A Galícia fica na parte noroeste de Espanha, e talvez alguns não saibam, mas lá se fala Galego, idioma que parece português com sotaque espanhol. Certamente é bem mais que isso, como se pode perceber abrindo os ouvidos para os sons e os olhos para a escrita. Ali se encontra o mais antigo farol do mundo, o único farol romano ainda em funcionamento.
De toda maneira, não sou o tipo de pessoa que conhece os lugares por enciclopédia. Sempre dou um google antes de partir, vejo clima e principais atrações, no entanto, sou adepta de conhecer as pessoas, a comida, as ruas. Andar como e com os locais, ir aonde vão para de fato sentir a cidade e seu povo. Na Galícia não foi diferente.
Assim, minha primeira experiência foi jantar num restaurante frequentado por galegos, especializado em frutos do mar. El 10, localizado na Praça da Espanha, que me foi muito bem recomendado por Jesus, o motorista que me buscou no aeroporto. Lá chegando, após alguma espera, fui recebida com alguma resistência por um dos garçons. Restaurante cheio e eu querendo mesa para umA. Paciência. Ia comer aqueles mariscos, com certeza. Exercito a calma e digo, sem medo de estar exagerando, valeu a pena. Acompanhada da cerveja local , uma resfrescante Estrella Galícia, servida "a pressão", esperimentei os mexilhões da regiºao, servidos com molho e, a tradicional+issima centolla.
O sabor é adocicado, lembrando um pouco lagosta, a carne tenra e muito branca e odor suave de ondas do mar. Interessante enquanto sujava meus dedos comendo o crustáceo foi perceber que o odor não é forte ou ácido como o dos caranguejos. Ao contrário, é tão suave quanto o próprio sabor. Saboreei cada parte longamente, numa ode ao prazer. Embora só, foram momentos plenos, em que o prazer de sentir a Galícia na ponta dos dedos e na boca me proporcionou uma viagem sensorial nova e aconchegante, provocando sentimentos e reflexões que me fizeram companhia durante todo o jantar.
A diferença de fuso me fez perambular pelas ruas do centro, passar pela famosa Praça Maria Pita, cheia de turistas, por horas ainda, até que fosse, finalmente deitar-me no quarto do hotel. Ainda assim, custei um bocado a dormir, finalmente apaguei por volta das 2h30, hora local (23h em Brasília). Afinal, no dia seguinte faria minha apresentação durante a Festa Dos Mundos seria às 17h, compartilhando a mesa sobre Diversidade Cultural e Sustentabilidade com o coletivo Migrantas, de Berlim e o tema das mulheres migrantas de Cabo Verde e a tradição do batuque não apenas como manifestção cultural tradicional, como também exercício de autonomia e empoderamento, apresentadas pela antropóloga Luzía Oca.
(desenhos do coletivo Migrantas)
Por fim, aproveitar os shows da programação musical da Festa, depois de mais uma vez experimentar os sabores de A Coruña (galego) comendo tradicional pulpo*, acompanhado de uma clara com limón (metade cerveja, metade suco de limão - chamado por nós de siciliano e por eles de galego). Experimente a Galícia!
*A foto do fabuloso prato de polvo, fico devendo, por que não pude baixar ainda.
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