terça-feira, 11 de agosto de 2009

Espanto


''De repente...
das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.''

(extraído de Soneto da Separação, Vinícius de Moraes)



...Foi a primeira coisa que pensou.
Ecoava em sua cabeça o som do espanto.
Repetiu diversas vezes a palavra enquanto os olhos vagavam pela paisagem ocre


ES-PAN-TO.

Ex.

ExPANTU.

Sentiu em seu peito,
forte e retumbante O som. [Experimente falar em voz alta a palavra].
Ela acontece no peito.
É implosão em forma de palavra.

ESPANTO.
(ISSSSSSSSSSSSSPAAAAAAAAAAAANNNNNNNNNTU)

Depois do espanto, o silêncio.
Câmera subjetiva gira em torno de si.
Daí surge o vazio [que acompanha o silêncio]
Está num filme de Win Wenders.

Por instantes
o som volta a ocupar o espaço.
o vazio

há batida ritmada e forte
[a vibrar o peito]
a tremer as mãos,
a secar a boca.

De súbito ouve[se]
o som da respiração
o sangue correndo nas veias

Ar e som
dentro e fora
Estão juntos.
Estão em si.

Sai.
Anda em círculos
Volta às mãos, o calor.
Sente-se corar

Volta!

E o espanto se faz pranto
derrama-se
desde os cumes até os vales
E o espanto aos poucos
esvai-se.

Vai!


Entrou por uma porta, saiu pela outra, PORQUE


SOBREVIVEMOS A TUDO, MELHORES E MAIS FORTES!

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