terça-feira, 24 de julho de 2012

Surpresas de Macapá II - Museu Sacada

O Museu Sacada, na capital amapaense, faz sentir no coração da floresta. Espécies nativas convivem com construções tradicionais.




Habitação dos castanheiros, feita pela própria comunidade tradicional, com matéria prima autentica e original apresenta ao visitante utencílios utilizados para a coleta dos ouriços, armazenamento e retirada da deliciosa castanha do Brasil.



A casa dos Wajãpi, reflete meus sonhos mais profundos. Veja se não é de apaixonar uma casa assim.




Mais de Wajãpi. Residencia de dois pisos com uma escada super interessante. Todas as moradias foram construídas pelos povos e comunidades tradicionais do Amapá. Há uma tv de led que difunde documentário feito durante a construção, em que o arquiteto Wajãpi descreve em sua própria língua e em português as etapas da construção.


A cozinha da casa dos ribeirinhos pode ser vista abaixo. O fogão a lenha tem configuração completamente diferente do que conhecemos como fogão a lenha do nordeste ou do sudeste brasileiros. Apoiado em bancada de madeira é simples e eficiente, abaixo depositada a lenha para alimentar o fogo que cozinha seus alimentos.


Olhem o detalhe do fogão. É possível encontrar para comprar na Casa do Artesão em Macapá - difícil é transportar - assim como cestarias e outros objetos tradicionais da região.



A frente da casa, fica virada para o rio, onde d. Maria acena com seus 'minino' para o barco, chamado de regatão. A palavra define não apenas o barco, como também a prática da compra e venda de manufaturados, remédios e mantimentos.


Mas não para por aí. O museu Sacada e o Amapá ainda tem muito a mostrar. Por isso, entrou por uma porta e saiu pela outra, se alguém puder, me conte outras!

sexta-feira, 20 de julho de 2012

As Surpresas de Macapá I

Macapá mereceria diário de bordo só pela chegada. Jamais havia sobrevoado aquele rio oceânico. [oceânico é adjetivo que indica o quão grande é o rio Amazonas, só para registro]. Deus! Não terminava, imponente, silenciosamente imponente. Mergulhei nas águas profundas do rio enquanto o avião chacoalhava sua chegada em tarde de chuva. 

Pouso tranquilo depois da turbulência, fazia calor e havia um tumulto enorme no aeroporto, que é pequeno para dois voos chegando no mesmo horário. 



O hotel fica bem perto do Forte de Santo Antônio de Macapá e em frente ao rio Amazonas, que posso ver da janela do quarto. O clima úmido hidrata a pele quase instantaneamente e a sensação de oxigênio dá leveza ao dia. Apesar da tentação, não foi possível visitar o mercado central, que ficou para uma próxima oportunidade. 


A noite fiz a primeira incursão pela culinária local. O maravilhoso filhote recheado com banana e castanhas do brasil, acompanhado de arroz com jambu e purê com camarões rosas é uma dessas coisas que se come de joelhos, ainda mais se estiver mirando o Amazonas a sua esquerda, tomando uma gelada em boa companhia. O restaurante que recomendo sem medo de errar é o Cantinho Baiano, que fica na r. Beira Rio, 328 - Bairro Santa Inês. 




Mas o melhor ainda estava por vir, e esse é só o primeiro Diário de Bordo - Macapá! Por agora, entrou por uma porta e saiu pela outra, quem quiser me conte outras!









segunda-feira, 9 de julho de 2012

Nós Não Nascemos Mães, Nos Tornamos Mães Todos os Dias - Ou Não!

Há quase 20 anos nascia mia bella. Aquela criaturinha pequena e frágil mudaria minha vida para sempre. Já houvera mudado muitas coisas desde a notícia de sua chegada, mas nenhuma mudança tão avassaladora quanto as que se seguiriam aos seus primeiros gestos.

Depois de longa e ansiosa espera, recheada de percalços, ela finalmente chegara. Trouxera na bagagem muitas novidades. Ser mãe, afinal, não é natural como se pensa. Como lidar com um serzinho pequenino e delicado diante de uma banheira de água morna: 'e se cair?', 'e se engolir água?','e se afogar?', 'o que significa seu choro?', 'porque não consegue dormir?', 'porque não acordou ainda?'. Estas e outras perguntas assombram os dias e as noites também e por melhor que sejam os manuais para 'mães de primeira viagem', em geral, não conseguem suprir todas as dúvida e medos que nos invadem. Eu tinha medo de machucá-la, de não conseguir alimentá-la, de deixá-la dormir demais ou de menos... ainda tenho tantas dúvidas.


Seu sorriso doce e meigo, seus olhinhos, pezinhos, todo o seu ser foi tocando meu coração de um modo que não há palavras que possam explicar. Sua delicadeza e fragilidade, as inúmeras noites mal-dormidas me ensinaram o que é amor. Aquele serzinho miúdo me ensinou a amar, nas primeiras horas comigo. Incomparáveis lições aprendi com ela e sigo aprendendo.



Mas nada se compara ao meu primeiro desespero a seu lado. Sim, ela chorava, chorava, chorava. Havia pelo menos seis horas que chorava. Eu dava o peito, e nada. Dava chupeta, e nada. Balançava, cantava, passeava: nada! Não era fralda molhada, não era fome, não era sono, não era frio, tampouco era calor. Não era barulho, não tinha idéia do que poderia ser. Depois de seis horas de tentativas infrutíveras de fazê-la parar de sofrer e chorar, caí no choro. Chorei copiosamente junto com ela, já não sabia mais o que fazer. Adormecemos juntas, exaustas de um dia inteiro de lágrimas. Nosso primeiro grande momento juntas - na alegria e na tristeza se havia concretizado.


Depois disso, muitas vezes dormimos - à tarde - só nós duas. Nunca antes da música do lobo (...vamos passear no bosque, enquanto seu lobo não vem...). Dormíamos felizes, abraçadas, bem juntinhas. Aquele cheiro gostoso de bebêzinho, aquele carinho inesquecível. Sempre foi uma menina independente, não gostava que lhe apertasse, lhe desse muitos beijos ou mimos. Esperta, inteligente e vivaz, adorava jogos e quebra-cabeças. Observadora ao extremo, olhava atentamente tudo em volta. Era linda - como de fato ainda é.


Veio então novo susto,  uma infecção urinária a fez parecer uma a fome na África. Era pele e osso, minha menina. Foram dias no hospital sem ver a luz do sol, ao lado dela e o coração apertado - pela primeira vez tive medo de perdê-la. Os nervos: à flor da pele. Pressão de todos os lados. A responsabilidade é sempre da mãe. Sobrevivemos juntas a mais aquele desafio.


Fomos muitas vezes à praia. Criança pequena cega a gente [diz a sabedoria popular], desde sempre independente, numa dessas sumiu em meio à multidão do domingo de sol. Pela segunda vez temi - em uma fração de segundos - tê-la perdido. Que nada! Estava no chuveiro arremessando as gotas d'água que caíam em suas mãozinhas infantis.


...E crescia a garota. Foi ela, quem afirmou - categórica - que 'a irmãzinha' dentro da minha barriga era 'o Pedrinho!'. No final, estava mais certa que a ecografia. Nasceu então seu irmão. De repente, diante do bêbe recém-nascido, ela pareceu enorme. Covardia com a pequena, ainda tinha dois anos. Eis a primeira decepção: não percebi prontamente que ela ainda era um bêbezinho. Tempos depois me dei conta, talvez a tivesse magoado pela primeira vez. Era o que dava conta, naquele momento, estava aprendendo a ser mãe. A maternidade, venho descobrindo, é um aprendizado diário.


Foi crescendo a garotinha, mudamos de cidade e descobri - preocupada - que ela verbalizava  sentimentos. Eu a ouvi falando com o patinho de borracha do medo que sentia na nova escola, com os novos amigos [foi lindo e aterrador - fizera a coisa certa?!]. Liguei imediatamente para a dona da antiga escola (Casa da Tia Léa), em quem tinha plena confiança. Horas no telefone sendo carinhosamente ouvida e respeitosamente aconselhada. Aprendi que era muito bom que ela externasse seus sentimentos. Respirei aliviada.


Voltar a trabalhar é um desafio dos tempos modermos, mas quase cinco anos fora do mercado, retomei a trajetória profissional.  Alguns daqueles anos, estive ausente de mim mesma, a maior parte deles, eu diria. Passei a ser ausente dela, tão ausente que não havia mãe no desenho da família. Pela terceira vez chorei, senti-me culpada e triste por não mais fazer parte de seu universo. O trabalho consumia minhas horas e ocupava espaços que não lhe pertenciam, ao mesmo tempo, me fazia [re]constituir como sujeito pleno. Difícil tarefa do ser: Mulher, Mãe, Trabalhadora!


...Mas fomos nos perdendo lentamente uma da outra a partir de então, mas não esqueci nossos momentos lindos, nossos momentos doces. Houve quem dissesse que eles nunca existiram. Mentira! Eles não só existiram, como foram os mais significativos de minha vida, por isso hoje luto para resgatar a poesia que ela me ensinou a entoar com sua chegada angelical. Por ela (eles) busco incessante o caminho de volta para casa, a estrada que leva ao meu coração, o mesmo que acolheu o amor que ela me ensina todos os dias. Nos encontramos agora, em marcha pela igualdade, o respeito às diferenças, a solidariedade, o amor e a liberdade de ser, expressar afetos e desejos.

Amo minha filha, amo meu filho, exatamente como são  e tenho muito orgulho deles.  



MÃES PELA IGUALDADE: Caleidoscópio - Como é Ter um Filho Gay

MÃES PELA IGUALDADE: Caleidoscópio - Como é Ter um Filho Gay: Descobrir que uma filha ou filho é homossexual, é como engolir uma pedra, pesa no estômago e se espalha por todo o corpo.  A primeira per...