''O poeta é um fingidor,
finge tão completamente ,
que chega a fingir que é dor,
a dor que deveras sente''.
(F.Pessoa)
E nesse fingir não intencional reside a alma de toda [minha] poesia, do pôr-do-sol, das alegrias. Lá, na palavra dita às avessas, e na escrita no verso [qual verso?] mora a poesia. Muitas vezes disse, não sou poeta, embora várias vezes finja. E fingindo, quase me convenço desse ser poeta.
mas expresso. Sim, não poderiam me acusar de não expressar. Digo nos silêncios, nas pausas ou no exagero dos gestos, na fala acelerada ou no texto afobado. De súbito surge para expressar e se não surge os olhos [indiscreto olhar] delatam o sentimento [ou a ausência].
Revelo, o sentimento fingido, a dor inventada, logo desvelada. Brado o exagerado, me desmilinguo, desmaio os sonhos no amanhecer encarnado.
Mas como (...) quando a dúvida assola a alma em meio ao poema? Expor, essa necessidade quase compulsiva, acontece. E as probabilidades, viram possibilidades e arriscam. Será?
Interrogações invadem o texto e escancaram os olhos, enquanto a boca, muda [traidora] mantém-se silente.
Dúvidas vem, dúvidas vão. É o medo a espreitar o verso e a me virar do avesso.
Mas o amor não deixa dúvidas, só de finta finca o pé a roçar no assoalho, enquanto a cabeça tomba levemente à esquerda e quando o canto da boca suave se suspende e o olhar desmaia, numa expressão de afetos envergonhados e desejos [desa]vergonhados... Só de fingimento [será?].
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