Caio,
Desta vez não poderei me alongar. O Conselheiro de Finanças acaba de entregar o cargo e há grande tensão por aqui. Sérgio V. sempre foi um homem íntegro e por um bom tempo tentou, sem êxito, mostrar ao Primeiro Ministro que a forma como estava conduzindo as coisas deixava margem para problemas de ordem legal. No entanto, a Ordem dos Conselheiros Mais Próximos não apenas insufla o Primeiro Ministro a tomar medidas questionáveis, como também zomba das recomendações do Conselheiro de Finanças.
Não sei como ficaremos eu e R. sem o Conselheiro de Finanças a nos orientar e nos proteger de desmandos. M. pediu a R. calma. Há rumores de que o Conselheiro de Políticas do Primeiro Emprego responderá pela pasta de Finanças. Por outro lado, o Bufão-mor da província arvora-se a Conselheiro de Finanças, distribuindo sorrisos e gracejos pelos corredores do Palácio. Fortes ventos tentam colocá-lo na posição vaga, mas soube que há resistência por parte da Ordem dos Conselheiros Mais Próximos.
Meu querido, temo que em breve eu deixe a província. Não poderei permanecer violando princípios e valores que me orientaram por toda a vida. Sinto pelo Primeiro Ministro, homem por quem aprendi a nutrir grande afeto. Se houver oportunidade, veja se há por aí alguma colocação compatível com meus saberes e fazeres.
Sua,
A.Lopez
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