''Maria, Maria é um dom, uma certa magia, uma força que nos alerta... Uma mulher que merece viver e amar'' como outra qualquer do planeta''(...)
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segunda-feira, 28 de novembro de 2011
As Cartas de Anita Lopes: Carta a M.
As Cartas de Anita Lopes: Carta a M.: M, Esse (re)encontro me tirou o fôlego, ao tempo em que abriu portas e janelas, deixando fluir novos ares por aqui. Os encontros, ass...
Silêncio [1]
...então vem o silêncio. talvez precedido de certo descompasso.
talvez depois de um desencontro.
mas vem, é certo que vem o silêncio.
primeiro sutilizado pelo tempo que se arrasta na temporada de chuvas.
[e a distância percorrida por ele é tão larga]
que se torna ensurdecedor.
talvez depois de um desencontro.
mas vem, é certo que vem o silêncio.
primeiro sutilizado pelo tempo que se arrasta na temporada de chuvas.
e conforme as horas passam, vai crescendo. crescendo e crescendo.
e vem... e veM
como uma onda tomando conta dos espaços vazios,
como uma onda tomando conta dos espaços vazios,
ocupando as incompletudes com seus sons.
sim! o silêncio tem seus sons.
e num dado momento é tão grande...
[e a distância percorrida por ele é tão larga]
que se torna ensurdecedor.
domingo, 6 de novembro de 2011
Como Nascem as Crenças - Carta a Alberto
Se as emoções são músculos, meu riso está flácido. A revelação veio como um soco no estômago. Era um soco no estômago, Alberto.
E, não! Não quis dizer frouxo, é flácido...
Pensando bem, sempre foi flácido. Mas sempre pode ser tempo demais, não acha? Talvez não tenha sido sempre. Talvez tenha se tornado flácido.
Claro! Eu tinha o riso frouxo quando era criança. Sim, eu tinha! E pai dizia ''muito riso é sinal de pouco siso!''
- Que é siso, pai?
- Siso é juízo.
- E o riso vinha, que não parava mais.
E pai repetia e repetia e repetia. E o riso foi ficando contido. Foi sendo pouco a pouco escondido. O músculo foi sendo educado para não alongar. Foi treinado para ser músculo de quem tem juízo e bons modos. Ficou fora de uso tanto tempo que talvez nem me lembre como é uma gargalhada.
Hoje foi o estômago que apanhou, mas foi a garganta que doeu. Memória do cárcere. A dor dos sons que anseiam por liberdade, querem pular da garganta para fora num duplo mortal carpado e aterrizar no meio do picadeiro, dar uma, duas ou várias piruetas [Bravo! Aplausos!]
Sabe que nem nas oficinas de atriz eu conseguia soltar uma boa gargalhada. Fora condenada aos papéis de megera ou de vítima, infeliz e sofredora, por que chorar eu choro bem. E devo confessar, que com tanto riso preso, havia mesmo uma vilã escondida em mim. E os trabalhos de riso e de clown não me viam, fugia deles como quem foge da cruz [eu fugia da caldeirinha, em nome da cruz]. Não conseguia.
E quando algo muito engraçado [engraçado mesmo] acontece ou me contam uma piada daquelas, meu riso vem subindo da barriga até o diafragma, passando pelo peito segue quente, uma onda vermelha ocupa o pescoço, as veias saltam, se espalha pelo rosto, e transborda num tsunami de lágrimas. A voz embarga, tusso, falta ar. Como falta a ar quando não rimos o riso frouxo das crianças.
'Muito riso é sinal de pouco siso', assim nasce uma crença! E adivinha, Alberto, onde ela se aloja? Não sei as outras, não sei as dos outros...A boa notícia, caro amigo, é que hoje, distraída ela revelou seu esconderijo e em breve receberá ordem de despejo.
Contigo os segredos acabam por ser revelados. A verdade sempre vem à tona, mesmo que isso cause um pouco de [ou muita] dor.
Sua sempre,
Anita [Lopes]
E, não! Não quis dizer frouxo, é flácido...
Pensando bem, sempre foi flácido. Mas sempre pode ser tempo demais, não acha? Talvez não tenha sido sempre. Talvez tenha se tornado flácido.
Claro! Eu tinha o riso frouxo quando era criança. Sim, eu tinha! E pai dizia ''muito riso é sinal de pouco siso!''
- Que é siso, pai?
- Siso é juízo.
- E o riso vinha, que não parava mais.
E pai repetia e repetia e repetia. E o riso foi ficando contido. Foi sendo pouco a pouco escondido. O músculo foi sendo educado para não alongar. Foi treinado para ser músculo de quem tem juízo e bons modos. Ficou fora de uso tanto tempo que talvez nem me lembre como é uma gargalhada.
Hoje foi o estômago que apanhou, mas foi a garganta que doeu. Memória do cárcere. A dor dos sons que anseiam por liberdade, querem pular da garganta para fora num duplo mortal carpado e aterrizar no meio do picadeiro, dar uma, duas ou várias piruetas [Bravo! Aplausos!]
Sabe que nem nas oficinas de atriz eu conseguia soltar uma boa gargalhada. Fora condenada aos papéis de megera ou de vítima, infeliz e sofredora, por que chorar eu choro bem. E devo confessar, que com tanto riso preso, havia mesmo uma vilã escondida em mim. E os trabalhos de riso e de clown não me viam, fugia deles como quem foge da cruz [eu fugia da caldeirinha, em nome da cruz]. Não conseguia.
E quando algo muito engraçado [engraçado mesmo] acontece ou me contam uma piada daquelas, meu riso vem subindo da barriga até o diafragma, passando pelo peito segue quente, uma onda vermelha ocupa o pescoço, as veias saltam, se espalha pelo rosto, e transborda num tsunami de lágrimas. A voz embarga, tusso, falta ar. Como falta a ar quando não rimos o riso frouxo das crianças.
'Muito riso é sinal de pouco siso', assim nasce uma crença! E adivinha, Alberto, onde ela se aloja? Não sei as outras, não sei as dos outros...A boa notícia, caro amigo, é que hoje, distraída ela revelou seu esconderijo e em breve receberá ordem de despejo.
Contigo os segredos acabam por ser revelados. A verdade sempre vem à tona, mesmo que isso cause um pouco de [ou muita] dor.
Sua sempre,
Anita [Lopes]
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