Mostrando postagens com marcador Dicas de Viagem. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Dicas de Viagem. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Vitamina Central - Asa Sul - Brasília

Foto: João Neto
Não há como falar em tradição quanto se trata da ainda jovem Brasília. Cidade se firmando nesse campo. Mas dá para falar de lugares e hábitos que ao longo das décadas que formam a capital federal do Brasil estiveram presentes na vida de muitos e muitos de nós que estamos aqui há mais de duas décadas. Um desses lugares é sem dúvida o Vitamina Central, na 506Sul, coração da W3.



O forte, por certo, são as vitaminas de frutas, com ou sem leite, batidas e servidas numa grande jarra. O preço é super amistoso, quase tanto quanto são gostosas as vitaminas.

Foto: João Neto

Mas não só de batida de frutas vive o lugar. Há diversos salgados cujo aroma literalmente toma conta do ambiente. Despertando muito desejo em quem, como eu [vocês já sabem] não pode comer glúten! Mas tranquilo... Tem pão de queijo e é de responsa. 

Foto: João Neto

No Vitamina Central você encontra gente de todas as idades. Muitos levando seus filhos, onde habitualmente tomavam vitaminas quando crianças. Assim também os mais velhos confirmam presença no lugar que resiste ao burburinho ininterrupto e revelador dos afetos e memórias que são abrigados pelo lugar.

Foto: João Neto

Por essas e por minhas próprias memórias de afetos, Vitamina Central é super recomendado aqui. Mas atenção! Não funciona no domingo. 

Entrou por uma porta, saiu pela outra... quem quiser e puder que conte outra! 

Alguma dica de café da manhã em Brasília? 

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Buenos Aires, mi amor! - I

Esta semana uma amiga me pediu dicas de Buenos Aires. Bem, BAires é daquelas cidades inolvidáveis. Além de tudo, vinha sendo para nós brasileiros, um destino acessível. Há várias formas de ir a BAires. Você pode comprar um pacote de viagens [meio chato] ou comprar as passagens e optar por uma das diversas formas divertidas de se hospedar por lá [ou em qualquer outro lugar do planeta.



A primeira vez que fui à capital portenha para turismo, decidi que queria iniciar minha filha e meu filho, então adolescentes, na magia e clima espontâneos dos hostels. Ainda não foi daquela vez. Mas é muito possível e bem recomendável essa opção barata e divertida de hospedagem. É fácil encontrar um bom hostel em qualquer parte do mundo.  Vale a pena ler atentamente a descrição do local e principalmente as referências deixadas pelos hóspedes. Em geral há acomodação coletiva masculina, coletiva feminina, coletiva mista e privativa. A maior vantagem é que você pode conviver com outros viajantes e lá mesmo conseguir dicas bem legais de lugares não tão turísticos ou formas mais descoladas [e baratas] de fazer as mesmas visitas que os turistões vão fazer. Quer achar um hostel bacana em BAires? É qui!

Mas vida é fluxo e, portanto, impermanente. Tivemos de mudar os planos para agregar mais duas pessoas ao nosso grupo familiar e acabou por ficar mais interessante alugarmos um apartamento. Sim, é possível alugar apartamento em Buenos Aires por preços ótimos. A relação custo benefício em relação a hotéis é muito boa. Na época pagamos $750 dólares por 20 dias num apartamento  para 5 pessoas super bem localizado. Escolhemos ficar em Palermo e de lá podíamos fazer quase tudo a pé, além disso estávamos muito próximos de uma estação de metrô e havia ônibus para todo lado. Vários dos pontos que queríamos visitar estavam ao lado.

Mais importante ainda foi a experiência de viver por uns dias como portenhos. Havia uma panadería [padaria] ao lado do prédio, então comprávamos ''media lunas'' frescas pela manhã e pudemos experimentar os gostos e sabores dos quitutes que eles habitualmente comem no café da manhã.
Lembre-se, num hotel, serviriam o mesmo café da manhã que em Nova Iorque, Paris ou Rio de Janeiro. Alguma novidade nisso? Quer tentar alugar um apêzinho em Buenos Aires? O melhor caminho é o Airbnb.  Por meio do site [super seguro] você pode tanto alugar uma casa ou apartamento inteiro, como também alugar um quarto na casa de alguém. 

Pessoalmente eu hoje prefiro ficar na casa das pessoas. Isto porque em geral pessoas que se colocam a receber outras em suas casas tem gosto por receber e muito boa vontade para dar boas dicas da cidade. Referências sobre lugares onde os nativos habitantes vão efetivamente, e portanto, é uma oportunidade de conhecer a cidade pelos olhos de quem realmente vive nela e não mergulhar na ilusão dos passeios pré programados pelos guias.  Mas essa é uma posição pessoal minha. Você pode sentir necessidade de privacidade e não se sentir seguro ou confortável na casa de outrem. Se assim é, opte mesmo por alugar um espaço inteiro. De qualquer modo, é uma forma bem mais barata que hotel e bem mais interessante.

Mas se você, como eu, vai mais longe na experiência de compartilhar espaços, interagir, trocar experiências e partilhar a vida, então uma outra boa opção pode ser o Couchsurfing. Neste caso, não há remuneração em troca da hospedagem. Couchsurfing costuma ser uma organização de pessoas no mundo inteiro que amam viajar, amam conhecer novas culturas e, sobretudo, amam pessoas. Então, receber pessoas é um prazer. Em geral, pequenas gentilezas ''em troca'' da hospedagem são bacanas. Cozinhar algo, ensinar algo, partilhar vivências, músicas, enfim... Se é seguro? Sim, em geral é bem seguro, mas como no exemplo do hostes e do Airbnb, vale a pena olhar com atenção as referências deixadas por hóspedes e combinar tudo bem direitinho. 

Hoje publiquei as dicas de hospedagem, agora você já tem um 'lar' na capital argentina. Depois virão as dicas de onde comer, onde ir e os ''pulos do gato'' quanto a compras e segurança. 

Entrou por uma porta e saiu pela outra, quem quiser e souber que conte outras dicas de Buenos Aires. 



Respeite os direitos da autora. Dê créditos se for reproduzir. 

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Diário de Bordo - Pirenópolis - GO


Tinha muito mais a contar de São João Del Rei  - MG, mas engatei uma viagem para Pirenópolis-GO, uma semana depois. Então tá, né? Pirenópolis foi por um tempo uma das minhas 5 cidades favoritas no mundo, dividindo com Nova Iorque [elas têm nada em comum!], já quis até morar lá [por um tempo ou para sempre]. Mas ela ficou meio ''cheia demais'', ''barulhenta demais'', ''confusa e descuidada demais''. Por um tempo fiquei sem dar o ar da graça. Fui  some last week end e... Surpresa!

A cidade está se preparando para a Copa 2014. Talvez seja a única cidade que eu tenha visto no último ano que visivelmente está se preparando para a Copa. O acesso ao município está melhor conservado e melhor sinalizado. A entrada da cidade foi totalmente remodelada, tendo sido colocada placa de boas vindas em 4 idiomas (inglês, francês, espanhol e alemão). Quer mais?



Praticamente todas as fachadas de casas do centro histórico foram restauradas, a obra de reconstrução da Igreja da Matriz foi concluída, o Theatro restaurado e em funcionamento, uma subsede da UEG - Universidade Estadual de Goiás, cursos de inglês por todo lado, mais hospedagens familiares, mais pousadas (chegam a 110 atualmente). Acha pouco para uma cidade de 21mil habitantes?

A cidade está toda bem sinalizada e conservada, mas está acima de tudo viva! Pirenópolis está sabendo unir proteção ao patrimônio com fluxo, turismo e cultura.

E agora tem FliPiri 2014, uma das melhores festas literárias do país.




Entrou por uma porta, saiu pela outra... Qualquer hora conto outra.

domingo, 16 de março de 2014

Dicas de Fortaleza - Tradição pé no chão no Rota do Sol Poente

A verdadeira arte de viajar...

A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,
Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.
Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...
Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!"

Mario Quintana

Fugi de casa. Vim parar em Fortaleza. Não poderia deixar de fazer aqui meu diário de bordo, nem de dar dicas de onde comer e passear na cidade. Voltei para casa. A casa das matriarcas, a casa de parte das minhas raízes, lugar de afetos, sabores e memórias. Compartilhar os cantinhos secretos de Fortaleza é o desafio. Para nós que não fazemos turismo de 'pacote'. Nem somos dados a 22 cidades em 10 dias, vale seguir as dicas de quem é da terra e as trilhas dos lugares onde os nativos vão.Camarão do Zé Lima é canto que só os nativos conhecem. E a fama do moço corre léguas, de tal modo que se parar na beira da estrada (estruturante) qualquer do povo saberá informar sobre o cabra que faz camarões de lamber os beiços. 

foto: Maria Cláudia Cabral

O local é agradável, corre vento fresco sob as árvores que cobrem as mesas na calçada. Localizado num final de rua, tranquilo e sereno, o atendimento é simpático e a fama do moço é maior que os sabores que oferece. Parece daqueles lugares que por um conjunto de peculiaridades caiu no gosto das pessoas, pela discrição e tranquilidade do lugar, longe do zum-zum da cidade grande, mas perto o suficiente para valer uma fugida na hora do almoço. Chegar ao Zé Lima é simples, na verdade. Basta seguir em direção a Caucaia. Na primeira rotatória, esquecer Caucaia e seguir em direção às praias. Na segunda rotatória entrar à esquerda, tomando a via estruturante e entrar na primeira oportunidade à direita. Nesta via vicinal seguir por cerca de 3km, observando à direita. Logo se avista o luminoso do Camarão do Zé Lima. Valem algumas dicas: 


  • Não vá no período de chuvas. As moscas insistem em compartilhar seu prato com você. Talvez à noite seja melhor;
  • Vá com amigos e amigas. O prato dá para 4 ou 5 pessoas tranquilamente e você gastará menos que uma sessão de cinema com pipoca;
  • Não tenha pressa. O lugar foi feito para relaxar;
  • Procure o Rodrigo, o garçom cantor de rock'n'Roll que tem funPage no FB;
  • Quase tudo é ''puxado'' no creme de leite, um bom vendedor da Nestlé esteve lá antes de você, então, cuidado se for intolerante à lactose!
  • Não tente algo com leite de côco, a tradição foi irremediavelmente atropelada.
      A comida é boa, o preço é justo. Não posso dizer que caí de amores, mas    não poderia deixar de contar desse cantinho que só os cearenses arretados conhecem. Contatos seguem abaixo: 




      Entrou por uma porta e saiu pela outra... Qualquer dia, conto outra...




terça-feira, 6 de novembro de 2012

O Velho e o Mar

Atraída por Hemingway desci até O Velho e o Mar, o restaurante, localizado na Rambla, às margens do Prata em Montevidéu. Talvez não seja necessário repetir que sou completamente apaixonada por essa cidade uruguaia.



Lembro-me bem dos sentimentos que tive quando atravessei a Rambla pela primeira vez. Havia entrado num túnel do tempo que me levara a memoráveis momentos, tornando aquele dia o primeiro de muitos em Montevidéu. Deixei a cidade muitas vezes, muitas vezes a encontrei, mas ela nunca saiu de mim.

O restaurante, ornado com referências a história contata por Hemingway, tem  atendimento simpático. Andrés, o jovem uruguaio que nos recebeu, solícito e gentil, fez-nos sentir em casa todo o tempo, cercando-nos de atenção. O dia ensolarado e o cuidado com o menu livre de glúten, para atender um pedido especial meu, além da vista maravilhosa do Prata fizeram da experiência um encontro com o prazer. 

Mas o ponto alto estava por chegar. Mexilhões a provençal abriram os trabalhos, fartos, saborosos e com sabor de desejos ocultos fez me acalorar o corpo e a alma com pensamentos nada confessáveis. Em seguida nos serviram um arroz com camarões, que saltavam da travessa, tão exibidos. Eu os comi quase de joelhos, derretendo-me à cada vez que o garfo penetrava minha boca úmida e o prazer tomou conta de mim. 

Foi um almoço orgástico, numa cidade que cada dia mais me convida a desvendar-lhe. 

Estando em Montevidéu, separe um tempo para viver essa experiência, de preferência numa tarde preguiçosa. Ali, nada merece correria.




quarta-feira, 10 de agosto de 2011

SlowFilme Festival de Cinema e Gastronomia em Pirenópolis-GO


Vale a pena conferir, por todas as qualidades reunidas pela cidade de Pirenópolis e pelo tema. Há como não balançar ao pensar em cinema e culinária?

Bora?

domingo, 7 de agosto de 2011

Diário de Bordo Pirenópolis-GO

Pirenópolis é refúgio de brasilienses. Há pelo menos dois anos não colocava meus pés lá [já fora uma das 5 cidades mais apreciadas por mim ever]. Não me pergunte o porquê, não saberei responder. Talvez o abandono de Piri (para os íntimos), seja apenas um reflexo do abandono de mim. Vai saber?!

Piri esteve comigo em momentos de ruptura. Lá encontrava meu centro, caminhando pelas ruas de pedra ou fazendo trilhas pelo cerrado ao som de suas inúmeras cachoeiras. Pirenópolis me energizava. Decidimos um pouco de súbito, e fomos. A estrada por Abadiânia está excelente, após a tradicional paradinha no Jerivá, seguimos por uma vicinal até o destino. 




Eita! Mas Pirenópolis mudou!  E como mudou... Era uma cidadela histórica com forte potencial turístico, ainda a engatinhar na economia limpa quando a conheci. Primeiro pensamento ao ver a placa em 4 idiomas: Pirenópolis está mais pronta para a Copa que sua vizinha cidade-sede. 

Como quem viaja sem planejar corre o risco de não achar pouso, ficamos um tempinho em busca da 'pousada perdida' [os preços subiram bastante por lá]. A cidade ampliou muito a quantidade de pousadas e impressiona a número de hospedagens familiares (bem bonitinhas). Depois de rodar um pouco, no calor das duas da tarde, cansados da estrada e com fome, encontramos um lugar curioso [será que esta é a melhor palavra?].



Na onda de pousos familiares escolhemos ficar no Hotel Rex, isto mesmo Rex! Fica na rua da Matriz, bem pertinho da igreja. Casa restaurada com decoração kilt [autêntica]. Retrato dos patriarcas [daqueles pintados] sobre a porta do quarto de casal. Tá, o quarto mal cabia a cama, a janela dava para o muro do vizinho e os pombos tinham um ninho no forro [mas era limpinho, simpático e condizente com o preço].



 Além disso, o café da manhã tinha o charme especial das quitandas goianas feitas em casa pela d. Ilma. Eram biscoitos, sequilhos, pães de queijo e bolos (o de banana acima é imperdível) deliciosos. Claro, com flores de plástico a ornar o ambiente, mas flores de plástico não morrem!




A gastronomia tem se desenvolvido por lá. Além da culinária tradicional goiana [deliciosa], experimentei numa tal Confraria umas trouxinhas recheadas com queijo deliciosas, além de beber boa cerveja artesanal (ma non troppo). E por falar em artesanato, devo anotar que também encareceu. Deu vontade de comprar não, desta vez. 

Mas fiquei feliz em ver a cidade realizar seu potencial a tantos anos acomodado. Certamente tem dedo do secretário de cultura, Gedson Oliveira e, claro,  a equipe da Prefeitura. No meu olhar, ainda que tenha muito ainda a ser feito, Pirenópolis deixou o século XVIII para entrar no século XXI, protegendo, preservando e divulgando seu patrimônio cultural, tradições, fazeres e saberes como seu maior ativo. 

A volta a Brasília foi por Cocalzinho. Confesso que a princípio não gostei da idéia de passar sobre duas rodas em Águas Lindas de Goiás, mas qual não foi a surpresa ao ver a pista totalmente reformada e ampliada! A estrada está ótima, agora sim podemos ir por lá ou por cá. [ainda prefiro por lá, afinal, tem o Jerivá]









quarta-feira, 6 de julho de 2011

Diário de Bordo - Tiradentes - Tantos sabores...

Falar de Minas é contar das comidinhas de boteco, da culinária mineira: deliciosa [e calórica] e a doçaria daquelas paragens, que é de babar. Quem abre mão de um pururuca com tutu de feijão ou de um frango com  ora pro nobis? Em Tiradentes tem isso e muito mais.

foto encontrada na Wikipedia. Autor desconhecido.


Não sabe o que é ora pro nobis? Conto e mostro! Esse vegetal preparado como se couve fosse, super rico em ferro, tem textura e sabor muito próprios. Usado para acompanhar frango com angú ou apenas ''afogadinho'' é digno de registro. Olha dona Maria na foto abaixo, do restaurante que leva o nome do vegetal [Ora pro nobis] (Tiradentes/MG) colhendo para levar para a cozinha.


foto: Maria Cláudia Cabral - Restaurante Ora pro nobis 

Minas tem dessas coisas, mas tem mais ainda...A tradição dos doces, que em Tiradentes responde pelo nome de ''seu Chico doceiro''. Especialista em delícias como os doces de abóbora, de batata doce, de leite, de figo recheado de doce de leite e, [humm] os canudinhos (crocantes) recheados de doce de leite. É uma perdição santa! Reza a lenda que em feriado, se não for ao ''seu Chico'' logo no primeiro dia, fica sem doce.

foto:Maria Cláudia Cabral - Seu Chico Doceiro e o doce de abóbora.

A doçaria fantástica não rouba a atenção do lindo artesanato da região, tampouco das belas construções coloniais [barrocas? um arquiteto me ajude!], das igrejas e da religiosidade arraigada do povo. Quer ver?

foto: Maria Cláudia Cabral - Casal Minerim
O casal mineiro esculpido em madeira e bastante colorido, assim como as rosas feitas de ferro [lata?], que ornamentam castiçais, suportes para bolsas e chaves, e as galinhas poedeiras d'angola são o que mais se vê por aquelas bandas, além claro das colchas feitas em tear manual e as famosíssimas panelas de pedra [sonho realizado]. 

foto: Maria Cláudia Cabral - A cruz na porta de casa.

A cruz na porta de casa (outro item do artesanato local muito lindo e facilmente encontrado) é uma tradição da região, que era muito visitada por tropeiros. Diz a estória que quando eles vinham, as pessoas colocavam as cruzes na porta de casa para indicar que ali era ''casa de família'' e assim, diferenciar das casas das ''moças de vida difícil'' [ e não venha me dizer que a vida delas é fácil!].


foto: Maria Cláudia Cabral - Chafariz

O chafariz também está impregnado de crenças. Diz a lenda que as moças precisam tomar água das três bicas para poderem casar. Não sou exatamente superticiosa, já me casei de véu-grinalda-e-flor-de-laranjeira, já juntei trapinhos e tals, mas sabe-se lá, né? Então tomei a água das três bicas, mau não há de fazer. [e não fez!]

Cadê as igrejas? Ixi! Ó, vou confessar logo antes que alguém conte. Eu não fui à Igreja da Matriz em Tiradentes #prontofalei! Fiquei vendo artesanato, encantada fotografando ora pro nóbis, casais de madeira, barro, tecido, galinhas, chafariz, ruas de pedra, experimentando doces...falando com gente desconhecida na rua[tá, fiquei vermelha]. Mas a igreja tá lá, eu pretendo voltar e não to com medo de arder no fogo do inferno.

Entrou por uma porta, saiu pela outra... 

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Diário de Bordo São João Del Rei - Onde terá bolinho de feijão?

Disse que Tiradentes é linda e Caminho do Bichinho é para ir e ficar [pelo menos por seis meses]. Há muitas Minas em Minas. De volta para casa, tempo apenas para escrever o último post e voltar para a rua [fria] em busca do famoso bolinho de feijão.

Segundo nos contaram é feito de feijão fradinho [seria um primo do acarajé?]. Na primeira noite buscamos em vão a iguaria. Agora, seguindo uma outra pista fomos ao Armazém Bar. Tinha bolinho de feijão, mas estava em falta [entendeu?].

Então pedimos pastéizinhos de angú. Eles podem vir recheados de carne, queijo ou frango. Reza a lenda que em alguns lugares são recheados com carne e coração de bananeira. [preciso descobrir a receita da massa : rechear com oropronóbis ou couve ou jiló ou abóbora]. Dizem que a receita é segredos das Minas, acredito, mas que vou tentar, vou! Conto depois a aventura [e, sim, convido para provar!]


Também experimentamos babata mola. Essa aí em cima. Tá, está visto. Noite fria chegando ao fim [bora para debaixo dos cobertores?]

Entrou por uma porta, não saiu pela outra. 

sábado, 25 de junho de 2011

Diário de Bordo São João Del Rei - Desvendando o território

Minas Gerais e suas cidades históricas. Cidades são organismos vivos irrigados pelos fluxos da história. Não a história cristalizada em livros empoeirados, mas aquela que se escreve e reescreve dia após dia. História flui nas veias da cidade e de seus habitantes.  Proteger e preservar o patrimônio histórico é importante.


foto: Maria Claudia Cabral - Igreja do Carmo

Mas como se protege um organismo vivo sem asfixiá-lo, interrompendo fluxos e cristalizando a história? Não saberia responder de pronto, mas juro que me inquietou ao percorrer o centro histórico de São João e Tiradentes.  


foto: Maria Cláudia Cabral - Chafariz da Serra de São José


 Vi tanta gente a mirar os prédios e as igrejas como se estivessem enjaulados, quase fora de seus habitats naturais. Fluxos artificiais? Artesanato belo, com peças já corrompidas pela produção em série [morte da autenticidade?], mas presente também nichos de resistência, releituras, interpretações, representações e tradições preservadas vivas. 

foto: Maria Cláudia Cabral - O Casal


 Percursos 'hechos', rendição total aos sabores de Minas. Cachacinhas, petiscos, coisinhas deliciosas...Quem faz dieta nas Gerais ou é ruim da cabeça ou doente do pé. E o Restaurante da Joana iluminou nossas vidas, enchendo a tarde de puro prazer [e que prazer!]. Mas a foto abaixo não é do Restaurante da Joana, tá?


foto: Maria Cláudia Cabral - Fogão à Lenha: Restaurante Oropronóbis
Delícias e malícias à parte, seguimos para a Oficina de Agosto, mais representativo espaço de artesanato de Bichinho. Fotografar é proibido[ #prontofalei], por que vou gastar meu latim? Nada mais a dizer do lugar.

De volta para o aconchego do lar [de Tiba], seguimos estrada além. Cansou só de ler? Eu também! Mas adolescentes não cansam jamais, logo ainda não acabou a aventura do dia.


Entrou por uma porta e desceu pela outra!

P.S. Muito ainda para contar.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Diário de Bordo - São João Del Rei e vizinhança

Tiradentes, Caminho do Bichinho, Minas Gerais. As Gerais, uai! A-do-ro. E preciso voltar, antes mesmo de partir. Ontem à noite, depois da aventura pelas estradas ''resolvemos fazer algo diferente'' [o bordão oficial da aventura]. Após o merecido banho, rua! Tomamos a cidade de assalto, percorremos os principais pontos, as ruelas e os becos. Olhamos a noite fria de Del Rei para ao final de uma busca desesperada pelos famosos bolinhos de feijão, nos deliciarmos [ladeira acima] no Pena, com pasteizinhos de angú. Afinal, vir a Minas e não ir a boteco é pecado [mortal] e não provar a comida é pecado [capital].



A receita é segredo guardado a sete chaves por aqui. Reinventei o recheio e não sossego enquanto não conseguir fazer em casa, com os recheios que povoaram meus sonhos noite passada [me aguardem!]. Recolhemos os adolescentes pouco depois da meia-noite, nariz anestesiado de frio [é, tá gelado por aqui].

Entrou por uma porta saiu pela outra, por que agora eu vou voltar a fazer pesquisa antropológica pelas ruas de paralelepípedos de São João.  Amanhã, conto as aventuras do dia de hoje [muitas, muitas, muitas]. 

Em busca dos bolinhos de feijão perdidos... 

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Diário de Bordo - São João Del Rei - MG

'Nesse feriado resolvi fazer algo diferente' :Thelma, Louise e 3 adolescentes num Ford Ka rumo a São João del Rei, Minas Gerais. Origem: Brasília-DF. Percurso registrado no Facebook a cada sinal de 3G ativo - o que não era exatamente corriqueiro na estrada.

A aventura começou às 6h da manhã. Porta bagagens lotado [um erro homérico, descobriu-se depois]. Decidimos viver o percurso, viajando sem pressa. 269km depois, paramos em Paracatu, logo após superar  uma 'saliência' não registrada. Café, refrigerante, biscoitos de queijo, alongamento, check-in no Facebook. E, claro, uma nuvem de saudade, trazida do DF por duas Harleys dos Carcarás... [neste trecho ouça a trilha sonora de 7 Homens e um destino]



Caminho com redemoinhos de folhas amarelas, magentas, vermelhas de outono, em pleno inverno. Seguimos adiante rumo a Três Marias, em busca de um restaurante beira rio. Não foi difícil encontrar, duas centenas de kilometros depois. O Rei do Peixe foi nosso escolhido.

foto: Maria Cláudia Cabral - Rei do Peixe - Três Marias - MG 
Às margens do Velho Chico comemos uma peixada à baiana, com pimenta, ar puro, serenidade, alegria, amizade...trem bão, sô. Só não recomendo o café mineiro [açúcar com café]. Registramos o painel com vários [mesmo] adesivos de motoclubes do Distrito Federal e o reencontro com os parceiros de estrada ''os Carcarás'' encontrados em Paracatu.

Caminho da roça que ainda nos faltam mais de 5 centenas de kilometros, momento de revezar o volante e registrar a estrada. E é aí que vem o grande barato, no percurso nunca sabemos quando algo extraordinário vai aparecer. Atenção! É preciso estar alerta, máquina em punho, pronta para registrar. Não aconteceu o redemoinho de folhas [não registrado - eu estava no volante]. Mas, o exercício aprendido de atenção concentrada valeu.  Trecho mais lento, muitos caminhões. Rumo a BH.

Três horas depois, entramos na capital das Gerais. Via expressa... cansaço, vontade de chegar [e logo] vários pardais queimados no caminho: tomamos o rumo . O rumo do ''pão c/ linguiça'', dezenas de plaquinhas depois fechamos questão: O pão com linguiça é uma instituição mineira, se for pão de queijo ainda, não resta dúvida.

O céu escureceu antes que parássemos em Congonhas para fazer o revezamento de direção. Claro que tive de viver a viagem pelo paladar e experimentar a tal instituição de Minas. Provei e aprovei. Eram 18h em Minas Gerais quando saímos para a última e mais linda etapa da viagem.

Entramos na estrada em direção a São João Del Rei e um novo mundo se descortinou. A Estrada Real é muito bem sinalizada, serpenteia sem titubear por uma hora, atravessando cidadelas poéticas, inclusive a mais famosa produtora de rocambole [Lagoa Dourada]. Momento saudades de aventura ainda não vivida.

Quase lá, quase lá... Caminho do Bichinho, Cel Xavier Chaves, Resende Costa [não necessariamente nesta mesma ordem] e finalmente... São João del Rei!!

Chegamos ao destino, exaustos de caminho percorrido intensamente.

Viajar é preciso. Viajar é viver. Vivemos.


segunda-feira, 30 de maio de 2011

Diário de Bordo Porto Alegre V - Dia 2

''Bola na trave não altera o placar 
Bola na área sem ninguém pra cabecear 
Bola na rede pra fazer um gol
 Quem não sonhou ser um jogador de futebol?''
(Skank)



Ir a Porto Alegre em fim de semana de jogo do Inter no Beira Rio e não comparecer ao estádio seria crime. Sim, embora não seja torcedora fanática, gosto muito de clima de estádio de futebol. Momento em que o esporte ganha contornos de espetáculo, com a platéia interagindo e expressando. Momento de emoções ao extremo e adrenalina a mil.

O estádio do Inter é um dos doze que receberão os jogos da Copa de 2014 e posso afiançar que com todo o atraso a organização e a segurança são primorosos. Chegam a irritar de tão perfeitinhos - a bilheteira, após conferir e registrar a identidade da torcedora que compra ingresso diz ''bom jogo para nós''. Há um ar de todos pelo vermelho e branco.


foto: Maria Cláudia Canto Cabral Iphone

A tal ponto que a equipe de serviços gerais usa vermelho e branco  - as cores do time - em uniformes impecáveis. Viu ali?

Como todo estádio em dia de jogo, ambulantes a vender toucas, cachecóis, bandeiras, almofadas, chapéus e tudo o que você puder imaginar com o escudo do time. Tá duvidando, dá um look:

foto: Maria Cláudia Canto Cabral Iphone 


Mas o que chamou minha atenção, com todo esse zum-zum: ''não vai dar tempo, não vai dar tempo'' é que as instalações estão ''muito bem, obrigada'' e a obra está caminhando.  Para se ter uma idéia, banheiro em estádio de futebol, bem, se é que me entendem... Mas lá?  Honestíssimo! E olha que fui no intervalo. Tudo para estar um nojo, mas me senti no Barra Shopping [bem, tipo sábado fim da tarde].

De resto, é futebol! É espetáculo no campo e fora dele! O vendedores de refrigerante, a torcida uníssona dando força ao time [não adiantou muito, é verdade]. A torcida adversária, que neste sábado não passava de 6 dezenas de cearenses, muito animados com aquele frio todo. E, claro, o narrador no radinho anunciando as Lojas Quero-Quero e as Botas 7 Léguas, entre uma narrativa e outra. 

O radinho numa orelha e o som da torcida na outra. Sentir aquele som entrando pelos poros é sentir-se viva! Quer experimentar? Trouxe um pouco aqui comigo, graças ao Iphone4, o melhor amigo de uma blogueira. Experimenta:


Estávamos bem ao lado da torcida jovem no primeiro tempo. Depois ao lado da charanga. Super emoção. Ao iniciar o jogo a primeira homenagem da torcida, que é minha predileta no país: ao Iarley, ex jogador do Inter, cearense e defendendo o Ceará em campo, foi ovacionado pela torcida do Colorada, tratado como herói numa inequívoca manifestação de gratidão àquele que tantas alegrias deu à torcida Colorada. Foi de arrepiar. 

foto do site Sportv.globo.com

Por ironia do destino, aqueles pés que tantos gols fez pelo Inter foram os que fizeram balançar a rede do time: goooool do Ceará no segundo tempo [tá, foi de cabeça o gol, eu sei, é licença poética]. Dali em diante, vitória do adversário em casa. Triste para os colorados gaúchos. Para mim, colorada e cearense de coração, foi espetáculo. Dois times muito bons, 22 jogadores raçudos em campo, 12mil espectadores na platéia, cantando, vibrando e torcendo.  A bola dançando para lá e para cá, num balé disputado lance a lance. Só alegria e a vitória de quem torce pela arte, a camaradagem, a beleza e o espetáculo.




domingo, 29 de maio de 2011

Diário de Bordo Porto Alegre V - Dia 1

Viagem: Porto Alegre: a capital desperta meus afetos e curiosidades no momento. Cá estou novamente, descobrindo cantinhos e segredos.

A cidade não é perfeita, seus filhos tampouco. Mas, é perfeita para mim, pelo menos por ora. Tem me ensinado muito sobre a estética do frio e a força das migrações européias na constituição desse povo chamado gaúcho.

Estive pela segunda vez no Café e Lojinha ''Lugar Maior'', das novas amigas Aline e Marta. Fica na Felipe Camarão [claro que no Bonfim, o bairro do meu coração] e é um lugar mágico: mistura de lojas de coisinhas lindas [tênis, roupas exclusivérrimas, livros  e adereços diversos] e cafeteria.

As meninas fazem panquecas de ''dulce de leche''. Adivinhem se eu A-MEI?! Além disso, servem uma cidra inglesa: Pascall, deliciosa!

 Entre as coisas lindas que se pode encontrar no Lugar Maior é artesanato porteño, como esses brinquedos feitos com papier maché e material metálico reciclável. Lindos, lindos! Desejei para mim.



No mesmo endereço fica a Joner Produções. Esse papel de parede [exclusivo] não é tudo? E a marca que marca o talento da Carla, não traduz com perfeição a 'origem controlada' do talento?

Quando for a Porto Alegre, não deixe de ir ao Bonfim, além do Lugar Maior, Quibe do Brique [que fica na mesma rua] há lugarzinhos incríveis nesse bairro charmoso da cidade.

terça-feira, 22 de março de 2011

Diário de Bordo Porto Alegre IV

Porto Alegre entrou em mim para o resto da vida. Aqui estou, delicadamente tomando a cidade nas mãos, percorrendo suas ruas corriqueiras, deslizando pelos endereços de todos os dias. Sorvendo os sabores da cidade, flutuando nos acentos típicos da fala gaúcha.

Adoro conhecer novos lugares e conhecer para mim é uma experiência sensorial, multi sensorial. Preciso sentir os cheiros, minha pele tem de estabelecer contato com as ruas e as praças, preciso dos sons e dos silêncios, do movimento e das pausas das avenidas e dos semáforos; claro, preciso sentir os gostos da cidade. Não os gostos forjados em clubes de gastronomia - que são ótimos para outros propósitos - mas o sabor que vem das esquinas, das tradições, das origens étnicas, do dia a dia de cada lugar.

Ontem foi dia de provar o Kibe do Brique, que fica ali na Felipe Camarão, bairro Bonfim. Não podia deixar de experimentar.  O bairro, lugar de forte influência judaica, abraça o Kibe do Brique e suspiro de orgulho de ser brasileira, onde árabes e judeus são vizinhos, são sócios, são amigos.

O kibe é imperdível, o preço honesto, o atendimento é simpaticíssimo e o lugar um charme. Precisa dizer mais? Arrependimento apenas de não ter provado o amanteigado de tâmaras - eu amo - mas hei senti-lo completamente antes de partir. (por sorte estou hospedada a dois passos desse pequeno paraíso). Mas não apenas de sabores é feita uma cidade.

Tomei um coletivo hoje cedo em direção a Menino Deus, bairro de Porto Alegre onde viveu Caio - Caio Fernando Abreu -  a ausência mais presente dos últimos tempos, com quem dialógo diariamente, a quem escrevo turbilhões de idéias esperando uma resposta, um alento. Bairro cujo nome tem acordes de Caetano, sussurrando em meus ouvidos. Fui lá. Fui sentir o cheiro e permitir-me deslizar por suas ruas estreitas, profundas, reveladoras da essência tímida e silenciosa.

Mergulhei nas profundezas da Peri Machado até respirar fundo diante da praça coberta de folhas ainda não secas anunciando o outono que se avizinha por aqui. Foi bom, sensorialmente bom e cheio de lembranças que não tenho.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Pelotas II

Não há como conhecer de fato uma cidade sem andar a pé e enfronhar-se por seus arredores. Pelotas é uma cidade plana, seu traçado é preciso como um tabuleiro de xadrez - ou será de damas? - e suas ruas arborizadas o suficiente para tornarem as caminhadas confortáveis.  Andar a pé é ótimo antídoto para as profusas calorias dos doces irresistíveis. 

Aos arredores de Pelotas tive acesso por meio da mais nova 'amiga de infância'. Fui gentilmente convidada - povo de Pelotas é muito gentil e acolhedor - a almoçar em casa de mama. A casa, localizada num sítio delicioso, é confortável e transborda generosidade e afeto. Reflexo de seus habitantes, seu Bruno e D. Aura. 

A cozinha é aberta para a sala, linda como não havia ainda visto. A comida de D. Aura enche não apenas o estomâgo e os olhos, principalmente aquece o coração.  Mas, segundo soube, seu Bruno também é versado em panelas, sendo autor de licores e geléias, feitos com os frutos da própria terra. 

Sim, há um belíssimo pomar e uma grande horta, onde pude colher amoras frescas (daquelas bem redondas boas para preparar tortas). Alface, tomates, milho, de tudo se planta ali. Há também galinhas, bezerros e umas tantas ovelhas a berrar. 

Há mais, muito mais a ver e a sentir no Sítio Águas Claras. No passeio pelos jardins descobri lugares incríveis. Começamos por um jardim em que um ponei  tranquilo pastava. Lá havia espécies vegetais de vários lugares. Havia canela e maple - sim, aquele que é símbolo do Canadá - para a preparação de delicioso xarope a se derramar nas panquecas dos filmes com gosto de infância e gulodice. 
Mais adiante, a magia de um labirinto, copiado ipsis literis daquele que se encontra na nave central da catedral de Chartres. Experiência inenarrável, é necessário ir lá e conferir a energia que brota do centro do labirinto. Sons distorcidos em suave eco, mãos que formigam aquecidas mesmo a 12º. 

Seguindo pela trilha abaixo, logo se vê um pequeno jardim japonês, com seu restelo ao lado, pronto para auxiliar o visitante a mergulhar no silêncio interior. Seu Bruno conta a história do jardim, ao tempo em que explica toda a simbologia ali contida. Mas vocês acham que fica por aí? Não mesmo. 

Ainda há mais, quando pensamos que o passeio já surpreendeu o suficiente, há mais magia. E  adiante, um lugar que chamei de 'lugar de las abuelas''. Distribuídos em círculo estão os bancos de pedra que arrodeiam a fogueira, com seu caldeirão de ferro. Imaginei o encontro ''de las brujas'', mulheres pensadoras, sensíveis e cheias de histórias, mulheres ancestrais repletas de sabedoria, compartindo com as mais jovens os segredos do feminino sagrado. 

Ao lado, um lago calmo, refletindo a luz do céu e os eucaliptos do jardim dos patriarcas. E o caminho prossegue a perder de vista, ladeado pelas pilhas de lenha separada. Ainda não havia acabado quando a chuva fina chegou. Seguimos em direção ao outro lado da casa, encantei-me com um recanto - meu perdoe seu Bruno, esqueci o nome - em que foram dispostos bancos e um balanço para dois, em que se pode ver o pôr do sol, à frente, marcado em pedras altas, o evento quando do solstício de inverno - à esquerda - e o soslstício de verão - à direita - a inebriar-me. 

Sol e chuva. Chuva e sol, e conheci o carvalho plantado por Andréa (minha mais nova amiga de infância), e lembrei inexoravelmente que dentro de mim e de todos nós há semente do fruto do carvalho, pronta a germinar e crescer e tornar-se árvore frondosa e forte. Como anda sua semente? Germinou recentemente?

O sítio Águas Claras é também pousada, pois a casa que é guardada pelo frondoso carvalho (3qtos, cozinha, sala equipados) é hospedagem para aqueles que querem e valorizam o não fazer, o silêncio e os sons, os sabores e os odores do paraíso. Há ainda quem pergunte 'o que há para fazer lá?' Você acredita? Nem eu!


Se quiser fruir o paraíso, dá um toque para Andréa (andreachies@hotmail.com)*.


*Não faço posts patrocinados. A dica é dada dentro do espírito de compartilhar o que de melhor vivencio em minhas andanças por aí. Aproveitem e se forem lá, não deixem de escrever suas impressões do lugar que publico na maior satisfação.


domingo, 12 de dezembro de 2010

Diário de Bordo - Pelotas I

Pelotas é meu destino, agora. Cá estou, a reboque das atividades com projetos culturais. A cidade é mais que a terra do doce ou das charqueadas, muito embora tal cultura seja forte componente da identidade cultural local.

Os prédios históricos, as praças belíssimas, a gente acolhedora - embora alguns digam ''metida a besta'' - são marcas dessa cidade gaúcha tão particular.

Há valores intrinsecamente ligados a mim. Bem perto daqui chegaram meus antepassados açorianos, pela Lagoa dos Patos, nos idos de 1767. As famosas charqueadas foram trazidas a estas paragens por um conterrâneo - Pinto Martins - das terras do Ceará, origem de parte do clã que me trouxe a este mundo.

Logo, as veias que me ligam a este útero riograndense não são frágeis, mas significativas o suficiente para ser cativada por essas paragens sem retorno.

Sinto-me em casa. Os doces de origem portuguesa, tão propagados por aqui, são apenas mais um pista de que esse lugar faz parte de mim, como eu, neófita dessas terras, sou parte dele.

Mas além dos doces, prédios históricos e charqueadas, o que há nessa parte quase desconhecida do Brasil?

Vamos vendo, em etapas, conforme os segredos dessas terras forem sendo a mim revelados. Por hoje, entrou por um porta, saiu pela outra - quem quiser que conte outra - curtam a curiosidade sobre a mais bela cidade ao sul do Rio Grande do Sul.

sábado, 11 de dezembro de 2010

O Pulso ainda pulsa...

My Art for Sale tirou o fôlego. Eu estava morta e não sabia. Comecou a  4a. edição da feira de arte, na inauguração da nova sede do mundo.ag, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil!

...o pulso ainda pulsa. Pude sentí-lo no ar perfumado e quente já no caminho. Havia um vibração intensa no deslocamento de paisagem urbana e no reencontro com novos amig@s.
...o pulso ainda pulsa, e pulsou ainda mais quando vi ``minha cadeira`` de outono. É essa aí ao lado, posta na lista de desejos-da-vida-inteira.
...o pulso ainda pulsa: intenso, forte, vibrante. Voltou o gosto, o paladar, o sabor. Voltaram os desejos, anseios e sonhos. Pulsou em Porto Alegre, pulsa em mim, irreverente, deslumbrado e forte.
Mundo.ag é magia pura. Mergulhei num mar amarelo mel, mergulhei naquelas janelas e senti perder-me no inolvidável mundo novo.
Os artistas ali reunidos fazem parte da nova cena contemporânea gaúcha e encantam até céticas almas vindas do planalto central do Brasil.

O My Art For Sale fica até 23 de dezembro, a visita é gratuita, no entanto deve-se fazer agendamento prévio por correio eletrônico contato@mundo.ag ou por telefone. Se passar por POA, não deixe de ir. Imperdível.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Diário de Bordo - São Paulo

Ir a São Paulo é louco e mágico. A Paulicéia é desvairada e o trânsito continua cada vez mais caótico. Tempo é dinheiro. E as pessoas estão sempre no corre-corre. Mas, vamos combinar, em São Paulo há muitos lugares bons para comer! Dá para estar lá 365 dias e não repetir um endereço, ficando 100% satisfeito em todos.

Ontem, de passagem pela cidade, aproveitei o intervalo entre a última reunião e o check-in em Congonhas para experimentar os famosíssimos pastéis de feijoada. Ué, nunca ouviu falar de pastéis de feijoada! Bem, eu tampouco. Como sou louca por uma novidade, não hesitei um só instante.


Não satisfeita e encantada com o cardápio delicioso, pedi linguiça tipo calabreza com provolone e orégano(hummm), acompanhada de pimentas biquinho - aquela linda que não arde - aproveitei cada pedacinho do acepipe que chegou à mesa cantando na frigideira de ferro.

E como ''miséria pouca é bobagem'', brindei com torresminhos super frescos e crocantes.

Claro que acompanhamos com uma geladíssima. Horas de imenso prazer entre amigas, rindo e contando estórias só nossas.

O pastel é feito no Barbirô, que fica ali na Vergueiro, 1889.



Respeite a autoria. Se for citar, dê crédito.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Diário de Bordo - Lisboa II

A viagem a Lisboa foi uma pausa na vida. Embora tenha ido a trabalho para A Coruña (é assim mesmo que se escreve em galego) e tenha tido uma reunião em Lisboa, todas as outras horas de minha estada em Portugal foram dedicadas a aproveitar os dias. 



Dias quentes aqueles,  jamais tinha ido à Europa no verão. Só de lembrar meus olhos se enchem daquele brilho distinto, e  deslizam lânguidos para o alto, buscando dar corpo às lembranças dos dias idos. 
Sentia-me feliz e abençoada só de estar ali, sentindo o tempo passar por mim preguiçoso, enquanto eu, feito criança, saltitava aqui, ali e acolá. 














Visitar o Museu do Fado foi uma experiência incrível. Confesso que entrei um pouco pelo tema e muito pelo calor que fazia fora. Sabia nada sobre o fado, exceto que é música tradicional lusa, que Chico Buarque compusera um e que Amália Rodrigues é uma de suas deusas. É claro que conheço Madredeus, que gosto sem saber se é fado ou não, mas me dêem licença poética para exagerar sobre minha ignorância a cerca do tema, afinal isso me garante algo de mágico à narrativa.



A ordem dada ao Museu não chega a ser de todo interessante, no entanto, o quanto aprendi cercada de fado por todos os lados, o quanto senti cada nota percorrer-me a pele, os olhos e os ouvidos num carinho envolvente e melancólico, como um fim de tarde com brisa, sem ser triste.
 
Descobri que há algo de contestação no fado, que nasceu nos portos de Lisboa. Algo que li no Museu e que, segundo alguns, por imprecisão histórica não está expresso, mas implícito aqui e acolá, como se os portugueses não se orgulhassem dessa origem popular e malandra do fado. Confesso aos irmãos do outro lado do oceano, que foi justamente essas origens 'na resistência' que mais me encantaram. 

A cada linha que lia sobre a história do fado em seu museu, lembrava-me da história da capoeira no Brasil, razão de rótulos e comentários que ligavam  sua prática à vadiagem e à vida desregrada das periferias, dos portos em nosso país.

Bebendo um pouco mais na fonte, não pude deixar de relacioná-lo ao movimento hip hop e via, no fado, um irmão bem mais velho do rap, por suas origens e sua história ligada ao povo, às ruas e aos primórdios da globalização construída por Portugal no período das grandes navegações. 

Há, certamente no fado, um lirismo melancólico da gente do lado de lá do oceano, que é fascinante. As horas no Museu passaram sem que eu pudesse sorver tudo o que me poderia proporcionar. Saí triste por não poder ver tudo, mas com uma felicidade intimista, que creio, só o fado pode propiciar. 

foto:Maria Cláudia Cabral
Em frente ao Museu está o Largo do Chafariz de Dentro, em que charmosas tascas servem a esplêndida comida portuguesa - com certeza! Lá, experimentei Ameijoas à Bulhão Pato, iguaria tradicional que enlouquece os sentidos. Estando de frente para o Largo, o primeiro restaurante a sua esquerda, serve as melhores ameijoas que provei em Lisboa, combinadas com super simpático atendimento de Cecília e uma geladíssima completaram mais uma tarde  incrível na capital lusa. Recomendo fortemente a experiência (da capital lusa, do museu do fado e da gelada com ameijoas no Largo).


Se você, como eu, quis saber mais, sugiro abaixo alguns links que tratam sobre o fado:

http://www.edusurfa.pt/Area.asp?seccao=2&area=6&artigoid=7907

 http://pt.shvoong.com/books/1735220-hist%C3%B3ria-fado/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Fado

http://youtube.com/fado




Respeite os direitos de autoria. Se for citar, dê crédito a autora.