terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A Torcida Campeã

 

Havia, durante todo o ano, uma expectativa de vitória no ar. O Inter e sua torcida aguardavam ansiosos pelo jogo de hoje. Apostaram todas as fichas e sonharam acordados dias e noites esse momento. Viveram projetados no futuro incerto, como se certo fosse.

O time, conduzido por um excelente técnico, é composto por um grupo talentoso e dedicado de jogadores. Ases como D'Alessandro, Guiñazu, Tinga, Alecsandro e Giuliano, entre outros. Mas depois de tanta expectativa e  anseio, algo ficou no caminho.

D'Alessandro, ansioso, não dormira. Visivelmente abalado emocionalmente passou anônimo todo o primeiro tempo. No segundo cometeu erros absurdos para um atleta de seu quilate. O emocional suplantou seu talento e o nocauteou. Guiñazu, líder reconhecido, estava irreconhecível. O time chutou a gol 11 vezes, não acertou nenhuma.

Viveu 2010 aguardando esse dezembro em Abu Dabi e quando o momento chegou, por temor ou por ansiedade, pôs tudo a perder.


Mas a Torcida foi um espetáculo. Cerca de 5mil assistiram ao vivo, enquanto milhares de corações colorados vibravam no RS, no Brasil. Enquanto, mesmo torcedores de outros times, emitiam boas vibrações para o time do Internacional. Numa mescla de ansiedade, nervosismo e força, a tudo acompanhou: intensamente. E gritou e rezou e torceu e chorou.

E apesar dos erros, das imperfeições e fragilidades tão humanas de seu time, estava lá para apoiá-lo. Esteve lá para expressar sua tristeza e decepção. Está lá para, mesmo decepcionada, estender-lhes as mãos. As cidades gaúchas, caladas pela frustração, silenciadas pela dor da derrota, estão cá a condoer-se pelos gols não feitos, pelo título deixado pelo caminho.

O espetáculo da Torcida Campeã é  show de amor, que mesmo ferido, doído, sonhos desfeitos, se cala e chora, preparando-se para, no próximo desafio, vestir novamente a camisa, encher-se de orgulho e cantar, e gritar e torcer por seu time do coração, deixando para trás as decepções. Não importam os erros e o mal desempenho de alguns - são antes de tudo humanos - por que o amor pelo time é maior e a tudo supera.


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