Céu Azul by Nestor Lampros |
Teria o poema lembrado o comentário ou o comentário teria despertado a lembrança do Poeta querido? Talvez, se permitisse agora a interferência da razão, sequer escreveria sobre o tema. Mas não, não permitiria que a razão matasse a imaginação. Afinal, foi me impossível deixar de ser ponte entre o poema de Benedetti e o 'doce de manga com banana'. Piscianas são assim, intensas e imaginativas. Então veio a mim [novamente] o poema, que reproduzo >
Mi táctica es
mirarte
aprender como sos
quererte como sos
mi táctica es
hablarte
y escucharte
construir con palabras
un puente indestructible
mi táctica es
quedarme en tu recuerdo
no sé cómo ni sé
con qué pretexto
pero quedarme en vos
mi táctica es
ser franco
y saber que sos franca
y que no nos vendamos
simulacros
para que entre los dos
no haya telón
ni abismos
mi estrategia es
en cambio
más profunda y más
simple
mi estrategia es
que un día cualquiera
no sé cómo ni sé
con qué pretexto
por fin me necesites.
... e a lembrança do dia de sabores. As lembranças do encontro ao acaso, do divino, do maravilhoso e do inesquecível.
Veio forte o desejo de um amor inventado, forjado nas delícias do imprevisível e do inenarrável. Das surpresas que esquinas desnudas e que transportes públicos podem reservar. Das chuvas de beijos e das pás de um ventilador girante que mitigava o calor de corpos suados, colados, exaustos. De buscas despretenciosas em um momento Cazuza em meio ao carnaval.
Ilustração de Nicoleta Ceccoli |
Veio a ponta [aponta?] e a ponte, veio o poema de Mário Benedetti e um sorriso aboletou-se em meu rosto. Tive de ceder ao impulso do barulho provocado pelos macacos no sótão e escrever, escrevendo. Piscianas são assim, quase compulsivas por inventar estórias, que já fazem parte das histórias de carnaval no Rio. Fantasias.
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