sexta-feira, 6 de maio de 2011

The Way We Were - Ending


Morre aos 93 anos, o roteirista Arthur Laurents, autor de roteiros como Nosso Amor de Ontem (acima) e West Side Story.

Fica minha homenagem por meio deste excelente diálogo escrito pelo mestre.

Que vá em paz e que os anjos o recebam bem!

STF e a União Estável entre Pessoas do Mesmo Sexo

O Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu, por unanimidade, nesta quinta-feira (5) a união estável entre casais do mesmo sexo como entidade familiar.


Os Heróis:


“Entendo que uniões de pessoas do mesmo sexo, que se projetam no tempo e ostentam a marca da publicidade, devem ser reconhecidas pelo direito, pois dos fatos nasce o direito. Creio que se está diante de outra unidade familiar distinta das que caracterizam uniões estáveis heterossexuais”, disse Lewandowski.


“Onde há sociedade há o direito. Se a sociedade evolui, o direito evolui. Os homoafetivos vieram aqui pleitear uma equiparação, que fossem reconhecidos à luz da comunhão que tem e acima de tudo porque querem erigir um projeto de vida. A Suprema Corte concederá aos homoafetivos mais que um projeto de vida, um projeto de felicidade”, afirmou Fux.


“Estamos aqui diante de uma situação de descompasso em que o Direito não foi capaz de acompanhar as profundas mudanças sociais. Essas uniões sempre existiram e sempre existirão. O que muda é a forma como as sociedades as enxergam e vão enxergar em cada parte do mundo. Houve uma significativa mudança de paradigmas nas últimas duas décadas”, ponderou Joaquim Barbosa.


As Heroínas:


“Aqueles que fazem a opção pela união homoafetiva não podem ser desigualados da maioria. As escolhas pessoais livres e legítimas são plurais na sociedade e assim terão de ser entendidas como válidas. (...) O direito existe para a vida não é a vida que existe para o direito. Contra todas as formas de preconceitos há a Constituição Federal”, afirmou a ministra Cármen Lúcia.


“O reconhecimento hoje pelo tribunal desses direitos responde a grupo de pessoas que durante longo tempo foram humilhadas, cujos direitos foram ignorados, cuja dignidade foi ofendida, cuja identidade foi denegada e cuja liberdade foi oprimida. As sociedades se aperfeiçoam através de inúmeros mecanismos e um deles é a atuação do Poder Judiciário”, disse a ministra Ellen Gracie.


E, Gilmar Mendes:


“As escolhas aqui são de fato dramáticas, difíceis. Me limito a reconhecer a existência dessa união, sem me pronunciar sobre outros desdobramentos”, afirmou. Em cima do muro...


E num momento lúcido:


''(...) É dever do estado de proteção e é dever da Corte Constitucional dar essa proteção se, de alguma forma, ela não foi engendrada ou concedida pelo órgão competente”, ponderou.


Vitória de brasileiros e brasileiras, trabalhadores, contribuintes que têm o direito de tratamento igualitários! 



quarta-feira, 4 de maio de 2011

Hoje vou de... Ronald Mignone

Pomerade, Chagall - meu poema predileto de Chagall
Dor da falta

Tua ausência me corrói
Ainda sinto teu cheiro
Seu gosto está em minha boca
A solidão me dói

As flores estão no canteiro
Não preciso arrancá-las
Fico admirando-as... vivas


A felicidade bateu na minha porta
O sino tocou, intermitentemente
O amor quando bate, tem esse som
Reclama, arde, sente sua falta
Almas reunidas, 


O tempo não é nada
Ao mesmo tempo que é tudo
Tudo, tempo, nada...


E o amor perdura...

quinta-feira, 28 de abril de 2011

A Visita


A notícia de que virá me deixou desconcertada. Sinto um misto de alegria por enfim encontrá-lo e ansiedade. Talvez, por que não dizer, receio. Por tanto tempo nos correspondemos, eu achando que tu eras alguém que não eras. Depois veio a confissão de que usurpara um lugar que não era teu - ou era e não sabia? - aquela confissão foi um choque para mim. 

De repente o homem em quem depositei confiança e afeto não existia. Em seu lugar um homem dissimulado e falso, afeto a mentiras e enganos, com um plano sórdido o substituíra. Está bem, me dissestes por ocasião da confissão que tudo o quanto fizestes foi para me dar respostas. E eu as procurava. Como procurei respostas para os silêncios, as ausências, as histórias mal contadas! E eu as encontrara, finalmente. 

Como lidar com isso? Quis ficar, quis partir.  A história que compartilhamos enquanto ainda usavas essa máscara de Caio Marques, as palavras e a presença ao longo de todos esses anos que me correspondia pensando que eras um [e eras outro], me fizeram decidir ficar e seguir com as cartas. Confesso não tem sido fácil. Eu procuro ser leve, contar histórias poéticas, busco esconder a mágoa e a raiva que sinto por ter sido enganada todo esse tempo. Não, Caio, não é simples.

Não sei, sinceramente, se vale a pena. Não sei como vou te olhar nos olhos, sabendo-os cínicos. Esses teus olhos claros de menino, transformaram-se em olhos de traição. Tento conter palavras ríspidas, tento evitar denunciá-lo. Foram vários os delitos: violação de correspondência, falsidade ideológica... Meu desejo mais instintivo é arrancar-lhe a máscara em praça pública. E ver tua tão cuidada reputação descer o ralo.

E penso... vale a pena? Descer a esse nível, gastar meu tempo com tão mesquinha atitude. Não estaria me equiparando a ti em mesquinhez e falta de caráter? Ao mesmo tempo sinto-me enredada nessa teia delirante de mentiras. Tento me afastar, não me permites. Não me permito. É como se esperasse que no próximo segundo tudo fosse mudar. Tu pudesses mudar. 

Assim que te recebo em minha casa, com o sangue gelado correndo nas veias. Esperando a reação que terei ao olhar teu olhar. Sinto medo, nunca se sabe o que uma mulher traída é capaz de fazer, mas a resposta é sim. Venha, serás bem recebido e quem sabe com olhos nos olhos as coisas se acertem.

Até lá,

Anita Lopes