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segunda-feira, 30 de maio de 2011

Diário de Bordo Porto Alegre V - Dia 2

''Bola na trave não altera o placar 
Bola na área sem ninguém pra cabecear 
Bola na rede pra fazer um gol
 Quem não sonhou ser um jogador de futebol?''
(Skank)



Ir a Porto Alegre em fim de semana de jogo do Inter no Beira Rio e não comparecer ao estádio seria crime. Sim, embora não seja torcedora fanática, gosto muito de clima de estádio de futebol. Momento em que o esporte ganha contornos de espetáculo, com a platéia interagindo e expressando. Momento de emoções ao extremo e adrenalina a mil.

O estádio do Inter é um dos doze que receberão os jogos da Copa de 2014 e posso afiançar que com todo o atraso a organização e a segurança são primorosos. Chegam a irritar de tão perfeitinhos - a bilheteira, após conferir e registrar a identidade da torcedora que compra ingresso diz ''bom jogo para nós''. Há um ar de todos pelo vermelho e branco.


foto: Maria Cláudia Canto Cabral Iphone

A tal ponto que a equipe de serviços gerais usa vermelho e branco  - as cores do time - em uniformes impecáveis. Viu ali?

Como todo estádio em dia de jogo, ambulantes a vender toucas, cachecóis, bandeiras, almofadas, chapéus e tudo o que você puder imaginar com o escudo do time. Tá duvidando, dá um look:

foto: Maria Cláudia Canto Cabral Iphone 


Mas o que chamou minha atenção, com todo esse zum-zum: ''não vai dar tempo, não vai dar tempo'' é que as instalações estão ''muito bem, obrigada'' e a obra está caminhando.  Para se ter uma idéia, banheiro em estádio de futebol, bem, se é que me entendem... Mas lá?  Honestíssimo! E olha que fui no intervalo. Tudo para estar um nojo, mas me senti no Barra Shopping [bem, tipo sábado fim da tarde].

De resto, é futebol! É espetáculo no campo e fora dele! O vendedores de refrigerante, a torcida uníssona dando força ao time [não adiantou muito, é verdade]. A torcida adversária, que neste sábado não passava de 6 dezenas de cearenses, muito animados com aquele frio todo. E, claro, o narrador no radinho anunciando as Lojas Quero-Quero e as Botas 7 Léguas, entre uma narrativa e outra. 

O radinho numa orelha e o som da torcida na outra. Sentir aquele som entrando pelos poros é sentir-se viva! Quer experimentar? Trouxe um pouco aqui comigo, graças ao Iphone4, o melhor amigo de uma blogueira. Experimenta:


Estávamos bem ao lado da torcida jovem no primeiro tempo. Depois ao lado da charanga. Super emoção. Ao iniciar o jogo a primeira homenagem da torcida, que é minha predileta no país: ao Iarley, ex jogador do Inter, cearense e defendendo o Ceará em campo, foi ovacionado pela torcida do Colorada, tratado como herói numa inequívoca manifestação de gratidão àquele que tantas alegrias deu à torcida Colorada. Foi de arrepiar. 

foto do site Sportv.globo.com

Por ironia do destino, aqueles pés que tantos gols fez pelo Inter foram os que fizeram balançar a rede do time: goooool do Ceará no segundo tempo [tá, foi de cabeça o gol, eu sei, é licença poética]. Dali em diante, vitória do adversário em casa. Triste para os colorados gaúchos. Para mim, colorada e cearense de coração, foi espetáculo. Dois times muito bons, 22 jogadores raçudos em campo, 12mil espectadores na platéia, cantando, vibrando e torcendo.  A bola dançando para lá e para cá, num balé disputado lance a lance. Só alegria e a vitória de quem torce pela arte, a camaradagem, a beleza e o espetáculo.




terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A Torcida Campeã

 

Havia, durante todo o ano, uma expectativa de vitória no ar. O Inter e sua torcida aguardavam ansiosos pelo jogo de hoje. Apostaram todas as fichas e sonharam acordados dias e noites esse momento. Viveram projetados no futuro incerto, como se certo fosse.

O time, conduzido por um excelente técnico, é composto por um grupo talentoso e dedicado de jogadores. Ases como D'Alessandro, Guiñazu, Tinga, Alecsandro e Giuliano, entre outros. Mas depois de tanta expectativa e  anseio, algo ficou no caminho.

D'Alessandro, ansioso, não dormira. Visivelmente abalado emocionalmente passou anônimo todo o primeiro tempo. No segundo cometeu erros absurdos para um atleta de seu quilate. O emocional suplantou seu talento e o nocauteou. Guiñazu, líder reconhecido, estava irreconhecível. O time chutou a gol 11 vezes, não acertou nenhuma.

Viveu 2010 aguardando esse dezembro em Abu Dabi e quando o momento chegou, por temor ou por ansiedade, pôs tudo a perder.


Mas a Torcida foi um espetáculo. Cerca de 5mil assistiram ao vivo, enquanto milhares de corações colorados vibravam no RS, no Brasil. Enquanto, mesmo torcedores de outros times, emitiam boas vibrações para o time do Internacional. Numa mescla de ansiedade, nervosismo e força, a tudo acompanhou: intensamente. E gritou e rezou e torceu e chorou.

E apesar dos erros, das imperfeições e fragilidades tão humanas de seu time, estava lá para apoiá-lo. Esteve lá para expressar sua tristeza e decepção. Está lá para, mesmo decepcionada, estender-lhes as mãos. As cidades gaúchas, caladas pela frustração, silenciadas pela dor da derrota, estão cá a condoer-se pelos gols não feitos, pelo título deixado pelo caminho.

O espetáculo da Torcida Campeã é  show de amor, que mesmo ferido, doído, sonhos desfeitos, se cala e chora, preparando-se para, no próximo desafio, vestir novamente a camisa, encher-se de orgulho e cantar, e gritar e torcer por seu time do coração, deixando para trás as decepções. Não importam os erros e o mal desempenho de alguns - são antes de tudo humanos - por que o amor pelo time é maior e a tudo supera.


domingo, 6 de dezembro de 2009

Uma Vez Flamengo, Flamengo até morrer...

Uma vez Flamengo, flamengo até morrer (...)


Ainda me lembro o dia em que comecei a me interessar pelo Flamengo. Devia ter uns sete a oito anos de idade. Naquela época havia um album de figurinhas com jogadores de futebol e times. Meu melhor amigo, Paulo A., era torcedor doente do Flamengo. Ele tinha todas as figurinhas e mais algumas. Era época de Toninho Cerezo [oops Toninho nunca jogou no Flamengo, mas no Atlético Mineiro]*, Cláudio Adão no time. E eu ficava fascinada com tudo o quanto ele me contava. Ouvia atenta as estórias.


No entanto, futebol nunca foi uma paixão em minha casa. Assim, eu me tornei torcedora do time, mais por sociabilidade que por convicção. Em minha família, futebol só nos tirava de outros programas se fosse na Copa do Mundo, jogo da seleção brasileira.


Mais tarde, ao me casar reafirmei minha torcida pelo Flamengo. Mais para ser ''do contra'' - ele era vascaíno - que por convicção (de novo). Sempre gostei de vermelho e preto, as cores de Paloma Picasso, por aí se tira minha paixão pelo futebol.


Hoje, assistia ao jogo, reafirmava minha torcida ao rubro negro. Ao lado, inflamado, um colorado apostava na calhordice do co-irmão 'Grêmio'. Conforme os minutos passavam, mais me convencia - anote Luís Fernando Veríssimo - que o co-irmão não ia entregar o jogo, como todos os colorados apostavam.


Ao contrário, vi o Grêmio cheio de garra e vontade de vencer partir para cima de um Flamengo ansioso, por vezes perdido e algo desorganizado em campo. Enquanto isso, no Beira Rio, o Colorado ia dando de lavada no Santo André - quem? - sim, no Santo André, que caiu para a segundona.

O jogo corria quase fácil no Beira Rio, enquanto o Grêmio suava a camisa para reafirmar a vitória de seu arqui-rival. Caso o Grêmio empatasse ou vencesse o rubro-negro, o Inter comemoraria o tetra campeonato, após trinta anos de espera e no ano de seu centenário. Seria 'a glória!'.


No Maraca, não apenas o Grêmio se esforçava por colaborar com a vitória do Inter, como também o Flamengo com seu tom de jogo parecia querer entregar a taça aos gaúchos. Grêmio abriu o placar, contrariando todas as expectativas dos colorados que apostavam na calhordisse. O Flamengo abalado pelo gol do Grêmio, ficou ainda mais sem rumo dentro de campo.

O Inter, em perfeita sintonia com o Grêmio (quem diria), balança a rede no Beira Rio, quase ao mesmo tempo, para desespero completo dos flamenguistas. No Maracanã, o Flamengo não era um time. Até que num lance conseguiu, sabe Deus como, empatar o jogo. Mas não bastava empatar, o time tinha de vencer. E a agonia continuava no Maracanã lotadérrimo. Goooooll do Inter em Porto Alegre: Inter 2 x 0 Santo André. Fim do primeiro tempo.


De volta ao campo, Inter tetra campeão brasileiro em seu centenário. A bola rola no Maracanã: nada de gol. Inter 3 x 0 Santo André, vai sagrando-se campeão brasileiro ''quase sem esforço'' e a despeito de tudo o que falaram dos gremistas. E o jogo segue. Àquela altura me dei conta que o Fla não estava merecedor do título. Via um Grêmio aguerrido lutando por preservar sua honra, um Inter implacável defendendo a taça. E o Fla lá... Tocando a bola.


Bem, é o ano do centenário do Inter. Aquele time que foi criado para acolher a diversidade, enfrentar a xenofobia há cem anos atrás. Convicta que sou no futebol, fiquei a pensar: os colorados bem que merecem esse tetra, afinal é o ''ano-do-centenário-do-time'', o Fla não tá jogando nada e o Grêmio está mostrando-se profissa e bom de bola.


Ingredientes perfeitos para uma virada de casada depois de dezenas de anos desde minha apresentação  ao Cláudio Adão, depois de Júnior e do Galinho de Quintino. Afinal, qual o problema? Só assisto jogo de futebol da seleção brasileira e em Copa do Mundo. Minha sólida convicção estava seriamente abalada e o Inter faz mais uma entrar. Inter 4 x 0 Santo André. E o Flamengoooooolll de novo. aí complicou. Estava certa da vitória do Inter. Não era justo. O time jogou melhor, o Grêmio foi honrado e o Fla na lerdeza ia levar?!


Afinal, por quem mesmo que torci nas últimas décadas? Lá estava eu, xingando pela bola perdida pelo Grêmio, torcendo para que o co-irmão enfiasse mais uma no Fla. Vira-casaca total. Em minha defesa tenho a dizer que além de jamais ter sido convicta de minha torcida, sempre fui coerente com a justiça. E, acreditem, o Inter, neste caso, merecia mais. Afinal,


TODA MULHER TEM DIREITO A VIRAR A CASACA, MESMO QUE SEJA NO ANO DO HEXA CAMPEONATO DO TIME QUE COSTUMAVA CHAMAR DE SEU.