sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Estrangeira





Sou estrangeira na cidade em que moro há 22 anos. Dramática descoberta feita ontem, depois de um vago olhar para o céu nublado. Caiu como uma tampa de bueiro em minha cabeça. Encheu-me de dúvidas: Quem sou? De onde vim? Para onde vou? Não tendo respostas vou no mais fácil, as conclusões do dia:

Faço parte do grupo de habitantes ''sazonais'' de Brasília. É verdade. Minha vida aqui se resume a Esplanada dos Ministérios, isto é, ao governo federal. Tal qual uma desterrada vivo meus dias como se estivesse de passagem por aqui. Não participo da vida da cidade, não escrevo indignada para a coluna Carta do Leitor dos jornais locais. Sequer assino ou leio os jornais da capital. Embora eventualmente escreva indignada para o Fórum do CongressoemFoco

Estou atônita pois há muito escolhi Brasília para fincar minhas raízes. Declarei ainda, aqui mesmo na blogsfera, mais de uma vez meu amor pela cidade. Mas será que podemos amar aquilo ou quem não conhecemos?

Preciso admitir: Eu não conheço Brasília realmente, embora tenha sempre na ponta da língua ótimas dicas de lugarzinhos charmosos, botecos saborosos, passeios idílicos na capital federal e em seu entorno. Não conheço a cidade que chamo de minha. Dela apenas sei a face exposta, a mais visível, os subterrâneos não estão no meu cardápio.

Então, o que é essa atração irresistível por suas retas e curvas, pela imensidão azul que cobre e descobre meus sonhos, pelos kilômetros de verde que me cercam? O que é esse prazer em estar aqui simplesmente? O que é o encantamento pelos ipês coloridos, pela flor da paineira, pelo verdejante gramado do Congresso após a primeira chuva depois da seca?

Sei não,mas sinto que é momento dessa relação se aprofundar. É tempo de assumir um envolvimento real com a cidade e criar raízes por aqui. Tempo de participar e me comprometer. Já não quero mais ''ficar'' quero permanecer contigo nos bons e maus momentos.








Respeite os direitos de autoria. Se for citar, dê crédito.

Um comentário:

  1. o olhar local do estrangeiro habitual.
    o olhar habitual do local estrangeiro.
    o olhar estrangeiro do habitual local.

    e suas várias variáveis.

    você é uma cidadã do mundo.e as raízes estão fincadas por ai, aqui, acolá... onde vai aprofundá-las é só uma questão de tempo, dedicação, e talvez escolha. :)

    que venham os frutos!

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