Caio,
A tensão está aumentando por aqui. Cada dia mais angústia, menos paz. Estão todos irritados, mesmo com a proximidade das festas. Como se lhes faltasse algo que nem se sabe se de fato faltará. A ausência dos amigos e das amigas, a distância da família e nos coloca a todos em estado de anseio. Estamos sensíveis e qualquer coisa é motivo para pequenas desavenças, lágrimas e desejo de desaparecer no próximo kilometro. As disputas internas por algum tipo de poder seguem dominando o ambiente, estou cansada. Já não sei qual o sentido de tudo isso se nossas vidas valhem tão pouco.
Os dias passam lentos, enquanto arrastamos nossos corpos dia após dia, noite após noite, em busca de uma solução pacífica para essa situação estapafúrdia. O cansaço já nos tomou. R. continua serena, embora algo distante. A beleza plácida e o andar tranquilo me encantam. Seus olhos não perdem a paz. Com toda a saudade e a distância permanece lúcida tocando as decisões que precisam ser tomadas. M. a reconforta em constantes contatos.
Sinto tua falta, mas sei que escrevo para preencher o vazio que há em mim. A última notícia foi quase telegráfica. Temos notícias que por aí não está fácil igual. Soubemos que muitos estão migrando em razão da insegurança que se instalou por essas bandas. Imagino que não esteja sendo fácil para ti. Viajar horas e horas, pousar em qualquer lugar, comer sei-lá-o-quê. Aqui pelo menos temos o conforto de voltar para algum tipo de lar. Uma noite dormida tem valido ouro.
... Na verdade não tenho parado de pensar em nosso último encontro. Saber que você ainda a ama, me arrebenta o coração. Não entendo por que depois de tudo você ainda me procurou. É como se você fosse uma criança levada que se esconde e deixa o pé de fora. Veio até mim, deixando o rastro de seu eterno amor por ela a mostra. Mas certas coisas não têm explicação: você voltar; mostrar que ainda a ama; e eu te aceitar.
Por agora, meu querido é o que tenho a dizer. Fique bem.
ALopez
"uma noite dormida vale ouro".
ResponderExcluirem estado de alerta. tensa a leitura. que virá? que virão?
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aqui na roça, ultimamente tendo lembranças sequenciais, assustadoramente detalhadas, deliciosamente nítidas... desde nossos cafés sem açúcar até as nossas silenciosas trocas de olhares confidentes.
"nada consigo fazer quando a saudade aperta
foge-me a inspiração
sinto a alma deserta
um vazio se faz em meu peito
e de fato eu sinto em meu peito um vazio"
eu te amo e é um sentimento, uma cumplicidade que nunca vai deixar de ser.
em breve te abraço. eu sei. :)
bjos.
saudades imensas dos cafés sem açúcar e da vida doce ao teu lado na roça. mais que tudo, dos olhares confidentes. por onde andas?
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