quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Chegando a Lisboa

Uai, foi assim: Desembarquei sonolenta, meio cambaleando, corpo ainda se adaptando ao fuso. Caminhei por um longo corredor, com uma luz que reforçava sua ausência de referências. Diante das paredes nuas e das intermináveis esteiras rolantes, dei-me conta de que havia grandes janelas de vidro, que mostravam sem pudor o sol que nascia. 

Foi nesse instante que respirei fundamente aquela sensação já mencionada de abundância e plenitude. Naquele instante enchi-me de amor e exalei todo o ar dos pulmões, grata pela vida. Sorte minha olhar a vida com olhos de gratidão, por que a fila que se formara para a entrada no país era de fazer chorar. Havia três caminhos, a saber: equipamentos para os portadores de passaporte da comunidade européia novos, com informações eletrônicas - uma ou duas pessoas - corredor para comunidade européia, estados unidos e confederação helvética - havia 5 ou 6 pessoas - e, claro, outras nacionalidades ou cidadãos da CPLP (comunidade dos países de língua portuguesa). Todos os demais passageiros estavam nessa fila. Resumo da ópera: duas horas de espera. Gracias por la vida.

Ainda no aeroporto, decidi comprar um LisboaCard (35Euros), que dá direito a andar de ônibus, trens urbanos e metro gratuitamente por três dias, entrar em zilhões de museus e atrações gratuitamente, além de descontos para todo o resto. Tomei um táxi, minha bagagem não me permitia ir de ônibus, em direção ao hostel Alfama Pátio, dêem uma conferida e vejam quanta sorte tenho. 

O hostel é lindo e o atendimento extremamente simpático. Logo que cheguei fui recebida por uma jovem louríssima, com olhos muito azuis que num português enroladíssimo me dava às boas vindas. Era Martina, uma polaquinha muito gente boa, que se recusava a falar inglês, por que queria aprender o português. Ela me mostrou tudo, levou-me ao quarto que divido com mais 5 garotas (hoje duas espanholas, uma russa, uma alemã e uma australiana). Quarto e banheiro são pequenos, as camas são boliches, como é tradição nos albergues e tenho direito a um cofre - que o hotel 4 estrelas de Corunha não dispunha - e um gavetão com chaves. 

Fico bem ao lado do alpendre que tem maravilhosa vista para o Tejo. O clima no albergue é impressionante. Sinto-me em casa o tempo todo. A cozinha está aberta para prepararmos refeições e  a geladeira disponível para colocarmos coisas, etc.  É muito divertido estar num hostel. 

Além disso estou numa localização que não tem explicação. Fico a alguns metros do Castelo de São Jorge, Largo das Portas do Sol, Feira da Ladra, Escola de Gil Vicente. Enfim, estou no coração de tudo. Quando saí no primeiro dia para buscar um lugar onde almoçar, fui dando-me conta de que estava próxima a tudo. Nada aqui é mais longe que 3km. E, claro que no final do segundo dia, eu já tinha chegado à conclusão de que havia desperdiçado meus 35 Euros.


Bem, funciona assim, se você, como eu, não é uma das maiores ratos de monumento e acredita, como eu, que o prazer da viagem é conhecer a cidade de seus cidadãos, trocar experiência com nativos e comer, andar e tudo mais como eles, então estamos de acordo: não vale a pena comprar o LisboaCard. Eu detesto filas, e o que mais se encontra nos sítios históricos justamente são as intermináveis filas de turistas com suas câmeras fotográficas.  

Sim, tirei muitas fotos até agora, precisarei de horas para organizar e selecionar todas, mas certamente não estará entre elas aquelas que podemos comprar nas infindáveis lojinhas para turistas à venda por ,50CentEuro.


Nesse primeiro dia, tal qual o raciocínio sobre monumentos, não queria me ver refém de restaurantes para turistas, em geral mais caro e com comidas típicas não tão confiáveis. Pus-me a andar e dei de cara com a Tasca do Manel. Lugar simples, cozinha boa. Vou dever a foto do maravilhoso polvo grelhado com camarão que comi nesse lugar simpático, que ademais tem um proprietário que só vendo, exemplo de homem português bonito de dar gosto. Como não peguei autorização, não será possível publicar a foto do gajo, mas estou levando para compartilhar com as amigas, junto com uma cerveja gelada qualquer dia desses. Paguei um preço justo, por uma comidinha bem legal. 


Aliás, a dica de não cair na tentação de ficar calculando em reais tudo o que se faz é uma das dez dicas mais valiosas para o viajante.Mais passeios, o castelo por fora, reconhecimento de área, exercício com mapas ver os casarios antigos, que ora lembram o Pelourinho, ora lembram a Lapa. Observar os raros portugas que transitam por essa área tão turística, foi o divertimento do dia, sob um sol escaldante de 35º. Calor a pino em Lisboa.


A noite a programação resumiu-se, mas não reduziu-se a comer em casa de Tereza, uma bela portuguesa que apenas conhecia pela rede, e que faz parte de uma comunidade da qual eu igualmente agora estou ligada o CouchSurfing* . Como Tereza não podia me receber, porque já estava com casa cheia, convidou-me para jantar com ela e seus hospedes. Foi um momento incrível. Havia Eric(EUA), Bern/Isabela (FR), um outro rapaz da França, Ana (AUSTRIA), César e Teresa de Portugal e Jeny (Áustria). Foi divertido ouvir e falar tantas línguas e, sobretudo, poder cometer erros e ainda assim ser compreendida. 


A noite acabou por volta das 3h da manhã e eu que mal dormia desde que saí do Brasil por não ter ainda me adaptado ao fuso, segui para o Hostel torcendo para conseguir pregar as pestanas. No final, nem foi tão difícil assim, embora o calor enchesse o quarto sem trégua.

Dica do dia: Não compre LisboaCard e curta a cidade mais de perto. Conheça Lisboa!







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