''Eu garanto que teremos momentos difíceis, e garanto que haverá momentos em que um de nós - ou ambos - vai querer sair fora, mas garanto também que se eu não me casar com você me arrependerei pelo resto da vida por que sei que você é o homem para mim'' (Maggie Carpenter in Noiva em Fuga).
E eu garanto que revirando os rascunhos encontrei esse texto não escrito e me pergunto o que terá me inspirado a escrever sobre o filme, que particularmente gosto, e sobre o tema casamento.
Seja lá o que for que estivesse vivendo naquele momento - será que encontrei ''o cara'' e já nem lembro mais? - Se foi isso, que bom que não casei, não é mesmo? Vou tentar construir uma idéia em torno dessa crença de ''o cara'' ou em inglês ''the one''.
Há um homem certo para mim ou para ti? Há o cara que magicamente [ou não] vai aparecer na tua vida e te tirar da torre, te pegar pela cintura, colocar na garupa do cavalo branco e te levar em direção ao sonhado felizes para sempre?
Podem me acusar de cética, mas duvido. Duvido de tudo no último período, exceto de que nos colocamos em torres. Sejam torres de afazeres ou torres de exigências, mas algumas de nós se encastelam mesmo. Todo o resto, como dizia, é estória da Carochinha. Não há príncipe encantado e menos ainda ''felizes para sempre''.
O que há é estar aberto ao Amor, mas não falo do amor romântico que em tudo é idealizado. Do amor construído nos roteiros hollywoodianos há décadas que nos enchem a todos de sonhos inalcansáveis, que findam por contribuir para o fim das potenciais relações reais. Por que Amor é relacionar-se, não é estar num relacionamento, nem usar uma aliança de ouro 18k da H.Stern, nem casar de véu e grinalda ou reformar um apezinho financiado na Caixa.
Relacionar-se é revelar-se em toda a sua vulnerabilidade, é despir-se diante do outro por completo. Amar é abrir irremediavelmente o coração correndo todos os riscos de se ferir, de cair, de chorar um pouco, e na mesma proporção arriscar-se a viver integralmente o ser que se É diante de outro. E desse encontro simplesmente saber-se sendo a própria essência sem o medo de ser abandonado ou enganado. É ser acolhido em sua luz e sua sombra, sem ser julgado, aconselhado ou consertado.
Entrou por uma porta e saiu pela outra... Quem puder que comente outra!
Respeite os direitos autorais. Se for citar, dê crédito à autora.
''Maria, Maria é um dom, uma certa magia, uma força que nos alerta... Uma mulher que merece viver e amar'' como outra qualquer do planeta''(...)
Saiba Mais de Maria
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segunda-feira, 6 de abril de 2015
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Bastardos Inglórios - Eleições 2010BR
''Os Nazis conquistaram a Europa com mortes, torturas, intimidação e terror. É exatamente isso que faremos com eles''. (Aldo Raine, in Bastardos Inglórios).
Hoje me perguntaram qual a diferença entre Aldo Raine (Brad Pitt) e Hans Landa (Christoph Waltz). Disse que enquanto um (Aldo) praticava a violência física, o outro (Hans) praticava a violência psicológica. No frigir dos ovos, apesar de estarem em lados opostos, farinha do mesmo saco. Meu interlocutor então disse que para ele:
- Apenas um deles vencera a guerra.
-Sim - respondi - não há diferença entre eles. Assim como a jovem Shosanna Dreyfuss também não se diferencia de ambos.
Isto porque, todos, absolutamente todos usaram de violência para expressarem e garantirem sua posição. Embora parecesse que havia dois lados, apenas um foi expresso: vigança e violência. Era preciso vencer a guerra!
Nós, espectadores do filme de Tarantino, também expressamos: violência e vingança. Afinal, atire a primeira pedra quem não vibrou com a imagem incandescente de Shosanna Dreyfuss na imensa tela do cinema - abarrotado de nazis - em chamas. Naquele instante todas e todos encarnamos a madrasta má de Branca de Neve e rimos o riso da vingança. Sim, há muita humanidade em nós. Tanta que somos feitos de silêncio e de sons, de violência e ternura.
Hoje, em nosso país, apesar de não estarmos em guerra, a fim de chegar ao 2º turno, assistimos mentira, calúnia, difamação, intolerância contra Dilma Roussef e o PT. Vimos o PIG e alguns setores evangélicos e católicos agirem como nazi facistas incitando o ódio, semeando a discórdia, a mentira e a calúnia. Como vamos responder a isso no segundo turno? Empunharemos as mesmas armas ou superaremos a dor da mentira semeando a verdade?
Para mim, momento de reafirmarmos a verdade e a ética. Momento de nos distanciarmos da história de morte, tortura, dor, manipulação e mentira e reeafirmarmos os sons, mais que o silêncio; a ternura, mais que a violência e seguirmos adiante em direção ao Brasil que queremos. Um país com mais cultura, mais educação, mais moradia, mais emprego e renda, mais saúde, mais transporte e menos miséria. MAIS ÉTICA, menos mentira. Um país que mudou os rumos da história e quer continuar mudando.
Respeite os direitos autorais. Se for citar, dê créditos à autora.
terça-feira, 20 de julho de 2010
L'Advsersaire (france, 2001)
O Adversário, dirigido por Nicole Garcia, lançado em 2002 recebeu a Palma de Ouro de melhor filme. Baseado em fatos reais conta a história de Jean-Marc Roman que matou a esposa, os filhos e os pais.
Do drama sai a seguinte frase, escolhida por P.Fendler:
'' Diga-me Jean, por que as mulheres que mais nos excitam não são aquelas com quem podemos viver?''
O desafio de seguir o projeto é maior que o de Julie Powell. Naquele caso, ela cozinhava receitas de Julia e registrava em seu blog as alegrias e dissabores da experiência. Neste caso, o registro dos dissabores torna a experiência uma exposição em carne viva.
Não sei se por ter perdido o hábito de escrever com regularidade ou se por ter me deixado conduzir pela ilusão de escrever somente por impulso e inspiração, mas o fato é que a frase - notável - não conseguiu arrancar de mim mais que esse desabafo infantil.
Talvez o fato de não estar em casa, perto de fontes de consulta e de um cenário conhecido. Talvez o frio que me gela os ossos, talvez a própria incapacidade de organizar as idéias relativas a tão famigerada expressão.
Cheguei apenas à gênese do pensamento que me conduzia para a vinculação dessa idéia à idéia de arquétipos femininos e o preconceito masculino inconsciente deles ecorrentes.
O que me diria Cadu a esse respeito? Qual seria a posição de Elissa? O que diria Parrode sobre a magnífica frase?
Por onde anda a turma de Cinema, Diversão e Arte nessas horas?
Do drama sai a seguinte frase, escolhida por P.Fendler:
'' Diga-me Jean, por que as mulheres que mais nos excitam não são aquelas com quem podemos viver?''
O desafio de seguir o projeto é maior que o de Julie Powell. Naquele caso, ela cozinhava receitas de Julia e registrava em seu blog as alegrias e dissabores da experiência. Neste caso, o registro dos dissabores torna a experiência uma exposição em carne viva.
Não sei se por ter perdido o hábito de escrever com regularidade ou se por ter me deixado conduzir pela ilusão de escrever somente por impulso e inspiração, mas o fato é que a frase - notável - não conseguiu arrancar de mim mais que esse desabafo infantil.
Talvez o fato de não estar em casa, perto de fontes de consulta e de um cenário conhecido. Talvez o frio que me gela os ossos, talvez a própria incapacidade de organizar as idéias relativas a tão famigerada expressão.
Cheguei apenas à gênese do pensamento que me conduzia para a vinculação dessa idéia à idéia de arquétipos femininos e o preconceito masculino inconsciente deles ecorrentes.
O que me diria Cadu a esse respeito? Qual seria a posição de Elissa? O que diria Parrode sobre a magnífica frase?
Por onde anda a turma de Cinema, Diversão e Arte nessas horas?
terça-feira, 13 de julho de 2010
The Holiday
O Amor não Tira Férias - The Holiday (confira o trailler) : Duas mulheres, Iris (Kate Winslet) e Amanda (Cameron Diaz), duas histórias de frustração afetiva. Duas mulheres contemporâneas cansadas de bad romance e uma frase perfeita para reflexão, pronunciada por Arthur Abott (Elli Wallach), velho roteirista de Hollywood, dá origem ao presente texto:
''Iris, nos filmes tem a atriz principal e a coadjuvante: a melhor amiga. Todavia, posso afirmar que você é a atriz principal, mas por alguma razão que não se justifica, você está agindo como a melhor amiga (a coadjuvante).''
O que faz com que mulheres bonitas, independentes financeiramente, realizadas profissionalmente se coloquem no papel de 'melhores amigas' ou atrizes 'coadjuvantes'? Por que algumas mulheres 'atraem' esse tipo de situação?
Fácil observar que diversos são os fatores que podem levar uma mulher a colocar-se no papel de coadjuvante, fatores sociais, culturais e individuais. Difícil é fazê-las perceber que essa é uma escolha delas, ainda que inconscientemente.
Vivemos numa sociedade - a ocidental - marcada pela tradição judaico-cristã que esquartejou a mulher em pelo menos três partes, a saber: a puta, a santa e a pecadora redimida. Daí se depreende pelo menos três arquétipos femininos.
A figura da santa, representada por Maria, mãe de Jesus que de tão pura concebeu por meio do Espírito Santo. Devotada ao filho, Maria não tem outra identidade senão aquela da boa moça que fecundada por milagre gerou e deu a luz ao Filho de Deus. Maria é, portanto, assexuada. Maria não está em questão no filme que ora analisamos.


E a Puta? Bem, essa é representada po Lilith - a mulher demônio. Embora alguns antigos livros sagrados do judaísmo falem nela, como o Talmud, a Bíblia omite sua existência. Lilith teria sido a primeira esposa de Adão. Aquela que percebendo a submissão que lhe queria impor Adão, rebelou-se e questionou. Não satisfeita, partiu em busca de outras possibilidades. Lilith é a mulher que se permite o prazer e que luta por igualdade. Lilith - a mulher demônio. Lilith, a puta.
Ao separá-las em três arquétipos distintos, as mulheres foram também partidas. Ao longo dos séculos tinham de escolher - como têm até os dias de hoje - entre viver o prazer sexual e a igualdade social/profssional ; ser a esposa devotada, companheira e obediente e; a mãe dedicada à prole. Resultado: identidades esfaceladas, conflitos internos.
Mas por que estou trazendo arquétipos femininos para falar sobre a frase do filme? Procuro refletir, na verdade, a escolha - inconsciente - é verdade, de Iris, de Amanda e de muitas mulheres.
Incapaz de sustentar a idéia de ser una, a mulher que optou por ser Lilith não consegue realizar-se como Eva e/ou como Maria. Assim também, aquela que optou pela identidade de Eva - Amélia - não se realiza profissionalmente de forma plena; assim também as dedicadas mães, que após a maternidade perdem-se nesse mandato inconsciente de assexualidade.
Incapaz de sustentar a idéia de ser una, a mulher que optou por ser Lilith não consegue realizar-se como Eva e/ou como Maria. Assim também, aquela que optou pela identidade de Eva - Amélia - não se realiza profissionalmente de forma plena; assim também as dedicadas mães, que após a maternidade perdem-se nesse mandato inconsciente de assexualidade.
No caso do filme, Amanda é Lilith que talvez inconscientemente acredita que Liliths não podem viver no paraíso, sem abrir mão de sua independência e sem abrir mão de seu prazer. Por isso, mesmo rica, bonita e profissionalmente bem sucedida atrai homens que provem que sua crença é verdadeira: homens infiéis, neste caso. OU pior que isso, Amanda não permite intimidade, não se entrega ao relacionamento e, se ele não é infiel, torna-se infiel por não sentir-se parte da vida dela. Confirma-se a crença: Lilith não pode ter prazer, igualdade E felicidade numa relação a dois. A crença - como construção cultural e pessoal - confirma-se na vida de Amanda.
Iris, por outro lado, é uma mulher sensível, que se entrega ao relacionamento com um homem que não a ama. Ela é uma profissional mediana, com uma vidinha igualmente mediana. Embora tenha inteligência, sensibilidade e humor suficientes para ser uma profissional bem sucedida e independente.Embora seja uma bela mulher, age com subserviência em relação ao parceiro que a tem quando e como quer. Iris é uma mulher obediente e bem comportado, que espera - inconscientemente - ser recompensada por seu bom comportamento com o título magnífico de esposa. Iris quer realizar o ideal de Eva. E como tal traz em si a culpa do pecado original, que a faz crer que por ser culpada não tem direito a ser tratada com respeito, consideração e afeto reais. Iris se desdobra em subserviência para merecer seu lugar de esposa. E, por ser tão disponível e 'amiga', torna-se a segunda opção, a amiga compreensiva, a atriz coadjuvante de sua própria estória.
Sim, Iris escolheu ser coadjuvante, como muitas mulheres têm escolhido. Nada justifica sua escolha, mas a confirmação da crença de que a mulher é culpada pelo pecado original e que apenas sendo obediente, compreensiva e subserviente pode merecer o título de esposa - pior - que seu valor está atrelado a tal título que a valida como mulher e que somente pode ser dado pelo outro (o homem), explica. Ela deixa de ser o ser que É, e passa a refletir a imagem que o outro faz dela, ou talvez melhor, a projeção de sua auto-imagem distorcida.
Para Iris, Amanda e tantas mulheres deste século, esses arquétipos, as crenças e as impregnações são tão fortes que as fazem repetir padrões de comportamento que apenas reforçam o que a cultura, a sociedade e a experiência lhes tem ensinado ao longo dos séculos. Por sorte, hoje, algumas mulheres vêm desconstruindo Amélia seja por meio de psicoterapia, seja através de trabalhos de corporificação da consciência, seja por pura e simples rebeldia.
Para saber mais sobre os três arquétipos:
http://www.templodoconhecimento.com/portal/modules/smartsection/item.php?itemid=431
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Eu e o Cinema
''Eu adoro essa parte. A luz vai se apagando devagarzinho. O mundo lá fora vai se apagando devagarzinho. Os olhos da gente vão se abrindo e daqui a pouco a gente não vai mais nem lembrar que tá aqui. (...) A gente vai conhecer um monte de pessoas novas, um monte de problemas que a gente não pode resolver, porque só eles podem. Vamos ver como e quando'' (Lisbela, em Lisbela e o Prisioneiro).
Cinema essa mágica luz que alumia almas e faz viajar por lugares nunca antes visitados, por estórias improváveis ou verdadeiras - narradas de modo encantador ou apenas documentadas. Cinema que embalou sonhos e desejos. Cinema que foi o caminho para fazer amigos numa cidade desconhecida para a qual me mudei há alguns anos atrás e que me possibilitou publicar os primeiros textos no Arcamundo.
Naquele tempo, a saída que encontrei para me enturmar foi o Orkut. Lá encontrei a comunidade Cinéfilos de Goiânia, onde, insistente, participava de debates havidos entre seis cinéfilos verdadeiramente aficcionados eteimosos. E eu era a mulherzinha de Brasília - brasilienses estão para goianos assim como paulistas estão para cariocas, não necessariamente nessa mesma ordem - que ficava furando os debates, dando palpites e provocando a discórdia nas até então discussões exclusivamente masculinas da comunidade. Foi um tempo maravilhoso e sou imensamente grata pelas inestimáveis lições aprendidas com Rafa, Rafa Parrode, Vini, Cadu, Fabrício, Valber e André.
Claro que tantas discussões on-line acabaram por incentivar encontros reais - sempre em cinemas locais - com ótimas discussões em barzinhos da cidade. Depois algumas figuras inesquecíveis se juntaram ao grupo: Camila - a mãe do Arcamundo - Elissa, guerreira incansável das causas de esquerda e algumas namoradas que vinham e iam. Por fim, criamos nós mesmos uma nova comunidade: Cinema, Diversão e Arte que resiste bravamente no Orkut até hoje.
Mas para quê essa história toda, afinal? Tudo isso é um pouco para matar saudades dessa turma com a qual há muito não tenho contato e muito é para dizer da importância e do meu afeto e gratidão por eles e pelo cinema.
Embora não seja uma crítica do gabarito de Fabrício ou Parrode, sou o tipo que analisa num filme aspectos da construção das personagens e sua coerência, além de ser aficcionada pelos roteiros e seus textos maravilhosos. Sou ligadíssima em frases de cinema, razão pela qual não resisti dia desses e adquiri um livro chamado '' Os Melhores Diálogos do Cinema'' de P.Fendler. Não sei se posso concordar com o autor sobre serem os melhores diálogos, mas certamente a maior parte dos textos selecionados pelo autor são muito bons, tão bons que decidi escrever - a partir dos diálogos selecionados por Fendler - crônicas ou contos, quem sabe.
O livro traz 229 diálogos do cinema. 229 pérolas dos clássicos aos contemporâneos. E vou escrever a partir da próxima terça-feira (homenagem ao Arcamundo) sobre os 229 textos selecionados por Fendler. A cada nova terça-feira, um novo texto. Espero que findos os 229 tenhamos outros 229 sugeridos pelos leitores do Blog para que possamos seguir surfando nas maravilhosas frases de cinema.
Nosso primeiro diálogo será o do filme The Holiday. Aguardem!
P.S. Esse projeto dedico a@s amig@s de Cinéfilos de Goiânia, a@s companheir@s do Arcamundo, em especial Vini, Cadu e Camila.
domingo, 28 de junho de 2009
A Mulher Invisível

Se visto pelo dito, é o retrato da esquizofrênia. Roteiro muito bem escrito, direção impecável,elenco impagável. Se analisado com um pouquinho de atenção é a metáfora da idealização do parceiro, tão corriqueira, na maior parte dos relacionamentos. Não nos apaixonamos por um ser diferente de nós, mas por um reflexo de nós mesmos, por nossos ideais. Confundimos o ideal com o real e um dia dizemos ou ouvimos:'Você sequer sabe quem sou, como pode dizer que me ama?'
E é verdade. Ao olhar para trás, qual de nós não se pergunta: 'Afinal, o que tínhamos em comum?' Reflexo da ilusão que viveramos ao nos decidirmos por nos casar com um ideal, uma fotografia de família feliz na parede do quarto. Então nos damos conta de que fantasiamos um sentimento que gostaríamos de ter, por alguém que constaríamos que nos amasse. E eles eram tão diferentes...
Em geral, as mulheres, embora alguns homens não escapem dessa auto-armadilha, entregam-se a relação, atualizando o papel que a sociedade lhes reservou por séculos. Ao fim de alguns anos, depois de muito representar com excelência e a custa de esgotamento emocional a persona ideal, a solidão a dois se instala.
E o sonho acaba, um dos dois acorda e com a mala pronta vai em busca de outro ideal ou de uma vida real. Parte, sem maiores explicações. Para quem fica o mundo cai. Afinal percebe a farsa em que se enredou e de tanto fingir que era a pessoa ideal, acredita que só pode existir no mundo, se validada pelo parceiro. Solidão a dois de dia, faz calor depois faz frio passa a ter sentido.
Que fazer? Ele viveu com a mulher invisível, não enxergava quem estava a seu lado. Inventou um modelo ideal e passou os anos se esforçando para fazer a mulher real entrar na caixa do modelo ideal. Ela, por sua vez, foi uma mulher invisível, que se esforçava para caber na caixinha e quanto mais se espremia lá dentro, menor ficava, mais só se sentia.
Felicidade foi-se embora, mas não há saudade no peito. Hora de reconstruir a subjetividade sequestrada, reduzida e massacrada por tantos anos. Hora de sentir-se novamente pessoa, sujeito de suas escolhas. Sem ser censurada, desqualificada, reduzida ou menosprezada. Hora de redescobrir quem se é, e finalmente, não sentir mais medo. Momento de parar de encolher-se diante do abusador ou qualquer um que queira representar tal papel.
Momento de abrir os braços para o mundo e reconhecer-se única, com qualidades e dificuldades a serem encaradas. Hora de saber como 'gosta de comer os ovos'. Hora de voltar a ser pessoa, momento de deixar de ser a mulher invisível ou a mulher maravilha para ser SIMPLESMENTE MULHER.
TODA MULHER TEM DIREITO A SER (VISTA) COMO REALMENTE É.
segunda-feira, 22 de junho de 2009
Amar, verbo intransitivo

''João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.''
É com Drummond que começo o dia, pensando sobre os encontros e desencontros do amor e em como a expansão do que compreendemos por amor nos abre possibilidades.
Alyssa Jones, personagem criada por Kevin Smith, em Procura-se Amy explica que resolveu envolver-se com mulheres por que acredita que é tão difícil encontrar o amor, que eliminar 50% das possibilidades não lhe parecia lógico. Ainda assim ela se apaixona irremediavelmente por Holden McNeil, que é homem e tem um grande amigo e parceiro na confecção de HQs. Está estabelecido o triangulo de mil e uma possibilidades.
As novas gerações já encontraram essa chave de possibilidades reconhecendo que amamos seres e não a forma como tais seres se manifestam.Quero dizer: João ama Fernando, mas pode amar Suzana e isso não tem nada a ver com o fato de ser homem ou mulher, baixo ou alto, gordo ou magro, negro ou branco. É o sentimento de um ser por outro ser.
Hoje, já não se fala em homossexuais - palavra quase em desuso - mas em relação homoafetiva. E não bastasse, vive-se o amor que é livre inclusive do rótulo. João pode amar Teresa ou pode amar Fernando. Em tempos distintos de sua vida. O conjunto de atributos e ensinamentos de Teresa é importante para João hoje, mas amanhã ele talvez precise aprender por meio da relação a dois algo novo, a partir de outro conjunto de atributos que tenha Fernando.
Uoooooooopa! Afinal de contas tá virando safadeza?! Não, apenas manifestação livre de afeto sem culpa, apenas expressão de sentimentos. Não se deve confundir com defesa de promiscuidade, que diga-se de passagem, existe em abundância na tradicional família mineira, goiana, cearense, amazonense, paulista e assim por diante. O tema não é relação sexual, é relação afetiva. Que fique claro! A defesa é do amor, seja como for que ele se manifeste, livre de culpa, preconceito ou hipocrisia. Principalmente de hipocrisia.
TODA MULHER TEM DIREITO A AMAR INTRANSITIVAMENTE.
Respeite os direitos autorais. Se for citar, dê créditos.
domingo, 3 de maio de 2009
Afeto

Vi uma cena no filme Saneamento Básico, de Jorge Furtado, que me chamou muito a atenção. Destoando de toda a comédia do filme, o marido ignorante e grosseirão - Wagner Moura - vem de dentro da casa em direção a porta dos fundos,que dá acesso ao quintal. Lá, ele avista a esposa escrevendo embaixo de uma árvore, enquanto suave brisa toca seus cabelos. O olhar daquele homem para aquela mulher é uma declaração de amor escancarada. É como se gritasse com todos os seus sentidos o profundo e esfusiante afeto que sente por ela.
TODA MULHER TEM DIREITO A OUVIR MANIFESTAÇÕES DE AFETO
Maria Cláudia Cabral
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