domingo, 6 de dezembro de 2009

Uma Vez Flamengo, Flamengo até morrer...

Uma vez Flamengo, flamengo até morrer (...)


Ainda me lembro o dia em que comecei a me interessar pelo Flamengo. Devia ter uns sete a oito anos de idade. Naquela época havia um album de figurinhas com jogadores de futebol e times. Meu melhor amigo, Paulo A., era torcedor doente do Flamengo. Ele tinha todas as figurinhas e mais algumas. Era época de Toninho Cerezo [oops Toninho nunca jogou no Flamengo, mas no Atlético Mineiro]*, Cláudio Adão no time. E eu ficava fascinada com tudo o quanto ele me contava. Ouvia atenta as estórias.


No entanto, futebol nunca foi uma paixão em minha casa. Assim, eu me tornei torcedora do time, mais por sociabilidade que por convicção. Em minha família, futebol só nos tirava de outros programas se fosse na Copa do Mundo, jogo da seleção brasileira.


Mais tarde, ao me casar reafirmei minha torcida pelo Flamengo. Mais para ser ''do contra'' - ele era vascaíno - que por convicção (de novo). Sempre gostei de vermelho e preto, as cores de Paloma Picasso, por aí se tira minha paixão pelo futebol.


Hoje, assistia ao jogo, reafirmava minha torcida ao rubro negro. Ao lado, inflamado, um colorado apostava na calhordice do co-irmão 'Grêmio'. Conforme os minutos passavam, mais me convencia - anote Luís Fernando Veríssimo - que o co-irmão não ia entregar o jogo, como todos os colorados apostavam.


Ao contrário, vi o Grêmio cheio de garra e vontade de vencer partir para cima de um Flamengo ansioso, por vezes perdido e algo desorganizado em campo. Enquanto isso, no Beira Rio, o Colorado ia dando de lavada no Santo André - quem? - sim, no Santo André, que caiu para a segundona.

O jogo corria quase fácil no Beira Rio, enquanto o Grêmio suava a camisa para reafirmar a vitória de seu arqui-rival. Caso o Grêmio empatasse ou vencesse o rubro-negro, o Inter comemoraria o tetra campeonato, após trinta anos de espera e no ano de seu centenário. Seria 'a glória!'.


No Maraca, não apenas o Grêmio se esforçava por colaborar com a vitória do Inter, como também o Flamengo com seu tom de jogo parecia querer entregar a taça aos gaúchos. Grêmio abriu o placar, contrariando todas as expectativas dos colorados que apostavam na calhordisse. O Flamengo abalado pelo gol do Grêmio, ficou ainda mais sem rumo dentro de campo.

O Inter, em perfeita sintonia com o Grêmio (quem diria), balança a rede no Beira Rio, quase ao mesmo tempo, para desespero completo dos flamenguistas. No Maracanã, o Flamengo não era um time. Até que num lance conseguiu, sabe Deus como, empatar o jogo. Mas não bastava empatar, o time tinha de vencer. E a agonia continuava no Maracanã lotadérrimo. Goooooll do Inter em Porto Alegre: Inter 2 x 0 Santo André. Fim do primeiro tempo.


De volta ao campo, Inter tetra campeão brasileiro em seu centenário. A bola rola no Maracanã: nada de gol. Inter 3 x 0 Santo André, vai sagrando-se campeão brasileiro ''quase sem esforço'' e a despeito de tudo o que falaram dos gremistas. E o jogo segue. Àquela altura me dei conta que o Fla não estava merecedor do título. Via um Grêmio aguerrido lutando por preservar sua honra, um Inter implacável defendendo a taça. E o Fla lá... Tocando a bola.


Bem, é o ano do centenário do Inter. Aquele time que foi criado para acolher a diversidade, enfrentar a xenofobia há cem anos atrás. Convicta que sou no futebol, fiquei a pensar: os colorados bem que merecem esse tetra, afinal é o ''ano-do-centenário-do-time'', o Fla não tá jogando nada e o Grêmio está mostrando-se profissa e bom de bola.


Ingredientes perfeitos para uma virada de casada depois de dezenas de anos desde minha apresentação  ao Cláudio Adão, depois de Júnior e do Galinho de Quintino. Afinal, qual o problema? Só assisto jogo de futebol da seleção brasileira e em Copa do Mundo. Minha sólida convicção estava seriamente abalada e o Inter faz mais uma entrar. Inter 4 x 0 Santo André. E o Flamengoooooolll de novo. aí complicou. Estava certa da vitória do Inter. Não era justo. O time jogou melhor, o Grêmio foi honrado e o Fla na lerdeza ia levar?!


Afinal, por quem mesmo que torci nas últimas décadas? Lá estava eu, xingando pela bola perdida pelo Grêmio, torcendo para que o co-irmão enfiasse mais uma no Fla. Vira-casaca total. Em minha defesa tenho a dizer que além de jamais ter sido convicta de minha torcida, sempre fui coerente com a justiça. E, acreditem, o Inter, neste caso, merecia mais. Afinal,


TODA MULHER TEM DIREITO A VIRAR A CASACA, MESMO QUE SEJA NO ANO DO HEXA CAMPEONATO DO TIME QUE COSTUMAVA CHAMAR DE SEU.

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