, viro à direita para em seguida virar a esquerda e seguir em frente por três quadras. Passo por dois balões, paro em pelo menos duas das 6 faixas de pedestres do caminho, sigo até o semáforo, quando novamente viro à direita e deslizo até a tesourinha que leva à Catedral e, por consequencia, à Esplanada dos Ministérios. Dali desço, atravesso mais alguns semáforos, encontro a Praça dos Três Poderes, viro à esquerda, viro à direita para depois de mais três semáforos [eles estavam no projeto do Lúcio Costa?] finalmente entrar no estacionamento do trabalho. Não! Voltei ao volante e decidi que hoje seria diferente.
Logo no segundo balão tomei outro rumo. Mudei a rota sem aviso prévio. Apenas fui lá e mudei: Pronto! E gostei...Vi mais árvores, pessoas caminhando, bicicletas passando, ônibus [nunca vejo]. Parei em outros semáforos, vi outras paisagens e estava há menos de 200m do caminho corriqueiro. Mudei e não doeu. Senti a liberdade de escolher.
E pensei sobre costumes, hábitos, sobre os mesmos caminhos, as mesmas escolhas, os mesmos pratos, a mesma feijoada às sextas-feiras e as mesmas piadas. Como tudo se repete todos os dias. Se repete ou repetimos? Vamos dar crédito a quem de direito. Nós repetimos. Eu, você e todxs nós. E foi isso que subitamente me dei conta: é tranquilo, previsível, seguro e corriqueiro. Basta ligar o automático e automaticamente nos automatizamos. E o cotidiano fica isso assim meio bege.
Chato, e vai ficando mais chato. Até que um dia [ou não] acontece esse despertar e pluft! E o velho caminho se acaba. E a repetição termina, ou pelo menos a rota é substituída por outra. E outras paisagens surgem, com ela novas oportunidades, outras pausas. Acabou-se aquele caminho, novo caminho se fez!
Feliz 2013 a todxs!
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