segunda-feira, 21 de abril de 2014

Brasília, minha Bras'Ilha 54 anos!






Bras'Ilha, a cidade que escolhi pra mim, é a mais perfeita tradução de quem sou. Saio de Bras'Ilha [mesmo que por instantes], mas Bras'Ilha não sai de mim. E cada vez que volto a redescubro. Ela pode parecer óbvia em suas linhas e curvas, nas suas proporções monumentais, mas é nos jardins secretos das superquadras que mora sua alma. É preciso percorrê-los para descobrir-lhe a magia e a pureza. Bras'Ilha, minha cidade faz anos. E que nos próximos 54 anos possamos honrar e viver sua natureza libertária [no sentido profundo e verdadeiro da palavra], em sua estética revolucionária, mística, diversa e à frente de seu tempo. Que possamos nos libertar de usurpadores de última hora que teimam em acorrentar a cidade a velhos e rançosos modelos que a aprisionam nas teias de podres poderes e ilusões. Que sejamos o que a cidade nasceu para ser: Livres, Leves, Criativos e Amorosos! *

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Diário de Bordo - Pirenópolis - GO


Tinha muito mais a contar de São João Del Rei  - MG, mas engatei uma viagem para Pirenópolis-GO, uma semana depois. Então tá, né? Pirenópolis foi por um tempo uma das minhas 5 cidades favoritas no mundo, dividindo com Nova Iorque [elas têm nada em comum!], já quis até morar lá [por um tempo ou para sempre]. Mas ela ficou meio ''cheia demais'', ''barulhenta demais'', ''confusa e descuidada demais''. Por um tempo fiquei sem dar o ar da graça. Fui  some last week end e... Surpresa!

A cidade está se preparando para a Copa 2014. Talvez seja a única cidade que eu tenha visto no último ano que visivelmente está se preparando para a Copa. O acesso ao município está melhor conservado e melhor sinalizado. A entrada da cidade foi totalmente remodelada, tendo sido colocada placa de boas vindas em 4 idiomas (inglês, francês, espanhol e alemão). Quer mais?



Praticamente todas as fachadas de casas do centro histórico foram restauradas, a obra de reconstrução da Igreja da Matriz foi concluída, o Theatro restaurado e em funcionamento, uma subsede da UEG - Universidade Estadual de Goiás, cursos de inglês por todo lado, mais hospedagens familiares, mais pousadas (chegam a 110 atualmente). Acha pouco para uma cidade de 21mil habitantes?

A cidade está toda bem sinalizada e conservada, mas está acima de tudo viva! Pirenópolis está sabendo unir proteção ao patrimônio com fluxo, turismo e cultura.

E agora tem FliPiri 2014, uma das melhores festas literárias do país.




Entrou por uma porta, saiu pela outra... Qualquer hora conto outra.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Poeminha Besta



Ao tempo em que desejo,
fujo
E deito e rolo e escapo
Me debruço sôfrega
Vomito
Cuspo
Choro
Rio e danço
Escrevo um rabisco
toco o céu da boca
Sinto
mergulho num infinito
Deito, me retorço
E canto
Exausta e plena
Fecho os olhos
E Suspiro.







sábado, 29 de março de 2014

Diário de Bordo - Fortaleza

Vir a Fortaleza é sempre um grande prazer, afinal algumas das minhas raízes estão aqui. 
No entanto, a primeira observação quanto a viagem é sobre a OceanAir - agora AVIANCA - cujo serviço de bordo supera bem o das tradicionais(?) Gol e TAM. Além de simpático, o lanche servido foi pelo menos honesto. Nada de goiabinhas Balducco (arght), nem de biscoitinhos Piraquê (nada contra, nada a favor) cheios de gordura trans e muito glúten.

Além do excelente serviço, tive a grata surpresa de um dos melhores pousos já vivenciados. Quando jurava que o avião ia se desestabilizar ao tocar o solo - dada a velocidade da aeronave a tão poucos metros do chão - o piloto conseguiu beijar suavemente a pista. AVIANCA merece meus sinceros aplausos e agradecimentos por seu carinho com @s passageir@s.

Estando em terra, só alegria ao rever irmã. Irmã é uma das figuras mais importantes da minha vida. Sou grata por tê-la por perto, mesmo quando está longe. Levou-me para jantar num lugarzinho ultra charmoso, pertinho da casa dela, o que me propiciou o prazer de caminhar pelas calçadas. 

Comida boa, nada que mereça nota. Atendimento simpático para os padrôes locais, carta de vinhos sofrível, senti muita falta de um bom espumante nacional, desses produzidos no vale do São Francisco e que estão sendo exportados para a Europa e recebem prêmios por aí. A decoração valia ouro: Super agradável, pequeno e aconchegante.

O trânsito, como nas principais capitais brasileiras, é caótico. Quando vamos nos dar conta que precisamos repensar transporte no Brasil? Quando a indústria automobilística vai avançar no sentido de minimizar os prejuízos que vem causando ao meio ambiente? Quando vai repensar seu modelo de negócios?

De toda sorte, cheguei sem tropeços a meu destino. A reunião foi extremamente exitosa, embora tenha começado com algum atraso e, de brinde, na volta, serpenteiei por outra parte da cidade - Parangaba, Montese, etc - bairros que só conhecia de ouvir falar na propaganda do caminhão de gás.

Missão cumprida, seria hora de voltar ao lar-doce-lar: Brasília? Novos desafios surgem, em velhos modelos. Novos desafios surgem aqui, em novos modelos. Que fazer?

Entrou por uma porta e saiu pela outra. Daqui a pouco conto outra.

quinta-feira, 27 de março de 2014

Disney Desfaz, Disney Faz







Como assim dormir até ser beijada pelo príncipe encantado? Esperar numa torre, presa e infeliz até que o herói, sobre um cavalo branco, espada em punho a salve? Por que ser pobre, miserável e explorada e só conseguir mudar a vida após ser reconhecida por um príncipe?



Bom, eu não sei quanto a vocês, mas eu amei as princesas de Grimm e de Perrault queimando seus soutiens em Schrek III. Defendo dioturnamente o direito e a autonomia das mulheres, especialmente quanto à sexualidade. Como milhares de outras mulheres no Brasil e no mundo, pago minhas contas - em dia, diga-se de passagem - ganho cada centavo que gasto com o suor do meu rosto e a fadiga de meus neurônios - com muito orgulho.



No entanto, as mulheres do mundo inteiro, inclusive a que vos escreve, foram atropeladas por Grimm e Perrault. Mais modernamente, arrebatadas por Hollywood e suas deliciosas comédias românticas. Por mais que intelectualmente já se tenha superado o mantra sagrado ''felizes para sempre'', que conscientemente o exercício da independência e da autonomia seja praticado, nada, nada consegue arrancar do canto escuro dos baús mais escondidos o sonho de encontrar um par.



É verdade, aquela que escreveu contra a ditatura dos pares ora escreve sobre o sonho do príncipe encantado, admitindo que descobriu ser mais comum do que imaginava. Há milhões de mulheres independentes no mundo inteiro, que (in)conscientemente desejam o tal par. Estarrecida dei-me conta que essa fantasia pode também me assombrar. Será? Tenho vida financeira equilibrada, conquistas profissionais que me orgulham, um filho e uma filha lindos, dois e meio casamentos no currículo, muitos livros e discos...


Bom, tenho observado que embora tenham uma incrível vida de autonomia e independência e não querendo objetivamente casar-se, quando sabem que o outro não quer casar-se com elas muitas mulheres sentem-se fortemente atingidas em sua autoestima.




Abalada a validez diante do mundo, o estômago dá sinais de vida. Sim, ele corresponde ao poder pessoal segundo estudiosos de medicina chinesa. O estômago começa a gritar. Mostra o quanto está ferido. Dói diariamente. Antes e depois das refeiçoes. Na hora de deitar e logo ao acordar. É como se lá houvesse uma ferida dessas bem antigas, das que criam casca, sabe? Então, como se nas últimas semanas, ciente da fragilidade houvesse visto a casca e o encanto houvesse se quebrado. Sem a poção de inconsciência dada pela bruxa má do oeste, eis a tal casca soltando-se pouco a pouco da superfície lisa da mucosa estomacal. Consegue imaginar a dor?


Só o completo massacre cultural sofrido por gerações e gerações de mulheres explica tal situação. Caso o parceiro as pedisse em casamento, provavelmente, na maior parte dos casos, não topariam a aventura. No entanto, ao escutar que o companheiro não deseja tal envolvimento a autovaloração sofre sensíveis abalos: 'Porque não quer casar-se comigo?' Não sou, por acaso, uma mulher digna de compromisso social?' 'E todas a minhas qualidades pessoais e intransferíveis, não contam?'




Assim, mulheres bonitas, inteligentes, bem sucedidas profissionalmente, estáveis financeiramente, divertidas e maduras ficam reféns de desejos/não desejos de seus parceiros. Colocam em xeque todas as suas qualidades, dependentes do 'carimbo' de valorosas, que só pode ser recebido se o homem em questão quiser casar-se com elas.



Durma-se com um barulho desses!!!





Maria Cláudia Cabral. Respeite os direitos autorais. Se citar, dê crédito a autora.