D. Lurdes, artesã na comunidade de Redonda, município de Icapuí - Foto: Maria Claudia Cabral |
Nem Xica nem Tereza, de Ben jor;
Nem Drão nem Flora, do baiano Gil;
Nem Ana nem Luiza, do maior;
Já não homenageio Januária,
Joana, Ana, Bárbara, de Chico;
Nem Yoko, a nipônica de Lennon;
Nem a cabocla, de Tinoco e de Tonico;
(Lenine / Carlos Rennó)
Foram tantas as Marias encontradas nas viagens recentes. Marias de todos os tipos, com várias espécies de experiência de vida. Ouvi e vi coisas incríveis. Foram tantas dádivas recebidas. Muitos olhares, palavras e afagos na alma. Foram Marias de casa, Marias de rua, Marias urbanas, Marias rurais, Marias velhas e jovens. Foram Marias dentro de mim e Marias a meu redor.
Pelos caminhos percorridos fui acolhida de uma forma que não imaginei possível. Durante todos os trajetos haviam setas, placas, dicas sobre o caminho. As Marias que encontrei: homens ou mulheres, independente de raça ou etnia, a parte de crenças ou de ofícios compartilharam comigo, cada qual em seu momento, importantes ensinamentos.
Percebi que, independente das condições de trabalho ou da cidade(s) em que vivemos/laboramos, se há vontade firme muito se pode realizar, para tanto basta mobilizar, multiplicar a energia realizadora e compartilhar o entusiasmo. Obrigada Ana Angélica.
Aprendi também que, seja onde for que vivamos, não importa a cultura reinante, podemos desafiar o status quo, subverter a lógica do que é esperado de nós e realizar qualquer coisa que queiramos e, sobretudo, independente do ofício que tenhamos, quando cavamos oportunidades não nos falta recursos para viver, e até viver bem. Obrigada Sidnéia Lusia.
Apreendi de forma lúdica o quanto a experiência vivida é mais importante que os bens materiais eventualmente perdidos. Obrigada Iemanjá.
Ouvi, atenta, que por mais energia que tenha, por mais desejo de mudar o mundo, primeiro o fazemos por meio de exemplo e, segundo, reconhecendo o tempo de cada um, seja indíviduo seja comunidade. As mudanças acontecem em seu momento, nos cabe plantar com entusiasmo, esperar com paciência, confiar que estaremos vivos para ver a colheita. Obrigada Kristina.
Vi, com meus próprios olhos, que é possível mudar a própria vida por meio da arte. Dar uma guinada de 180º. É possível vencer o estresse, deixar para trás a atividade que exaure e sufoca a alma, substituindo pelo exercício diário de criatividade como atividade produtiva. Realizei empiricamente, o que já defendia teoricamente: há vida, e muita vida longe das cidades, assim consideradas os grandes centros urbanos. Obrigada Eliane.
Fui advertida de que só existe o agora. Que passado é lembrança e que futuro é consequencia de hoje. O agora é o tempo em que diversas dimensões simultâneas, as várias possibilidades, acontecem, embora a maior parte de nós ainda não consiga percebê-las. Obrigada Lupe Duailibe e Marco Polo.
Notei que estar atenta a mim mesma e aos meus fantasmas é a melhor forma de tornar a vida mais leve, curtindo o que o que nos vem de bom e tornando o que nos parece ruim oportunidades de aprendizado. Obrigada Gê.
Percebi que mães erram querendo acertar, mas acima de tudo e qualquer coisa, amam suas crias a ponto de lhes defender como leoas em qualquer circunstância, acolhendo-as mesmo quando elas estão profundamente equivocadas. Obrigada D. Lurdes e D.Madalena.
Descobri que a generosidade se propaga no mundo por meio de redes. E, reafirmei que amigos são para sempre e para qualquer momento. Notei que não há como retribuir um ato de generosidade senão propagando e replicando essa experiência no mundo, de forma a ampliar a rede de acolhimento. Obrigada, muito especial a Marco Naspoline e a Rafael.
Por fim, lembrei-me que tudo no fim dá certo, que dá certo haja o que houver, basta concentrar-se no tempo presente, vivê-lo conscientemente, ter calma e fazer uma coisa de cada vez. Obrigada Renato, Grazi e Jeanne.
Obrigada a minha mãe pelo colo insubstituível que você me deu.
TODA MULHER TEM O DIREITO/DEVER DE OUVIR, VER, APRENDER COM AS MARIAS INTERNAS E EXTERNAS.
Maria Cláudia Cabral. Respeite os direitos da autora. Se for citar, dê crédito.
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