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quinta-feira, 27 de março de 2014

Disney Desfaz, Disney Faz







Como assim dormir até ser beijada pelo príncipe encantado? Esperar numa torre, presa e infeliz até que o herói, sobre um cavalo branco, espada em punho a salve? Por que ser pobre, miserável e explorada e só conseguir mudar a vida após ser reconhecida por um príncipe?



Bom, eu não sei quanto a vocês, mas eu amei as princesas de Grimm e de Perrault queimando seus soutiens em Schrek III. Defendo dioturnamente o direito e a autonomia das mulheres, especialmente quanto à sexualidade. Como milhares de outras mulheres no Brasil e no mundo, pago minhas contas - em dia, diga-se de passagem - ganho cada centavo que gasto com o suor do meu rosto e a fadiga de meus neurônios - com muito orgulho.



No entanto, as mulheres do mundo inteiro, inclusive a que vos escreve, foram atropeladas por Grimm e Perrault. Mais modernamente, arrebatadas por Hollywood e suas deliciosas comédias românticas. Por mais que intelectualmente já se tenha superado o mantra sagrado ''felizes para sempre'', que conscientemente o exercício da independência e da autonomia seja praticado, nada, nada consegue arrancar do canto escuro dos baús mais escondidos o sonho de encontrar um par.



É verdade, aquela que escreveu contra a ditatura dos pares ora escreve sobre o sonho do príncipe encantado, admitindo que descobriu ser mais comum do que imaginava. Há milhões de mulheres independentes no mundo inteiro, que (in)conscientemente desejam o tal par. Estarrecida dei-me conta que essa fantasia pode também me assombrar. Será? Tenho vida financeira equilibrada, conquistas profissionais que me orgulham, um filho e uma filha lindos, dois e meio casamentos no currículo, muitos livros e discos...


Bom, tenho observado que embora tenham uma incrível vida de autonomia e independência e não querendo objetivamente casar-se, quando sabem que o outro não quer casar-se com elas muitas mulheres sentem-se fortemente atingidas em sua autoestima.




Abalada a validez diante do mundo, o estômago dá sinais de vida. Sim, ele corresponde ao poder pessoal segundo estudiosos de medicina chinesa. O estômago começa a gritar. Mostra o quanto está ferido. Dói diariamente. Antes e depois das refeiçoes. Na hora de deitar e logo ao acordar. É como se lá houvesse uma ferida dessas bem antigas, das que criam casca, sabe? Então, como se nas últimas semanas, ciente da fragilidade houvesse visto a casca e o encanto houvesse se quebrado. Sem a poção de inconsciência dada pela bruxa má do oeste, eis a tal casca soltando-se pouco a pouco da superfície lisa da mucosa estomacal. Consegue imaginar a dor?


Só o completo massacre cultural sofrido por gerações e gerações de mulheres explica tal situação. Caso o parceiro as pedisse em casamento, provavelmente, na maior parte dos casos, não topariam a aventura. No entanto, ao escutar que o companheiro não deseja tal envolvimento a autovaloração sofre sensíveis abalos: 'Porque não quer casar-se comigo?' Não sou, por acaso, uma mulher digna de compromisso social?' 'E todas a minhas qualidades pessoais e intransferíveis, não contam?'




Assim, mulheres bonitas, inteligentes, bem sucedidas profissionalmente, estáveis financeiramente, divertidas e maduras ficam reféns de desejos/não desejos de seus parceiros. Colocam em xeque todas as suas qualidades, dependentes do 'carimbo' de valorosas, que só pode ser recebido se o homem em questão quiser casar-se com elas.



Durma-se com um barulho desses!!!





Maria Cláudia Cabral. Respeite os direitos autorais. Se citar, dê crédito a autora.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Marcha das Margaridas 2011 - Paz no Campo!




“Temos agora uma mulher na presidência e isso nos motiva a apostar em uma agenda positiva” (Carmen Foro, secretária de mulheres da Contag)
Margarida Maria Alves morreu aos 50 anos. A presidenta do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande – terra natal de Jackson do Pandeiro –, na Paraíba, estava diante de sua casa no final da tarde de 12 de agosto de 1983 quando um pistoleiro em um Opala vermelho disparou um tiro de escopeta que atingiu seu rosto. O crime teve repercussão internacional, mas, como tantos outros, ficou impune. É para lembrar da ativista e da morosidade da Justiça para apurar os responsáveis por sua morte que foi criada a Marcha das Margaridas, este ano na quarta edição. A expectativa é de que 100 mil pessoas participem da manifestação, nos próximos dias 15 e 16, em Brasília.
Segundo a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), responsável pela marcha, será a maior mobilização de mulheres na América Latina neste ano. O evento é organizado pelo Movimento Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (composto pela própria Contag, 27 federações e mais de 4 mil sindicatos), em parceria com 11 organizações nacionais e internacionais. Ainda para lembrar o assassinato de Margarida, 12 de agosto ficou conhecido como Dia Nacional de Luta contra a Violência no Campo.
Em 18 de julho, uma comissão entregou a pauta de reivindicações para seis ministros, em Brasília. A presidenta Dilma Rousseff encontrará as mulheres no dia 17, logo após a saída da marcha, prevista para as 7h. Elas seguirão da Cidade das Margaridas, no Parque da Cidade, rumo à Esplanada dos Ministérios.


Programação:

O evento inclui, no primeiro dia, um ato no Congresso Nacional, debates, show da cantora Margareth Menezes. No segundo dia, a marcha começa às 7h, com retorno previsto para a Cidade das Margaridas às 13h. A presidenta Dilma deverá estar no local a partir das 15h.

terça-feira, 7 de junho de 2011

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Shakira's Speech at Oxford Union



Se queremos andar mais um passo, precisamos estar de olhos e ouvidos abertos. Grandes oportunidades podem vir de onde menos esperamos.

Ouça Shakira como nunca ouviu antes.


segunda-feira, 30 de maio de 2011

Hoje vou de:''Católicas pelo Direito de Decidir''

Estado laico. O que é isso, companheira?
Carta aberta de Católicas pelo Direito de Decidir à Presidenta Dilma Rousseff sobre a polêmica criada em torno do kit anti-homofobia



  Presidenta Dilma,

Estamos estarrecidas! A polêmica criada em torno do kit anti-homofobia e o recuo do governo federal ante as pressões vindas de alguns dos setores mais conservadores e preconceituosos da sociedade nos deixou perplexas. E temerosas do que se anuncia para uma sociedade que convive com os maiores índices de violência e crimes de morte cometidos contra pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersex (LGBTTI) do mundo. Temos medo de um retorno às trevas, senhora Presidenta, e não sem motivos.
A vitoriosa pressão contra o kit anti-homofobia da bancada religiosa, majoritariamente composta por conservadores evangélicos e católicos, em um momento em que denúncias de corrupção atingem o governo, traz de volta ao cenário político a velha prática de se fazer uso de direitos civis como moeda de troca. Trocam-se, mais uma vez, votos preciosos e silêncio conivente pelo apoio ao preconceito homofóbico que retira de quase vinte milhões de brasileiros e brasileiras o direito a uma vida sem violência e sem ódio. A dignidade e a vida de pessoas LGBTTI estão valendo muito pouco nesse mercado escuso da política do toma-lá-dá-cá, senhora Presidenta! E o compromisso com a verdade parece que nada vale também.
Presidenta, convenhamos, a senhora sabe que o kit anti-homofobia é um material educativo, que não tem por finalidade induzir jovens a se tornarem homossexuais, até mesmo porque isso é impossível, como tod@s sabemos. Não se induz ninguém a sentir amor ou desejo por outrem.   Mas respeito, sim. E ódio também, senhora Presidenta... ódio é possível ensinar! Poderíamos olhar para trás e ver o ódio que a propaganda nazista induziu contra judeus, ciganos, homossexuais. Porém, infelizmente, não precisamos ir tão atrás no tempo.  Temos terríveis exemplos recentes de agressões covardes e aviltantes a pessoas LGBTTI e o enorme índice de violência contra as mulheres acontecendo aqui mesmo,  em nosso próprio país.
Quando a senhora afirma, legitimando os conservadores homofóbicos, que é contra a propaganda da "opção" sexual, faz parecer que alguém pode, de fato, "optar" por sentir esse ou aquele desejo. Amor, desejo, afeto não são opcionais, ninguém escolhe por quem se apaixona, senhora Presidenta! Mas se escolhe ferir, matar, humilhar.
Quando a senhora diz que todo material do governo que se refira a "costumes" deve passar por uma consulta a "setores interessados" da sociedade antes de serem publicados ou divulgados, como estampam hoje os jornais, ficamos ainda mais perplexas. De que "costumes" estamos falando, senhora Presidenta? E de que "setores interessados"? Não se trata de "costumes", mas de direitos de cidadania que estão sendo violados recorrentemente em nosso país e em nome de uma moral religiosa conservadora, patriarcal, misógina, racista e homofóbica.  Trata-se de direitos humanos que são negados a milhões de pessoas em nosso país!  
E "setores interessados", nesse caso, deveria significar a população LGBTTI e todas as forças democráticas do nosso país que não querem  ter um governo preso a alianças políticas duvidosas, ainda mais com setores "interessados" em retrocessos políticos quanto aos direitos humanos da população brasileira.
O país que a senhora governa ratificou resoluções da ONU tomadas em grandes conferências internacionais, em Cairo (1994) e em Beijing (1995), comprometendo-se a trabalhar para que os direitos sexuais e os direitos reprodutivos sejam reconhecidos como direitos humanos. No entanto, até hoje pessoas LGBTTI morrem por não terem seus direitos garantidos. Mulheres morrem pela criminalização do aborto e pela violência de gênero.
Comemoramos quando uma mulher foi eleita ao cargo máximo de nosso país. Ainda mais porque, como boa parcela da sociedade, levantamos nossa voz contra o aviltamento do Estado laico, ao termos um uso perverso da religião nas campanhas eleitorais de 2010 para desqualificar uma mulher competente e com compromisso com a dignidade humana. Antes ainda, levantamos nossa voz a favor do III PNDH, seguras de que deveria ser um instrumento de aprofundamento do respeito aos direitos humanos em nosso país. Agora não temos o que comemorar, senhora Presidenta! Parece que o medo está, de novo, vencendo a verdade. E a dignidade.
Infelizmente, temos de - mais uma vez! - vir a público exigir que os princípios do Estado laico sejam cumpridos. Como a senhora bem sabe, a laicidade é essencial à democracia e não se dá pela simples imposição da vontade da maioria, pois isso resulta em desrespeito aos direitos humanos das minorias, sejam elas religiosas, étnico-raciais, de gênero ou orientação sexual. Não existe democracia se não forem respeitados os direitos humanos de todas as pessoas.  Impor a crença religiosa de uma parcela da população ao conjunto da sociedade coloca em risco a própria democracia, já que os direitos humanos de diversos segmentos sociais estão sendo violados.  Portanto, senhora Presidenta, não seja conivente! Não permita que alguns setores da sociedade façam do Estado laico um conceito vazio, um ideal abstrato.
Como Católicas pelo Direito de Decidir, repudiamos o uso das religiões neste contexto de manipulação política e afirmamos nosso compromisso com a laicidade do Estado, com a dignidade humana e nosso apoio ao uso do kit educativo pelo fim da homofobia nas escolas brasileiras.




segunda-feira, 14 de março de 2011

Hoje vou de...Boaventura de Souza Santos: Mais sobre Mulheres

As mulheres não são homens

A cultura patriarcal tem uma dimensão particularmente perversa: a de criar a ideia na opinião pública que as mulheres são oprimidas e, como tal, vítimas indefesas e silenciosas. Este estereótipo torna possível ignorar ou desvalorizar as lutas de resistência e a capacidade de inovação política das mulheres.

No passado dia 8 de março celebrou-se o Dia Internacional da Mulher. Os dias ou anos internacionais não são, em geral, celebrações. São, pelo contrário, modos de assinalar que há pouco para celebrar e muito para denunciar e transformar. Não há natureza humana assexuada;
há homens e mulheres. Falar de natureza humana sem falar na diferença sexual é ocultar que a “metade” das mulheres vale menos que a dos homens. Sob formas que variam consoante o tempo e o lugar, as mulheres têm sido consideradas como seres cuja humanidade é problemática (mais perigosa ou menos capaz) quando comparada com a dos homens. À dominação sexual que este preconceito gera chamamos patriarcado e ao senso comum que o alimenta e reproduz, cultura patriarcal. 


A persistência histórica desta cultura é tão forte que mesmo nas regiões do mundo em que ela foi oficialmente superada pela consagração constitucional da igualdade sexual, as práticas quotidianas das instituições e das relações sociais continuam a reproduzir o preconceito e a desigualdade. Ser feminista hoje significa reconhecer que tal discriminação existe e é injusta e desejar activamente que ela seja eliminada. Nas actuais condições históricas, falar de natureza humana como se ela fosse sexualmente indiferente, seja no plano filosófico seja no plano político, é pactuar com o patriarcado.



A cultura patriarcal vem de longe e atravessa tanto a cultura ocidental como as culturas africanas, indígenas e islâmicas. Para Aristóteles, a mulher é um homem mutilado e para São Tomás de Aquino, sendo o homem o elemento activo da procriação, o nascimento de uma mulher é sinal da debilidade do procriador. Esta cultura, ancorada por vezes em textos sagrados (Bíblia e Corão), tem estado sempre ao serviço da economia política dominante que, nos tempos modernos, tem sido o capitalismo e o colonialismo. Em Three Guineas (1938), em resposta a um pedido de apoio financeiro para o esforço de guerra, Virginia Woolf recusa, lembrando a secundarização das mulheres na nação, e afirma provocatoriamente: “Como mulher, não tenho país. Como mulher, não quero ter país. Como mulher, o meu país é o mundo inteiro”. 



Durante a ditadura portuguesa, as Novas Cartas Portuguesas publicadas em 1972 por Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa, denunciavam o patriarcado como parte da estrutura fascista que sustentava a guerra colonial em África. "Angola é nossa" era o correlato de "as mulheres são nossas (de nós, homens)" e no sexo delas se defendia a honra deles. O livro foi imediatamente apreendido porque justamente percebido como um libelo contra a guerra colonial e as autoras só não foram julgadas porque entretanto ocorreu a Revolução dos Cravos em 25 de Abril de 1974.



A violência que a opressão sexual implica ocorre sob duas formas, hardcore e softcore. A versão hardcore é o catálogo da vergonha e do horror do mundo. Em Portugal, morreram 43 mulheres em 2010, vítimas de violência doméstica. Na Cidade Juarez (México) foram assassinadas nos últimos anos 427 mulheres, todas jovens e pobres, trabalhadoras nas fábricas do capitalismo selvagem, as maquiladoras, um crime organizado hoje conhecido por femicídio. Em vários países de África, continua a praticar-se a mutilação genital. Na Arábia Saudita, até há pouco, as mulheres nem sequer tinham certificado de nascimento. No Irão, a vida de uma mulher vale metade da do homem num acidente de viação; em tribunal, o testemunho de um homem vale tanto quanto o de duas mulheres; a mulher pode ser apedrejada até à morte em caso de adultério, prática, aliás, proibida na maioria dos países de cultura islâmica.



A versão softcore é insidiosa e silenciosa e ocorre no seio das famílias, instituições e comunidades, não porque as mulheres sejam inferiores mas, pelo contrário, porque são consideradas superiores no seu espírito de abnegação e na sua disponibilidade para ajudar em tempos difíceis. Porque é uma disposição natural. não há sequer que lhes perguntar se aceitam os encargos ou sob que condições. Em Portugal, por exemplo, os cortes nas despesas sociais do Estado actualmente em curso vitimizam em particular as mulheres. As mulheres são as principais provedoras do cuidado a dependentes (crianças, velhos, doentes, pessoas com deficiência). Se, com o encerramento dos hospitais psiquiátricos, os doentes mentais são devolvidos às famílias, o cuidado fica a cargo das mulheres. A impossibilidade de conciliar o trabalho remunerado com o trabalho doméstico faz com que Portugal tenha um dos valores mais baixos de fecundidade do mundo. Cuidar dos vivos torna-se incompatível com desejar mais vivos.



Mas a cultura patriarcal tem, em certos contextos, uma outra dimensão particularmente perversa: a de criar a ideia na opinião pública que as mulheres são oprimidas e, como tal, vítimas indefesas e silenciosas.



Este estereótipo torna possível ignorar ou desvalorizar as lutas de resistência e a capacidade de inovação política das mulheres. É assim que se ignora o papel fundamental das mulheres na revolução do Egipto ou na luta contra a pilhagem da terra na Índia; a acção política das mulheres que lideram os municípios em tantas pequenas cidades africanas e a sua luta contra o machismo dos lideres partidários que bloqueiam o acesso das mulheres ao poder político nacional; a luta incessante e cheia de riscos pela punição dos criminosos levada a cabo pelas mães das jovens assassinadas em Cidade Juarez; as conquistas das mulheres indígenas e islâmicas na luta pela igualdade e pelo respeito da diferença,transformando por dentro as culturas a que pertencem; as práticas inovadoras de defesa da agricultura familiar e das sementes tradicionais das mulheres do Quénia e de tantos outros países de África; a resposta das mulheres palestinianas quando perguntadas por auto-convencidas feministas europeias sobre o uso de contraceptivos: “na Palestina, ter filhos é lutar contra a limpeza étnica que Israel impõe ao nosso povo”.


Boaventura de Sousa Santos é sociólogo e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal).

Artigo Publicado na revista Carta Maior, sessão Debate Aberto:

Especial: Mulheres já são 43% do total de cientistas em São Paulo



14/3/2011

Agência FAPESP – Em 2010, das 19.678 solicitações iniciais de apoio à pesquisa apresentadas à FAPESP 42% foram apresentadas por mulheres. O percentual tem crescido continuamente desde 1992, quando foi de 30%.

Segundo levantamento feito pela FAPESP, a taxa de sucesso global, definida como o número de propostas aprovadas dividido pelo número de propostas analisadas no ano, foi, em 2010, de 61% para as mulheres e de 60% para os homens.

Para as grandes áreas de Ciências da Saúde, Ciências Agrárias e Engenharias, observa-se um crescimento forte na proporção de mulheres. Em Ciências da Saúde, o percentual cresceu de 34% em 1992 para 54% em 2010; para Ciências Agrárias, foi de 23% em 1992 para 40% em 2010. No caso das Engenharias, a participação feminina quase triplicou, passando de 8% para 22% no período.

Nas grandes áreas de Ciências da Saúde, Ciências Humanas e Linguística, Letras e Artes mais da metade dos solicitantes é do sexo feminino. Em Ciências Biológicas, a tendência é de crescimento na participação das mulheres, que passou de 42% em 1992 para 48% em 2010.

Entretanto, os dados indicam que, apesar de maioria, há um ligeiro decréscimo do número de solicitantes mulheres nas áreas tradicionalmente com forte presença feminina, como Ciências Humanas, que caiu de 56% em 1992 para 52% em 2010, e Linguística, Letras e Artes, que passou de 57% para 52% no mesmo período. Em contrapartida, o percentual de crescimento é significativo em áreas com forte presença tradicionalmente de homens, como Agrárias e Engenharias.


Leia o relatório completo com gráficos comparativos em:


www.fapesp.br/publicacoes/indicadores/032011f.pdf 

terça-feira, 8 de março de 2011

Maria, Maria. Milton Nasimento / Elis Regina (desenhos de alunos da 7D).



Mais um 8 de março e essa Maria sonha com O dia em que não será necessário UM dia para lembrar a importância da mulher para a sociedade. O dia em que o respeito, o carinho e o cuidado sejam a tônica das relações entre os sexos.

Nesse 8 de março encontrei no Youtube pérola produzida pelos alunos da 7ªD, do professor de artes Rafael Kuwer (parabéns, professor!),  Escola Municipal Tereza Pinheiro de Almeida.

A interpretação da música pelos olhos desses pré adolescentes nos mostra a realidade em que muitas mulheres ainda estão inseridas no Brasil. A marca... Que marca trazemos na pele? Segundo a experiência dos alun@s ainda é a marca que dói.

...E dói notar que para muit@s a marca ainda é o vestígio da violência perpetrada contra milhares de mulheres, no Brasil, na América Latina, no Mundo.

Desejo que em algum momento a marca que trazemos na pele, seja para tod@s somente a marca de nossa coragem, de nossa sabedoria ancestral, do útero que traz vida ao planeta e garante a sobrevivência da espécie humana.

Por enquanto: Feliz Dia das Mulheres!


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Documentário: Mulheres que Amam Demais



Uma das razões pelas quais milhares de mulheres no mundo se entregam as relações abusivas é a baixa auto-estima.

A codependência ou dependência afetiva pode manifestar-se em razão de uma relação adoecida, mas ao ''escolher'' um parceiro com comportamento abusivo já há indícios da dependência.

Buscar desculpas para o próprio comportamento ou o comportamento abusivo do parceiro é sintoma.

Vale a pena respirar e buscar ajuda.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Mutilação Genital Feminina - Isso precisa acabar!



''Promover uma “mudança de valores e de práticas” é o objectivo central do Governo com o II Programa de Acção para a Eliminação da Mutilação Genital Feminina 2011-2013, lançado no mês em que se celebra o Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina.

Elza Pais, secretária de Estado da Igualdade, sublinha que o respeito por outras culturas “não significa a aceitação de práticas tradicionais nocivas” e que a mutilação genital feminina (MGF) constitui uma “atroz violação dos direitos humanos”.

O primeiro programa de acção “foi um plano muito curto, daí a necessidade de elaborar um segundo, que acompanhe o IV Plano Nacional para a Igualdade todo”, explicou Elza Pais, durante a apresentação do II Programa, na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa.

Colocado o tema na agenda, é preciso agora “consolidar a estrutura de referenciação” para sinalizar “eventuais casos” de MGF em Portugal e alargar as linhas telefónicas de apoio de emergência – de saúde, imigração, sexualidade ou combate à violência doméstica – às situações de MGF.

Mais de 130 milhões de mulheres em todo o Mundo já sofreram mutilação genital, segundo a Organização Mundial de Saúde. Já o Conselho da Europa estima que vivam na Europa 500 mil mulheres mutiladas e estejam em risco 180 mil todos os anos.

O facto de, na grande maioria dos cerca de 30 países onde está enraizada, a prática ser perpetrada por mulheres significa apenas que elas são “veículos de uma cultura que as subjuga, as anula, as viola”, lamenta Elza Pais.''

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Abuso Emocional - violência psicológica



Semana passada mostramos a conhecida violência doméstica física. A despeito de ainda ser tabu em nossa sociedade falar abertamente sobre o tema, e ainda vigorar a lei do silêncio, continuamos lutando para erradicar a violência doméstica.

No entanto, no Brasil ainda nada se fala sobre a violência psicológica. Esta deixa marcas eternas nas almas e na psiquê de suas vítimas. O abuso emocional, como é conhecido, precisa ser divulgado para que possamos nos defender de tal violência.

Fale, o silêncio pode ser fatal.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Fale sem medo - não à violência doméstica



A violência pode ser física, psicológica ou moral... e pode ser perpetrada por companheir@, irmão, filho, pai. É uma questão de gênero. Divulgue o tema, promova o debate e ajude a conscientizar meninas, jovens e mulheres em nosso país.

Falar é o primeiro passo para conter a violência contra mulheres.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Manifesto - À Luta, Mulheres

Manifesto em defesa da liberdade e da autonomia das mulheres

NÃO À VOLTA DA INQUISIÇÃO

Mulheres do mundo inteiro lutam há milênios contra as opressões a que foram e continuam sendo submetidas.

Contra a inquisição elas não se calaram e, mesmo sob torturas e mortes, lutaram pelo direito à liberdade. Lutaram por igualdade/liberdade/fraternidade na Revolução Francesa e escreveram a 1ª Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã e, mesmo tendo como resposta a esta luta a condenação à guilhotina, não pararam de lutar.

Conquistaram os direitos civis com as lutas sufragistas, direitos trabalhistas, cidadania e o das últimas décadas do século XIX em diante, acrescentaram o direito de decidir e a autonomia sobre o próprio corpo nas lutas cotidianas.

Nós brasileiras, nos somamos às mulheres do mundo todo, lutando contra a escravidão, contra diferentes ditaduras e tantas outras formas de opressão. Consolidamos direitos iguais como cidadãs e cidadãos na Constituição Federal de 1988, entre eles o direito de ir e vir para todas as pessoas que vivem neste país, independente de orientação sexual, idade, raça/etnia.

A erradicação de toda forma de violência e discriminação contra as mulheres é um compromisso firmado pelo Estado brasileiro em diferentes tratados internacionais de direitos humanos, como: a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir, e Erradicar a Violência contra a Mulher, da OEA (Convenção de Belém do Pará) e da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW), da ONU, e em leis nacionais como a Constituição Cidadã e a Lei 11.340/2006 – Lei Maria da Penha. E é uma das prioridades nas ações do governo, por meio do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, assumidos pelo Estado de São Paulo e pelos municípios da Região do Grande ABC.

Num Estado de Direito como o nosso, constituído e baseado nos princípios da democracia e do respeito à liberdade e igualdade de mulheres e homens, independente de pertencer a qualquer raça, cor, credo, orientação sexual ou idade; não podemos admitir que atitudes como a das e dos alunos/as da Universidade Bandeirantes (UNIBAN), que no dia 22/10/2009 discriminaram e ofenderam Geysi Arruda, aconteçam de forma impune.

Manifestamos nossa total indignação à violência sofrida pela aluna Geysi Arruda e pelo cerceamento da sua liberdade e exigimos que sejam tomadas todas as medidas no sentido de apurar as responsabilidades por tais atos e que as pessoas envolvidas respondam perante as instâncias cabíveis.

Apelamos para que a UNIBAN promova atividades de esclarecimentos e reflexão sobre direitos humanos e respeito à autonomia das mulheres, como formas de contribuir para a garantia da igualdade entre as pessoas, sem nenhuma forma de discriminação.

Continuaremos lutando sem deixar retroceder nem um milímetro das nossas conquistas, em especial a nossa autonomia.

São Bernardo do Campo, 03 de setembro de 2009.


FRENTE REGIONAL DE COMBATE À VIOLÊNCIA
GRANDE ABC PAULISTA E REGIÃO







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quinta-feira, 4 de junho de 2009

A Linguagem




''A linguagem não é apenas um luxo intelectual, mas uma parte essencial na luta pela libertação das mulheres''. (Mary Daly - 1984 e Julia Kristeva - 1980)




Dia desses ouvi de um amigo o seguinte comentário: ' pô, não só as mulheres têm direito de expressar seus desejos, porque não 'Todo Ser Humano tem o direito a...'? Concordo integralmente com o comentário.No entanto, quando decidi escrever o Blog da Maria não tinha, como de fato, talvez ainda não tenha, clareza sobre a linha que seguiria, mas tinha um norte: Visibilizar os direitos mais sutis, tantas vezes vilipendiados, esquecidos, sufocados pela sociedade, pela cultura e pelos contemporâneos dias corridos em que apenas sobrevivemos.


Ao clamar que TODA MULHER TEM DIREITO... digo sim, que todos os seres humanos têm direitos e rio sozinha do efeito que isso causa cada vez que um homem lê tais textos. Em nossa sociedade o uso da palavra articulada ou escrita como meio de comunicação supõe o masculino genérico para expressarmos idéias, pensamentos, sentimentos e referências a outras pessoas. A linguagem, contudo, como sistema de significação, nunca é neutra, expressa sua cultura e é permeada pelas relações sociais de um determinado momento histórico(Scott, 1990)*. Por isso, esta Maria em sua linguagem acena ininterruptamente com uma idéia.


É de notar que desde a década de 60 começou a ser constatado que a linguagem nas sociedades ocidentais, por ser um sistema simbólico profundamente arraigado em estruturas sociais patriarcais, não só refletia mas também enfatizava a supremacia masculina. Devem estar pensando, 'eita, lá vem o exagero dos discursos feministas'. Calma, não se afobem, mas vamos acompanhar a experiência que vivi a poucos minutos.


Lia eu, feliz, matéria competente e sensível publicada por Época desta semana, a respeito do nascimento da 'primeira nova família brasileira'. Inscrita na seção Sociedade/Justiça e assinada por Eliane Brum, a reportagem trazia a público o caso de Michele Kamers e Carla Cumiotto. Elas pediam o direito de registrarem no nome das duas seu filho e sua filha, gêmeos. O juiz Cairo Roberto Rodrigues Madruga, da 8ª Vara de Família e Sucessões de Porto Alegre, corajosamente decidiu pela coincidência entre direito e justiça, concedendo a elas e às crianças o direito ao reconhecimento legal da família constituída. Percebam os versados em direito que não falei em entidade familiar, eu disse: fa-mí-lia, embora este seja tema para outro texto


A matéria recheada de todo o histórico do casal, das emoções da gestação e do parto, a escolha de nomes, de escola faz uma belíssima apuração do fato. Com sensibilidade e competência coloca diante de nós, homens e mulheres, a importância da família na sociedade, tempos em que o modelo familiar ainda é questionado (e muito). Mostra a relação entre duas pessoas baseada em amor, em decisões partilhadas, em respeito mútuo, independente da orientação sexual do casal. Por fim, traz luz sobre - mais importante - o respeito às diferenças e o exercício cidadão deste direito. Recomendo a leitura da matéria.


No entanto, não por culpa de Eliane Brum, o sistema patriarcal em que fomos criad@s e educad@s invisibiliza a mulher em algumas passagens do texto, chegando a saltar aos olhos em dado momento. A jornalista já no preâmbulo da matéria ao se referir a Joaquim Amândio e Maria Clara diz:
'seus filhos gêmeos',

 o uso genérico, neste caso, mostra a invisibilidade da menina. Em nossa sociedade, lamentavelmente, o sexo masculino ainda é o prioritário. Por que temos de ser chamadas de ele nas formas genéricas? pergunta Carmem Caldas-Coulthard, em seu artigo Caro Colega: exclusão linguística e invisibilidade (2007).


Infelizmente não pára por aí. Quando chegava ao final da matéria, entusiasmada e ainda emocionada com a avançada decisão do juiz e com a corajosa demonstração de cidadania de Michele e Carla ao divulgar sua história, deparei-me com a reafirmação máxima da cultura patriarcal em que ainda hoje estamos mergulhadas, em parágrafo que reproduzirei na íntegra.

A história de Joaquim Amândio e Maria Clara está documentada desde o primeiro Kamers e o primeiro Cumiotto que chegaram ao Brasil. Os retratos antigos dividem as paredes da casa com as fotografias que contam o romance de seus pais (grifo nosso) e seus dois primeiros anos de vida.



Por que o genérico de pai e mãe é pais? Pior, porque o genérico de mãe e mãe (ou pami como quis ser chamada Michele) é pais? Neste caso, não apenas uma mulher foi invisibilizada, mas duas, numa única palavrinha de quatro letras. O lugar do escritor, do crítico, do pensador e do pai está aí para definir o lugar do sujeito que fala em nome da cultura, da cidadania e da hegemonia (Schimidt, 2009). Essas mulheres são sujeito(?) de sua história, protagonistas de uma revolução silenciosa quem vem acontecendo no Brasil, e por uma palavra foram invisibilizadas.


O patriarcado está aí, caríssima Eliane Brum, enraizado em você como na maioria absoluta de nós, mulheres e homens. Talvez seja a razão pela qual, apesar de termos cerca de 81% de mulheres nas principais redações brasileiras, ainda vimos reproduzindo e enfatizando inconscientemente o modelo aprendido na família, na escola, na sociedade em que vivemos: Nossa cultura. Algumas de nós chega a achar chato tocar no assunto. Vale a pena pensar sobre:


TODA MULHER TEM DIREITO A SER VISÍVEL, INCLUSIVE NA LINGUAGEM.


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