segunda-feira, 18 de abril de 2011

Pus uma flor no cabelo e saí...

Querida d.Maroca,

Como a senhora está? Sua mensagem me emocionou, sinto o mesmo, mas como a senhora mesma me ensinou: a vida segue seu curso e não importa como me sinta, levanto, me visto e apareço! Assim decidi fazer noite passada, tomei um longo e delicioso banho, perfumei a pele e os pelos, pintei o rosto com cuidado e delicadeza e, como as tailandesas pus uma flor no cabelo, do lado direito, simbolizando minha disponibilidade. Vesti-me cor de rosa e carmim. Abri o coração e fui.

E como foi bom! Permiti que a vida voltasse a acontecer fora dos limites do prédio onde moro, do trabalho que desenvolvo e das histórias do passado. Permiti-me viver o que é: o presente. Aceitei finalmente o convite de S. para jantar. Há um mês tentava em vão convencer-me a encontrá-lo para além dos limites do projeto que traçamos juntos. 

A senhora, sempre sábia, me havia dito da importância de oportunizar a felicidade, os bons momentos. Pois bem, d. Maroca, decidi dar-me essa chance. Viver e deixar viver, seguir meu caminho sem olhar para trás. Ir adiante, com olhos de ver a vida. Principalmente, disposta a rir de mim mesma. Essa  a mais divertida e proveitosa lição.

Vesti me cuidadosamente para mim, especialmente para aquele momento em que me abria para o mundo. Timidamente, entreabri as janelas da alma ornando as pestanas com discrição, pintei a boca carmim, revelando desejos ocultos. Perfumei as orelhas e o colo com suaves aromas de Ásia. A flor pousou no final, como sinal de entrega para o novo, para vida. Fui encontrá-lo vazia de expectativas, cheia de vitalidade. 

Encontrei um homem divertido, leve, inteligente e deliciosamente sedutor. Sorvi cada uma dessas qualidades, vivi cada instante delicadamente, sem pressa, sem alvoroço sentindo com consciência plena cada movimento da dança do acasalamento. Sem perder as janelas de vista, despedimo-nos serenos, sem pressa. Foi uma experiência plena em sua incompletude. Completa em seus propósitos. 

E, d. Maroca, obrigada por me ensinar em nossas longas conversas regadas à café com bolo, a ocupar meu lugar no mundo, vivendo a vida a cada instante, deixando o passado para trás e seguindo adiante. 

Abraço carinhoso, 

A. L. 

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