...enquanto contagiava a todos o conto de fadas forjado, sua alma despida escorria um amor abandonado. caminhava pra longe dele, na medida em que se aproximava do altar. sentia-se sentenciada a prisão perpétua. como de fato sentiu-se pelos próximos dez anos.
durante esse tempo, pode vê-lo duas ou três vezes. da última vez, recebeu de suas próprias mãos o convite de casamento. a sentença perpétua se converteu em pena de morte. os dez anos corriam lentos.
e, ao acordar, década e dia depois, seu primeiro pensamento foi: onde estará? e o universo respondeu numa tarde quente, numa praça lotada. lá estava ele, a esposa e o filho. filho? cumprimentaram-se educadamente. já tinha tanta dor para chorar, juntou os trapos de sonhos e seguiu adiante. não mais olharia para trás.
nunca soube realmente por que o deixara. tantas idas e vindas, tantas voltas a vida deu. casou-se, descasou-se. mergulhou numa aventura intensa em busca dele, saiu aos pedaços. recuperou-se. lentamente resgatou sua capacidade de entrega.
entregou-se, finalmente. aprendeu a dizer seus direitos e a pôr pontos finais. saiu, como quem caminha pela Av. Paulista de férias, cabelos livres e idéias soltas. nos lábios o sorriso adquirido depois de um longo percurso. e quando já não havia esperança e as memórias estavam lacradas, lá está ele. sozinho. três filhos e uma história na mochila. continua o mesmo, mas mudou tanto. só a força suave de suas mãos no corpo dela não mudou. é outro, mas o sentimento é o mesmo.
de repente um silêncio e outro. perguntas vagas. lembranças plenas.
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