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segunda-feira, 6 de abril de 2015

Eu Garanto...

''Eu garanto que teremos momentos difíceis, e garanto que haverá momentos em que um de nós - ou ambos - vai querer sair fora, mas garanto também que se eu não me casar com você me arrependerei pelo resto da vida por que sei que você é o homem para mim'' (Maggie Carpenter in Noiva em Fuga).



E eu garanto que revirando os rascunhos encontrei esse texto não escrito e me pergunto o que terá me inspirado a escrever sobre o filme, que particularmente gosto, e sobre o tema casamento.

Seja lá o que for que estivesse vivendo naquele momento - será que encontrei ''o cara'' e já nem lembro mais? - Se foi isso, que bom que não casei, não é mesmo?  Vou tentar construir uma idéia em torno dessa crença de ''o cara'' ou em inglês ''the one''.

Há um homem certo para mim ou para ti? Há o cara que magicamente [ou não] vai aparecer na tua vida e te tirar da torre, te pegar pela cintura, colocar na garupa do cavalo branco e te levar em direção ao sonhado felizes para sempre?

Podem me acusar de cética, mas duvido. Duvido de tudo no último período, exceto de que nos colocamos em torres. Sejam torres de afazeres ou torres de exigências, mas algumas de nós se encastelam mesmo. Todo o resto, como dizia, é estória da Carochinha. Não há príncipe encantado e menos ainda ''felizes para sempre''.

O que há é estar aberto ao Amor, mas não falo do amor romântico que em tudo é idealizado. Do amor  construído nos roteiros hollywoodianos há décadas que nos enchem a todos de sonhos inalcansáveis, que findam por contribuir para o fim das potenciais relações reais. Por que Amor é relacionar-se, não é estar num relacionamento, nem usar uma aliança de ouro 18k da H.Stern, nem casar de véu e grinalda ou reformar um apezinho financiado na Caixa.

Relacionar-se é revelar-se em toda a sua vulnerabilidade, é despir-se diante do outro por completo. Amar é abrir irremediavelmente o coração correndo todos os riscos de se ferir, de cair, de chorar um pouco, e na mesma proporção arriscar-se a viver integralmente o ser que se É diante de outro. E desse encontro simplesmente saber-se sendo a própria essência sem o medo de ser abandonado ou enganado. É ser acolhido em sua luz e sua sombra, sem ser julgado, aconselhado ou consertado.

Entrou por uma porta e saiu pela outra... Quem puder que comente outra!



Respeite os direitos autorais. Se for citar, dê crédito à autora.









segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Pão e Vinho - Lago Norte

Café da manhã em Brasília rende muitas possibilidades. Desde a feira do CEASA até a padaria mais ajeitada do Lago Norte [meu bairro de casas predileto]. Reza a lenda que quando os primeiros moradores chegaram a Brasília, o Lago Norte era tão distante e deserto que quem comprava um lote, ganhava outro. Bons tempos aqueles! [Quisera eu!] O bairro é tranquilo e os moradores tem um perfil bem mais multicultural que no seu irmão-gêmeo Lago Sul. Aliás, Lago Norte ainda reserva maravilhas não registradas por esta blogueira, que virão muito em breve, porque em termos de Dicas de Brasília, não há como não registrá-las. Mas deixemos de blá, blá, blá e vamos ao que interessa agora: Café da manhã na Pão e Vinho. 

foto: João Neto
A padaria é bem abastecida, tem belos doces num balcão vitrine de comer com os olhos.  Tudo que alguém alérgica a glúten e intolerante a lactose não pode. Mas sabe como é... Eu sou, mas vocês não são, então. #Ficaadica.  Por que os pãezinhos [carioca, cacetinho, de sal, francês] parecem deliciosos e eles fazem o famoso ''na chapa''.

foto: João Neto
O café da manhã é servido em área aberta em mesinhas simpáticas, mas o cheiro de carne assando invade o espaço ocupando toda a poesia de forma rude. Ainda assim, a Kátia nos atendeu super bem. Com uma simpatia que cativa. 

foto: João Neto
O biscoito de queijo é imperdível* e há várias opções para alguém, que como eu, tem restrições alimentares. Entre cuscuz [nordestino], tapiocas e ''otras cositas más''. E, claro, tem todas as boas opções de uma padaria variada, incluindo crepes. A chapa é comandada pela Nalvinha e o café tirado pela barista Daniela. 


E para quem quer acompanhar... Semana que vem tem mais. Entrou por uma porta, saiu pela outra, quem tiver dicas de café da manhã em Bras'Ilha, que nos conte outra! 









Respeite os direitos de autoria. Se for citar, dê créditos à autora.






sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Cotidiano

''Todo dia ela  faz tudo sempre igual, 
se levanta às seis horas da manhã...'' (Chico)



Subitamente me dei conta enquanto dirigia que todos os dias faço o mesmo caminho. Sempre a mesma rota. Pego o carro, saio da garagem, viro a esquerda, sigo por alguns metros, viro à direita para em seguida virar a esquerda e seguir em frente por três quadras. Passo por dois balões, paro em pelo menos duas das 6 faixas de pedestres do caminho, sigo até o semáforo, quando novamente viro à direita e deslizo até a tesourinha que leva à Catedral e, por consequencia, à Esplanada dos Ministérios. Dali desço, atravesso mais alguns semáforos, encontro a Praça dos Três Poderes, viro à esquerda, viro à direita para depois de mais três semáforos [eles estavam no projeto do Lúcio Costa?] finalmente entrar no estacionamento do trabalho. Não! Voltei ao volante e decidi que hoje seria diferente. 

Logo no segundo balão tomei outro rumo. Mudei a rota sem aviso prévio. Apenas fui lá e mudei: Pronto! E gostei...Vi mais árvores, pessoas caminhando, bicicletas passando, ônibus [nunca vejo]. Parei em outros semáforos, vi outras paisagens  e estava há menos de 200m do caminho corriqueiro. Mudei e não doeu. Senti a liberdade de escolher. 

E pensei sobre costumes, hábitos, sobre os mesmos caminhos, as mesmas escolhas, os mesmos pratos, a mesma feijoada às sextas-feiras e as mesmas piadas. Como tudo se repete todos os dias. Se repete ou repetimos? Vamos dar crédito a quem de direito. Nós repetimos. Eu, você e todxs nós. E foi isso que subitamente me dei conta: é tranquilo, previsível, seguro e corriqueiro. Basta ligar o automático e automaticamente nos automatizamos. E o cotidiano fica isso assim meio bege. 

Chato, e vai ficando mais chato. Até que um dia [ou não] acontece esse despertar e pluft!  E o velho caminho se acaba. E a repetição termina, ou pelo menos a rota é substituída por outra. E outras paisagens surgem, com ela novas oportunidades, outras pausas. Acabou-se aquele caminho, novo caminho se fez! 

Feliz 2013 a todxs! 


sábado, 3 de novembro de 2012

Qual a resposta?

'O que eu tenho de fazer para receber esse cuidado e essa atenção?'


Algumas perguntas nos desorganizam tanto que mal conseguimos responder. 



'O que eu tenho de fazer para receber esse cuidado e essa atenção?'


Mesmo ouvindo pela segunda vez a pergunta, não conseguia respondê-la. Via o cursor girar em busca de arquivos que contivessem a resposta: em vão. Não havia naquele tempo/espaço resposta. E, como de hábito, tropecei nos próprios pés e, de súbito, mandei uma resposta completamente sem verdade. Vencida pela timidez, que tento a todo custo ocultar, choveu dentro de mim. E fiquei a dar voltas em torno do rabo em busca da resposta que sei de cor. 

Para receber de mim cuidado e atenção, gentileza e coração é preciso bem pouco. 

Primeiro é preciso verdade. [aquilo que faltou em minha resposta atrapalhada];

Verdade de ser quem é, confiando em meus braços e coração abertos à toda gente. Não vale ocultar timidez, como fiz e tropeçar nos capachos das salas de estar, derrubando bandejas inteiras e fazendo algazarra. 

Em nome da verdade tenho de confessar: Assim, de surpresa, sinto medo e respondo qualquer coisa que me afaste rapidamente das perguntas que me embaraçam.

Então, é preciso também generosidade para aceitar quem sou, como sou. Perceber que por detrás da mulher intocável, há uma menina e que a guerreira valente tem um coração delicado, que merece [também] cuidado. 

Por último é preciso saber, e fazer valer, o cuidado e a atenção que desejas. Como? Por reciprocidade. 

Tudo o que dou é o que peço. Então, não venha com descuido ou desatenção. Cuide de mim e cuidarei de ti. Seja gentil e respeitoso, serei gentil e respeitosa. Seja carinhoso e serei carinhosa. Cuide e serás cuidado. 

E por fim, lembre-se do primeiro requisito [sempre]: Seja verdadeiro. 










domingo, 2 de janeiro de 2011

Ano Novo, Livro Novo!

Livro e a metáfora da vida foi tema de um e-mail que recebi dia desses. Embora seja nada original, gostei do efeito e, sim,  por dias os macacos sambavam no sótão.

Folheando o livro 2010, primeiro descompromissada, pouco a pouco percebi quanto relê-lo era importante. Rever erros e acertos, escolhas e omissões trazia à consciência que sou autora da história, com méritos e responsabilidades.

Dei-me conta que esse livro é escrito à caneta, com tinta não lavável. O que escrevi ao longo de 2010, assim como as palavras ditas, não poderia ser apagado. Ali estava, registrado para a posteridade com todas as suas circunstâncias e consequências. Nenhuma escolha é inconsequente, ainda que assim o queiramos. E não nos é possível arrancar páginas. Dores e amores convivem no Livro 2010. 

Escrevo as últimas linhas do Livro 2010. Em poucas horas ele será fechado e colocado na estante, apenas para consulta. Não se presta a empréstimo. E no momento em que colocá-lo na prateleira desta primeira década dos 2000, receberei um novo volume: todinho em branco.

O que vou escrever? Ainda não sei. Sei apenas que em 2011 quero cometer erros novos. Desejo que o amor vença o medo e eu possa entrar com peito aberto. Desejo que a compreensão e o respeito, por mim e pelos outros, seja maior que a insegurança. Quero que o cuidado com meus corpos e com minha existência terrena seja maior que a falta de tempo ou o abandono de mim. E quero ainda, mais que tudo, clareza para enxergar o que realmente quero.

Enquanto esse post amadurecia na fila de publicação as primeiras linhas 2011 foram escritas, as primeiras escolhas foram feitas, o capítulo I recebeu seu título: Eu Quero

E o que mais quero em 2011 é serenidade para aceitar as coisas que não posso modificar, coragem para modificar as que posso  e sabedoria para distinguir umas das outras. (oração da serenidade). 

Quero ainda:

Aprender o AMOR,
Conquistar a PAZ, cada dita, todos os dias
manter a SAÚDE, física, mental e emocional
curtir muito a FAMÍLIA, 
honrar a PROSPERIDADE,
ganhar DINHEIRO, fazendo o que amo,
viver a ABUNDÂNCIA, todos os dias
agradecer pelos AMIGOS, que estão  a meu lado, presentes ou ausentes, para apoiar quando preciso e para celebrar as conquistas.
ver DILMA ROUSSEF fazer um grande governo e CONSOLIDAR a participação de mulheres nos espaços de PODER.

ESCREVER, ESCREVER, ESCREVER...




segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Clichês

''Basta estar vivo para morrer''. Amo ditos populares, alguns julgam clichês desprezíveis, outros os usam indiscriminadamente. Eu, criada a base de frase de paralamas de caminhão, durante as intermináveis viagens por terra nas férias de verão, sei vários. E eles sempre me vêm à mente. São os precursores do twitter. Em menos de 140 caracteres dizem tudo, com clareza e objetividade.

Hoje ao sair do prédio onde trabalho vi o burburinho. Há menos de 15m uma mulher morrera de ataque fulminante do coração. ''Basta estar vivo para morrer'' - pensei. E os macacos começaram sua algazarra no sótão.

Por que nós esticamos mágoas e rancores? Por que nos afastamos de quem amamos por birra? Por que super valorizamos o medo em lugar do amor, a dor em lugar da saúde, a mágoa em lugar da compreensão? Por que buscamos afetos fakes para suprir nossas carências reais? Por que investimos tanto tempo em ferir quem nos fere, quando o que no fundo do coração queremos é que o engano, a briga, o desentendimento nunca tivesse ocorrido?

Por que perdemos valiosos minutos de nossa vida longe de quem nos faz feliz? De quem amamos? Dos amigos? Dos sentimentos verdadeiros?

Nossa vida está por um fio todos os dias. É clichê, sim! Mas é! A qualquer instante eu ou você podemos simplesmente deixar de existir e conosco vai embora um amor, uma palavra de afeto não dita, um reencontro adiado. Vale a pena usar paliativos para estancar a dor da injustiça ou da decepção em lugar de buscar o reencontro, o diálogo franco, maduro e honesto? Vale a pena falar com quem quiser e perder quem nos ama e a quem amamos?

Só existe hoje. Apenas hoje existe, por que basta estarmos vivos para morrermos. Quero viver cada dia como se fosse o último, preferencialmente ao lado de quem amo de verdade e não acalentando meu ego com carícias fake. Quero que, longa ou curta, minha vida seja real e intensa. Com dores e amores.

Não espere 2011 para ser feliz, para iniciar a dieta, para fazer as pazes com o irmão, para reatar o relacionamento com a mulher que ama, para dar uma chance ao homem da sua vida.

Viva agora! Jogue fora agora todo o lixo, os cadáveres, as más lembranças, as dores mal curadas, as mágoas e os rancores. Aceite agora que você e os outros têm limitações.

Viva agora! Não espere o dia seguinte, esse tempo não existe.

Viva agora os melhores desejos para 2011! Não há garantias! Portanto, viva. Agora!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A Torcida Campeã

 

Havia, durante todo o ano, uma expectativa de vitória no ar. O Inter e sua torcida aguardavam ansiosos pelo jogo de hoje. Apostaram todas as fichas e sonharam acordados dias e noites esse momento. Viveram projetados no futuro incerto, como se certo fosse.

O time, conduzido por um excelente técnico, é composto por um grupo talentoso e dedicado de jogadores. Ases como D'Alessandro, Guiñazu, Tinga, Alecsandro e Giuliano, entre outros. Mas depois de tanta expectativa e  anseio, algo ficou no caminho.

D'Alessandro, ansioso, não dormira. Visivelmente abalado emocionalmente passou anônimo todo o primeiro tempo. No segundo cometeu erros absurdos para um atleta de seu quilate. O emocional suplantou seu talento e o nocauteou. Guiñazu, líder reconhecido, estava irreconhecível. O time chutou a gol 11 vezes, não acertou nenhuma.

Viveu 2010 aguardando esse dezembro em Abu Dabi e quando o momento chegou, por temor ou por ansiedade, pôs tudo a perder.


Mas a Torcida foi um espetáculo. Cerca de 5mil assistiram ao vivo, enquanto milhares de corações colorados vibravam no RS, no Brasil. Enquanto, mesmo torcedores de outros times, emitiam boas vibrações para o time do Internacional. Numa mescla de ansiedade, nervosismo e força, a tudo acompanhou: intensamente. E gritou e rezou e torceu e chorou.

E apesar dos erros, das imperfeições e fragilidades tão humanas de seu time, estava lá para apoiá-lo. Esteve lá para expressar sua tristeza e decepção. Está lá para, mesmo decepcionada, estender-lhes as mãos. As cidades gaúchas, caladas pela frustração, silenciadas pela dor da derrota, estão cá a condoer-se pelos gols não feitos, pelo título deixado pelo caminho.

O espetáculo da Torcida Campeã é  show de amor, que mesmo ferido, doído, sonhos desfeitos, se cala e chora, preparando-se para, no próximo desafio, vestir novamente a camisa, encher-se de orgulho e cantar, e gritar e torcer por seu time do coração, deixando para trás as decepções. Não importam os erros e o mal desempenho de alguns - são antes de tudo humanos - por que o amor pelo time é maior e a tudo supera.


quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Os Patos

Hoje li um texto que me colocou macacos no sótão. Decidi compartilhar com vocês por que mudou minha vida lê-lo. Tão simples, tão óbvio e eu não via. Vamos lá, então...

Você já parou para observar os patos na lagoa? Não, não é pegadinha. Logo após um confronto, intenso e rápido, separam-se, afastam-se em direções opostas. Daí, eles liberam toda a energia que se acumulou com o conflito, batendo vigorosamente as asas.



Assim, liberados da energia acumulada na luta, nadam em paz, como se nada tivesse acontecido. 

Agora, pense um pouco, se o pato tivesse a mente que temos, ele manteria o confronto vivo no pensamento. Ele recriaria o ocorrido milhares de vezes em sua cabeça, formaria infindáveis diálogos internos e perderia horas e horas, dias e dias revivendo a dor e o sofrimento do confronto. A mente vai recriando e recriando a história, eternizando o conflito. 

Agora, e se fôssemos como os patos? Se conseguissêmos calar essa voz interna que fica martelando na cabeça, repetindo e repetindo a história, apontando culpados,  recontando e criando novos e tenebrosos detalhes?  A voz insiste e cria novos diálogos fictícios, se disséssemos isso, se respondesse aquilo. Será que conseguimos?

Podemos calar essa voz, mas para isso precisamos ter consciência de que esta voz não é o que somos, é apenas o ego vociferando para manter o estado de dor e de indignação, enquanto nos distanciamos de nós e de nossos desejos reais. 


Eu quero ser como os patos! E você?

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Festa de Aniversário é Sagrada

Há dois anos atrás fui convidada para a festa de aniversário de uma amiga querida. Ela quis arrasar, contratou um salão enorme e fez uma festa daquelas 'super', para muita gente. Naquela noite saí do trabalho muito tarde, depois de uma semana exaustiva, mas ainda assim pensando no que iria usar para ir ao evento. Não consegui. O cansaço foi maior e adormeci. No dia seguinte, ouvindo as estórias deliciosas sobre a festa, pensei: 'Que bom que foi tudo isso, assim ela não deve ter sentido minha falta'. Ledo engano, ficou magoada: não fui ao aniversário de 50 anos dela. 



Aprendi com minha amiga Roberta que festa de aniversário é sagrada. E é, cada dia estou mais convencida. Não importa se o aniversariante convidou 6 ou 7 amigos/as intímos/as ou se é uma balada para mais de 50 pessoas. Se te convidou, acredite, sua presença é importante. 




Para quem organiza uma festa de aniversário, cada convidado é significante. E até que os primeiros cheguem, há sempre o frio na barriga, o medo escondido no fundo do baú de que apareça ninguém. Pode parecer projeção minha - e há grande chance de ser - mas conheço 'n' pessoas que já me confessaram esse medo nem tão secreto. 





Por essa razão, hoje em dia, só furo festa de aniversário por motivos muito sérios. Sinto-me honrada – literalmente - por ser convidada a comemorar um aniversário. Obrigada Marcelo, obrigada Thaís por me incluírem nesse seleto grupo de convidados. 











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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Bastardos Inglórios - Eleições 2010BR

''Os Nazis conquistaram a Europa com mortes, torturas, intimidação e terror. É exatamente isso que faremos com eles''. (Aldo Raine, in Bastardos Inglórios).




Hoje me perguntaram qual a diferença entre Aldo Raine (Brad Pitt) e Hans Landa (Christoph Waltz). Disse que enquanto um (Aldo) praticava a violência física, o outro (Hans) praticava a violência psicológica. No frigir dos ovos, apesar de estarem em lados opostos, farinha do mesmo saco. Meu interlocutor então disse que para ele:
- Apenas um deles vencera a guerra.

-Sim - respondi - não há diferença entre eles. Assim como a jovem Shosanna Dreyfuss também não se diferencia de ambos. 

Isto porque, todos, absolutamente todos usaram de violência para expressarem e garantirem sua posição. Embora parecesse que havia dois lados, apenas um foi expresso: vigança e violência. Era preciso vencer a guerra! 

Nós, espectadores do filme de Tarantino, também expressamos: violência e vingança. Afinal, atire a primeira pedra quem não vibrou com a imagem incandescente de Shosanna Dreyfuss na imensa tela do cinema - abarrotado de nazis - em chamas. Naquele instante todas e todos encarnamos a madrasta má de Branca de Neve e rimos o riso da vingança. Sim, há muita humanidade em nós. Tanta que somos feitos de silêncio e de sons, de violência e ternura. 

Hoje, em nosso país, apesar de não estarmos em guerra, a fim de chegar ao 2º turno, assistimos mentira, calúnia, difamação, intolerância contra Dilma Roussef e o PT. Vimos o PIG e alguns setores evangélicos e católicos agirem como nazi facistas incitando o ódio, semeando a discórdia, a mentira e a calúnia. Como vamos responder a isso no segundo turno? Empunharemos as mesmas armas ou superaremos a dor da mentira semeando a verdade?

Para mim, momento de reafirmarmos a verdade e a ética. Momento de nos distanciarmos da história de morte, tortura, dor, manipulação e mentira e reeafirmarmos os sons, mais que o silêncio; a ternura, mais que a violência e seguirmos adiante em direção ao Brasil que queremos. Um país com mais cultura, mais educação, mais moradia, mais emprego e renda, mais saúde, mais transporte e menos miséria. MAIS ÉTICA, menos mentira. Um país que mudou os rumos da história e quer continuar mudando.




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quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Maria Rita Kehl e a Era das Possibilidades

Vinculo abaixo, o artigo de Maria Rita Kehl, publicado no Estadão e que colocou a moça de joelhos no milho, virada para a parede, lamentavelmente.


Internet, disse outro dia na roda de prosa sobre Culturadigital, é a expressão máxima do que chamo A Era das Possibilidades. Mas para viver esta Era temos de estar prontos para aceitar de fato que a liberdade de expressão  é para todos/as.

Para vivê-la bem, temos de exercitar os ouvidos abertos, a mente e o coração abertos. Estar prontos para discutir idéias e não ideologias. Abrir espaço para o debate que constrói novos caminhos para a qualidade de vida não apenas de nossa espécie, mas de todo o planeta. 

Respeitar as diferenças, inclusive em relação àqueles que estão ''do outro lado'', preservando a ética e o jogo limpo, em que todos/as ganham. 

Afinal, o que há no mundo, há em nós, inclusive ''o outro lado'', revire seus velhos baús e ainda haverá de supreender-se encontrando pensamentos, sentimentos ou experiências em que ''o outro lado'' se mostrou em você.

Não há por que envergonhar-se disso, conhece-te a ti mesmo, já dizia o filósofo, por que só conhecendo o que se passa dentro, entendo, compreenderemos o que se expressa fora.






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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Deus e o Diabo na Terra do Sol - Eleições 2010BR

Enquanto Dilma ia às igrejas católica e às evangélicas para esclarecer que 'não, não era a favor do aborto', Marina Silva, a ''Davizinha'', ia crescendo nas pesquisas por força da ação viral de fariseus que a apóiam. Milhares de e-mails despejados nas caixas de mensagens, veiculados por 'pastores' das igrejas evangélicas que a apoiávam, contendo os maiores absurdos, impropriedades e, inclusive mentiras e distorções explícitas. 

Não sei exatamente em que ponto dessa história toda Marina deixou de ser a aquela que representava a ética na política para se juntar à máxima ''os fins justificam os meios''. Assim como não sei como Dilma, a mulher guerreira, defensora de direitos - das mulheres -  chegou a curvar-se diante do clero. 

O fato é que desde que escolheu quem escolheu como aliado, Marina vem crescendo em popularidade e descrescendo em fidelidade a seus ideais(?).  De algum modo, como Dilma, que ao mitigar às lutas feministas, afasta-se de sua história em nome da vitória. 

Ambas traem a si mesmas, e os/as eleitores/as de Dilma, conscientes da verdade, solidarizam-se com a imolação e erguem-se em defesa do bem maior da coletividade, enquanto eleitores/as de Marina, sequer se dão conta de que ao repassarem mensagens mentirosas com o fito de alterarem a verdade, repetem um gesto tão conhecido dos cristãos: condenam injustamente diante de Poncio Pilatos, em troca da ilusão da vitória.  

Vitória de quem? Naquele caso, o libertado para seguir adiante foi um ladrão. E aqui/agora? Vitória de quem?

Poderia dizer que na minha humilde opinião, de cidadã-eleitora, enquanto Dilma ''se entregou'' a Deus, Marina vendeu a alma ao Diabo. Qual delas afastou-se mais de si mesma, afinal? Qual delas, deixou a luz para deitar-se com a sombra? 

Dilma afastou-se da luta feminista, em alguma medida, mas não da verdade. Ela, de fato, é contra o aborto. E em nome do restabelecimento da verdade, buscou as igrejas.

Marina, no entanto, permitiu que as mensagens desonestas espalhadas pela internet fossem veículo de sua expansão eleitoral, com isso, compactuou com a mentira, com a falsidade, com a falta de ética. Não poderia estar sorrindo, acreditando que fora votada por sua capacidade de ''propor (propôs?) soluções para os ''graves problemas'' do Brasil. Deitou-se com a sombra, entregando sua alma em troca de poder e de prestígio. Prazeres tão mundanos.

Ainda me indigno com o esse tipo de jogo político sujo que usa de mentiras para diminuir a próxima a fim de fazê-la de escada, em lugar de debater a sério os rumos do país.

Embora meu voto não fosse de Marina, eu a admirava antes das eleições. Marina me desapontou ao longo de todo o processo, e ceifou de vez todo meu respeito por ela quando silenciou diante da mentira em nome do acumulo de capital político para seguir no jogo, mesmo fora dele. O que acreditava que havia de melhor nela murchou. Foi cooptada, vendeu a alma ao Diabo por ação e por omissão. 

No frigir dos ovos, o mais importante - e preocupante - é que voltamos a Idade Média, mais conhecida como Idade das Trevas: Eis as igrejas com a faca e o queijo na mão para ditar a quem o povo delegará seu poder soberano.




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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Primavera

Sabedoria observar os ciclos da vida e aprender com eles. Somos também nós parte da vida no planeta e vivemos, ainda que não nos demos conta, de tais ciclos.

A vida passa por nós, enquanto passamos por ela numa dança infinita e harmoniosa. Cada estação um desafio. Cada temporada um aprendizado. Assim passam os dias, os meses, os anos. Seguimos adiante bailando ao som do tempo silencioso que passa.

No entanto, há pessoas alheias aos ciclos da vida, não percebem a beleza nem se dão conta do movimento. E insistem em acreditar que ainda estão no mesmo lugar. O mundo gira e lá estão elas tocando as mesmas músicas, repetindo os mesmos versos gastos. O tempo passa tão lento que o som de suas vidas se distorce com um vinil tocando na vitrola em baixa rotação.

Há ainda aqueles para os quais o tempo não passa, a vida não passa. Estacionam num fato, num ato, num caso suas vidas vazias e ali repetem e repetem as mesmas escolhas: um vinil arranhado e melancólico. Há os que seguem bradando os mesmos gritos de guerra, repetindo e repetindo as mesmas crenças, sentados no centro do disco.

O tempo é relativo para cada um. Escolhemos o tempo em que tocamos nosso vinil predileto. Para mim, a primavera chegou, trazendo novas flores nos velhos Ipês do Eixão. Trazendo infinitas possibilidades de realização. Meu tempo é o agora, minha rotação é aqui. Qual é o seu tempo?

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Macacos no Sótão

Carpinejar afirmou hoje no twitter 'É frustrante para uma ciumenta namorar um homem comportado.' Foi quando um grupo de macacos sapateadores ocupou meu sótão.  

Formou-se um eco ensurdecedor naquele pedaço de mim e tive de parar para refletir. e sentir. Respirei fundo naquela frase, tentei que cada palavra entrasse pelas narinas junto com o ar e inundasse o sótão, arejasse as idéias. Ainda assim, havia ainda um incômodo. Meu cérebro concorda integralmente com Carpinejar, enquanto meu coração bate a ponta do pé contra o solo e a cabeça balança ao som do tsc, tsc, tsc.

O assunto me lembra Walkíria. O primeiro marido achava que ela não o amava o suficiente por que desde os tempos de namoro o incentivava a ter um tempo dele com os amigos - conversas de bar, jogo de futebol essas coisas - pelo menos uma vez por semana. Ela não era ciumenta e isso o fazia sentir-se menos amado. O coração sorria tranquilo aquelas horas bem vividas dele e dela, cada um experimentando seu próprio espaço. Walkíria* acreditava no amor e na liberdade.

Gostava de dizer que nunca foi traída por ele, embora saiba que até foi. Mas sempre preferiu a ignorância aos pesadelos e às disputas. Não sei se foram felizes, mas certamente, ela teve dez anos de noites inteiras de sono.

Depois que a relação acabou, Walkíria teve alguns parceiros até encontrar um novo companheiro. Dizia-me que com ele desceu ao inferno. O homem era compulsivo por sedução, enlaces, enfim por mulheres. Ela chegou a pesar 44 kg e toda sua tranquilidade voou pela janela sempre aberta às novas aventuras dele. Traições sucessivas a deixaram paranóica e ela não conseguia sair do lugar. Ele era compulsivo por mulheres, ela compulsiva por ele. Depois de três anos de conselhos de amigas e de repetir para si mesma 'ele não vai mudar, sou eu quem tem de mudar', deixou-o em silêncio.

Cinco anos de terapia e abstinência de afeto depois, viu-se diante do mar. Primeiro a ponta dos dedos, um pé, depois o outro. Sentiu cuidadosamente o terreno, deixou-se envolver pela água morna dos sentidos, por fim entregou-se às ondas sutis que a invadiram. Ele era mar calmo, com poucas ondas e nenhuma arrebentação. Confiou como nunca, confiou como antes.

Até o dia que a rede lhe trouxe notícias de uma vida dupla. Ligou aos prantos em  pleno dia dos namorados. Era o fim, dizia ela. Saímos para um chopp e os soluços foram substituídos pela prosa divertidas dos amigos. Terminou a noite começando uma nova trajetória. 

Uma semana depois já estava naqueles braços de novo, ouvindo promessas de amor eterno e acreditando na célebre frase dos incautos 'Eu vou mudar'. Nunca mais foi a mesma e ele, aparentemente comportado, continuou o mesmo. 

Será que ela se sente frustrada por ele estar comportado ou por sabê-lo o mesmo?

*Walkíria é nome fantasia em respeito a privacidade da amiga em questão.



terça-feira, 20 de julho de 2010

L'Advsersaire (france, 2001)

O Adversário, dirigido por Nicole Garcia, lançado em 2002 recebeu a Palma de Ouro de melhor filme. Baseado em fatos reais conta a história de Jean-Marc Roman que matou a esposa, os filhos e os pais.

Do drama sai a seguinte frase, escolhida por P.Fendler:  

'' Diga-me Jean, por que as mulheres que mais nos excitam não são aquelas com quem podemos viver?''


O desafio de seguir o projeto é maior que o de Julie Powell. Naquele caso, ela cozinhava receitas de Julia e registrava em seu blog as alegrias e dissabores da experiência. Neste caso, o registro dos dissabores torna a experiência uma exposição em carne viva.

Não sei se por ter perdido o hábito de escrever com regularidade ou se por ter me deixado conduzir pela ilusão de escrever somente por impulso e inspiração, mas o fato é que a frase - notável - não conseguiu arrancar de mim mais que esse desabafo infantil.

Talvez o fato de não estar em casa, perto de fontes de consulta e de um cenário conhecido. Talvez o frio que me gela os ossos, talvez a própria incapacidade de organizar as idéias relativas a tão famigerada expressão.

Cheguei apenas à gênese do pensamento que me conduzia para a vinculação dessa idéia à idéia de arquétipos femininos e o preconceito masculino inconsciente deles ecorrentes.

O que me diria Cadu a esse respeito? Qual seria a posição de Elissa? O que diria Parrode sobre a magnífica frase?

Por onde anda a turma de Cinema, Diversão e Arte nessas horas?

terça-feira, 13 de julho de 2010

The Holiday

O Amor não Tira Férias - The Holiday (confira o trailler) : Duas mulheres, Iris (Kate Winslet) e Amanda (Cameron Diaz), duas histórias de frustração afetiva. Duas mulheres contemporâneas cansadas de bad romance e uma frase perfeita para reflexão, pronunciada por Arthur Abott (Elli Wallach), velho roteirista de Hollywood, dá origem ao presente texto:

''Iris, nos filmes tem a atriz principal e a coadjuvante: a melhor amiga. Todavia, posso afirmar que você é a atriz principal, mas por alguma razão que não se justifica, você está agindo como a melhor amiga (a coadjuvante).''


O que faz com que mulheres bonitas, independentes financeiramente, realizadas profissionalmente se coloquem no papel de 'melhores amigas' ou atrizes 'coadjuvantes'? Por que algumas mulheres 'atraem' esse tipo de situação?

Fácil observar que diversos são os  fatores que podem levar uma mulher a colocar-se no papel de coadjuvante, fatores sociais, culturais e individuais. Difícil é fazê-las perceber que essa é uma escolha delas, ainda que inconscientemente.

Vivemos numa sociedade - a ocidental - marcada pela tradição judaico-cristã que esquartejou a mulher em pelo menos três partes, a saber: a puta, a santa e a pecadora redimida. Daí se depreende pelo menos três arquétipos femininos.

 
 A figura da santa,  representada por Maria, mãe de Jesus que de tão pura concebeu por meio do Espírito Santo. Devotada ao filho, Maria não tem outra identidade senão aquela da boa moça que fecundada por milagre gerou e deu a luz ao Filho de Deus. Maria é, portanto, assexuada. Maria não está em questão no filme que ora analisamos.




A pecadora redimida é na verdade a mãe de todo o pecado e de todas as culpas que as mulheres carregam nos ombros por séculos. Nada mais, nada menos que Eva. Aquela que, por fraqueza, por curiosidade e  por  desobediência não apenas comeu do fruto proibido: da árvore do conhecimento, como também induziu o marido a fazê-lo causando um enorme e irreparável dano à família: a expulsão do paraíso. Por tal pecado foi condenada - e condenou - todas a mulheres do planeta, ''por  ordem do Criador'', a sangrarem todos os meses, sentirem dores ao parir e os homens a trabalhar para se alimentar. Sua culpa e seu arrependimento foiram tamanhos que tornou-se a esposa obediente e a companheira fiel dali em diante.



 E a Puta? Bem, essa é representada po Lilith - a mulher demônio. Embora alguns antigos livros sagrados do judaísmo falem nela, como o Talmud, a Bíblia omite sua existência. Lilith teria sido a primeira esposa de Adão. Aquela que percebendo a submissão que lhe queria impor Adão, rebelou-se e questionou. Não satisfeita, partiu em busca de outras possibilidades. Lilith é a mulher que se permite o prazer e que luta por igualdade. Lilith - a mulher demônio. Lilith, a puta. 




 Ao separá-las em três arquétipos distintos, as mulheres foram também partidas. Ao longo dos séculos tinham de escolher - como têm até os dias de hoje - entre viver o prazer sexual e a igualdade social/profssional ; ser a esposa devotada, companheira e obediente e; a mãe dedicada à prole. Resultado: identidades esfaceladas, conflitos internos. 

Mas por que estou trazendo arquétipos femininos para falar sobre a frase do filme? Procuro refletir, na verdade, a escolha - inconsciente - é verdade, de Iris, de Amanda e de muitas mulheres.

Incapaz de sustentar a idéia de ser una, a mulher que optou por ser Lilith não consegue realizar-se como Eva e/ou como Maria. Assim também, aquela que optou pela identidade de Eva - Amélia - não se realiza profissionalmente de forma plena; assim também as dedicadas mães, que após a maternidade perdem-se nesse mandato inconsciente de assexualidade.  

No caso do filme, Amanda é  Lilith que talvez inconscientemente acredita que Liliths não podem viver no paraíso, sem abrir mão de sua independência e sem abrir mão de seu prazer. Por isso, mesmo rica, bonita e profissionalmente bem sucedida atrai homens que provem que sua crença é verdadeira: homens infiéis, neste caso. OU pior que isso, Amanda não permite intimidade, não se entrega ao relacionamento e, se ele não é infiel, torna-se infiel por não sentir-se parte da vida dela. Confirma-se a crença: Lilith não pode ter prazer, igualdade E felicidade numa relação a dois. A crença - como construção cultural e pessoal - confirma-se na vida de Amanda.

Iris, por outro lado, é uma mulher sensível, que se entrega ao relacionamento com um homem que não a ama. Ela é uma profissional mediana, com uma vidinha igualmente mediana. Embora tenha inteligência, sensibilidade e humor suficientes para ser uma profissional bem sucedida e independente.Embora seja uma bela mulher, age com subserviência em relação ao parceiro que a tem quando e como quer. Iris é uma mulher obediente e bem comportado, que espera - inconscientemente - ser recompensada por seu bom comportamento com o título magnífico de esposa. Iris quer realizar o ideal de Eva. E como tal traz em si a culpa do pecado original, que a faz crer que por ser culpada não tem direito a ser tratada com respeito, consideração e afeto reais. Iris se desdobra em subserviência para merecer seu lugar de esposa. E, por ser tão disponível e 'amiga', torna-se a segunda opção, a amiga compreensiva, a atriz coadjuvante de sua própria estória. 

Sim, Iris escolheu ser coadjuvante, como muitas mulheres têm escolhido. Nada justifica sua escolha, mas a confirmação da crença de que a mulher é culpada pelo pecado original e que apenas sendo obediente, compreensiva e subserviente pode merecer o título de esposa - pior - que seu valor está atrelado a tal título que a valida como mulher e que somente pode ser dado pelo outro (o homem), explica. Ela deixa de ser o ser que É, e passa a refletir a imagem que o outro faz dela, ou talvez melhor, a projeção de sua auto-imagem distorcida. 

Para Iris, Amanda e tantas  mulheres deste século, esses arquétipos, as crenças e as impregnações são tão fortes que as fazem repetir padrões de comportamento que apenas reforçam o que a cultura, a sociedade e a experiência lhes tem ensinado ao longo dos séculos.  Por sorte, hoje, algumas mulheres vêm desconstruindo Amélia    seja por meio de psicoterapia, seja através de trabalhos de corporificação da consciência, seja por pura e simples rebeldia.





Para saber mais sobre os três arquétipos:
http://www.templodoconhecimento.com/portal/modules/smartsection/item.php?itemid=431

sábado, 27 de março de 2010

Corpos Estendidos, ali caídos: mortos

Caminhava pelas quadras da Asa Sul quando numa entrequadra avistei uma nova construção. Arquitetura contemporânea, nada além de um box recoberto completamente por aqueles vidros espelhados super usados ultimamente em prédios públicos e outras construções da Capital Federal.

Gosto duvidoso, valor estético questionável os tais vidros ainda por cima são responsáveis pela morte de diversos pássaros. Já me haviam dito, mas eu nunca havia tido o desprazer de ver com os próprios olhos. Quando vi o primeiro caído no chão não entendi o que se passava. Era um lindo passarinho azul morto, mortinho.

Com um pouco mais de atenção vi os outros corpos ali estendidos. Uns recém caídos, outros já em franca decomposição. Um verdadeiro campo nazista.

Feio, muito feio! Matam pássaros em nome de uma estética abominável. Diga-me que empresa é e te direi que não serei sua cliente, nem recomendarei.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Sempre Novo De Novo

Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Ter me rebelado, ter me debatido
Ter me machucado, ter sobrevivido
Ter virado a mesa, ter me conhecido
Ter virado o barco, ter me socorrido

Composição: Ivan Lins / Vitor Martins


Supostamente começou um novo ano, uma nova década. Finda a primeira do século XXI fica a sensação de que o tempo não para e que o mundo continua girando, de um modo ou de outro. Ontem ficou para trás com as boas e más lembranças. Depois da virada é um novo dia, tempo de renovar esperanças, fazer planos e realizar sonhos. Mas essa virada não acontece todos os dias, afinal?

A idéia aqui é que cada dia temos a possibilidade real de fazer ‘’a virada’’, deixando para trás o que não nos serve e tomando decisões – de fazer ou de não fazer – revolucionárias.

Nessa perspectiva venho virando a página todos os dias há vários meses. 2009 foi um ano de pequenas e grandes viradas diárias. Tomei decisões ousadas, troquei a pele várias vezes, mudei de casa, de trabalho, de planos e deixei para trás – mais de uma vez – velhos conceitos, antigos sonhos embolorados, decrépitas crenças ancestrais.

O ano de 2009 foi, definitivamente e a cada dia, um ano de mudanças. E eu as fiz como deveria, embora às vezes não sem alguma dor. Sinto-me hoje, primeiro dia útil (há dias inúteis?) de 2010, pronta para seguir virando, a cada 24h, a página da história, tomando decisões grandes e pequenas. Transformando os desafios da vida em experiências infinitamente interessantes e reveladoras de quem sou no mundo em que vivo. PORQUE

TODA MULHER TEM DIREITO A TORNAR-SE NOVA(s) A CADA DIA.



FELIZ DIA NOVO, A CADA DIA!!!

domingo, 6 de dezembro de 2009

Uma Vez Flamengo, Flamengo até morrer...

Uma vez Flamengo, flamengo até morrer (...)


Ainda me lembro o dia em que comecei a me interessar pelo Flamengo. Devia ter uns sete a oito anos de idade. Naquela época havia um album de figurinhas com jogadores de futebol e times. Meu melhor amigo, Paulo A., era torcedor doente do Flamengo. Ele tinha todas as figurinhas e mais algumas. Era época de Toninho Cerezo [oops Toninho nunca jogou no Flamengo, mas no Atlético Mineiro]*, Cláudio Adão no time. E eu ficava fascinada com tudo o quanto ele me contava. Ouvia atenta as estórias.


No entanto, futebol nunca foi uma paixão em minha casa. Assim, eu me tornei torcedora do time, mais por sociabilidade que por convicção. Em minha família, futebol só nos tirava de outros programas se fosse na Copa do Mundo, jogo da seleção brasileira.


Mais tarde, ao me casar reafirmei minha torcida pelo Flamengo. Mais para ser ''do contra'' - ele era vascaíno - que por convicção (de novo). Sempre gostei de vermelho e preto, as cores de Paloma Picasso, por aí se tira minha paixão pelo futebol.


Hoje, assistia ao jogo, reafirmava minha torcida ao rubro negro. Ao lado, inflamado, um colorado apostava na calhordice do co-irmão 'Grêmio'. Conforme os minutos passavam, mais me convencia - anote Luís Fernando Veríssimo - que o co-irmão não ia entregar o jogo, como todos os colorados apostavam.


Ao contrário, vi o Grêmio cheio de garra e vontade de vencer partir para cima de um Flamengo ansioso, por vezes perdido e algo desorganizado em campo. Enquanto isso, no Beira Rio, o Colorado ia dando de lavada no Santo André - quem? - sim, no Santo André, que caiu para a segundona.

O jogo corria quase fácil no Beira Rio, enquanto o Grêmio suava a camisa para reafirmar a vitória de seu arqui-rival. Caso o Grêmio empatasse ou vencesse o rubro-negro, o Inter comemoraria o tetra campeonato, após trinta anos de espera e no ano de seu centenário. Seria 'a glória!'.


No Maraca, não apenas o Grêmio se esforçava por colaborar com a vitória do Inter, como também o Flamengo com seu tom de jogo parecia querer entregar a taça aos gaúchos. Grêmio abriu o placar, contrariando todas as expectativas dos colorados que apostavam na calhordisse. O Flamengo abalado pelo gol do Grêmio, ficou ainda mais sem rumo dentro de campo.

O Inter, em perfeita sintonia com o Grêmio (quem diria), balança a rede no Beira Rio, quase ao mesmo tempo, para desespero completo dos flamenguistas. No Maracanã, o Flamengo não era um time. Até que num lance conseguiu, sabe Deus como, empatar o jogo. Mas não bastava empatar, o time tinha de vencer. E a agonia continuava no Maracanã lotadérrimo. Goooooll do Inter em Porto Alegre: Inter 2 x 0 Santo André. Fim do primeiro tempo.


De volta ao campo, Inter tetra campeão brasileiro em seu centenário. A bola rola no Maracanã: nada de gol. Inter 3 x 0 Santo André, vai sagrando-se campeão brasileiro ''quase sem esforço'' e a despeito de tudo o que falaram dos gremistas. E o jogo segue. Àquela altura me dei conta que o Fla não estava merecedor do título. Via um Grêmio aguerrido lutando por preservar sua honra, um Inter implacável defendendo a taça. E o Fla lá... Tocando a bola.


Bem, é o ano do centenário do Inter. Aquele time que foi criado para acolher a diversidade, enfrentar a xenofobia há cem anos atrás. Convicta que sou no futebol, fiquei a pensar: os colorados bem que merecem esse tetra, afinal é o ''ano-do-centenário-do-time'', o Fla não tá jogando nada e o Grêmio está mostrando-se profissa e bom de bola.


Ingredientes perfeitos para uma virada de casada depois de dezenas de anos desde minha apresentação  ao Cláudio Adão, depois de Júnior e do Galinho de Quintino. Afinal, qual o problema? Só assisto jogo de futebol da seleção brasileira e em Copa do Mundo. Minha sólida convicção estava seriamente abalada e o Inter faz mais uma entrar. Inter 4 x 0 Santo André. E o Flamengoooooolll de novo. aí complicou. Estava certa da vitória do Inter. Não era justo. O time jogou melhor, o Grêmio foi honrado e o Fla na lerdeza ia levar?!


Afinal, por quem mesmo que torci nas últimas décadas? Lá estava eu, xingando pela bola perdida pelo Grêmio, torcendo para que o co-irmão enfiasse mais uma no Fla. Vira-casaca total. Em minha defesa tenho a dizer que além de jamais ter sido convicta de minha torcida, sempre fui coerente com a justiça. E, acreditem, o Inter, neste caso, merecia mais. Afinal,


TODA MULHER TEM DIREITO A VIRAR A CASACA, MESMO QUE SEJA NO ANO DO HEXA CAMPEONATO DO TIME QUE COSTUMAVA CHAMAR DE SEU.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Chega a Primavera

A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.(Cecília Meireles)



Sábio ciclo da vida, sábias palavras das avós que desde sempre nos ensinam que não há mal que nunca cabe, nem bem que dure para sempre. No cerrado essa lição é tão perceptível. Os gramados secos e cinzentos são rapidamente substituídos pelo verdejante vivo da primavera que chega. Os ipês amarelos, roxos, rosas, as paineiras todas floridas indicam que há vida em seus troncos secos e aparentemente ocos.

É certo que a primavera chega, como diz Cecília, é certo que a vida não esquece e a terra maternalmente se enfeita para as festas de sua perpetuação.

É, pois, momento de celebrar as cores, os aromas, o novo ciclo de vida. É tempo de amor, romance, passear no parque de mãos dadas e comer pipoca ao ar livre. Tempo de reunir os amigos e as amigas em torno da mesa cheia de afetos, de sabores e de cheiros gostosos e aconchegantes, deliciosamente embalados por vinho branco e fresco levemente frutado - mas não doce, por favor - na temperatura ideal para o clima ameno desta época do ano.

Tempo de guardar as cores neutras do inverno em grandes caixas no alto do armário e vestir-se de cor-de-rosa e jasmim, de amarelo, de alfazema e fazer parte da paisagem alegre da temporada das flores. Hora de cortar os cabelos radicalmente e deixar os cachos livres e soltos para saborearem a brisa do fim da tarde.

É tempo de primavera, de renovar-se, de florir, mas como bem disse o Edu outro dia - compartilhando seus sentimentos aqui - ''É preciso desejar o novo, florar "revolucionariamente", pois o rio não corre parado''. Abrir-se em rosas escancaradamente lindas. Deixar a primavera tomar conta do coração e deixar-se banhar pela energia da temporada, que teimosa invade os vidros dos escritórios, libertando nosso bem mais precioso: o amor, porque



TODA MULHER TEM DIREITO A FLORES, AGORA E SEMPRE.