terça-feira, 26 de outubro de 2010

Diário de Bordo - São Paulo

Ir a São Paulo é louco e mágico. A Paulicéia é desvairada e o trânsito continua cada vez mais caótico. Tempo é dinheiro. E as pessoas estão sempre no corre-corre. Mas, vamos combinar, em São Paulo há muitos lugares bons para comer! Dá para estar lá 365 dias e não repetir um endereço, ficando 100% satisfeito em todos.

Ontem, de passagem pela cidade, aproveitei o intervalo entre a última reunião e o check-in em Congonhas para experimentar os famosíssimos pastéis de feijoada. Ué, nunca ouviu falar de pastéis de feijoada! Bem, eu tampouco. Como sou louca por uma novidade, não hesitei um só instante.


Não satisfeita e encantada com o cardápio delicioso, pedi linguiça tipo calabreza com provolone e orégano(hummm), acompanhada de pimentas biquinho - aquela linda que não arde - aproveitei cada pedacinho do acepipe que chegou à mesa cantando na frigideira de ferro.

E como ''miséria pouca é bobagem'', brindei com torresminhos super frescos e crocantes.

Claro que acompanhamos com uma geladíssima. Horas de imenso prazer entre amigas, rindo e contando estórias só nossas.

O pastel é feito no Barbirô, que fica ali na Vergueiro, 1889.



Respeite a autoria. Se for citar, dê crédito.

Infográfico by IlustreBob - Adorei!

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2.

3. Veja o panfleto num tamanho maior!
4. Via @IlustreBOB

terça-feira, 19 de outubro de 2010

O Poderoso Chefão: Receita Inesquecível num Clássico do Cinema




''Um homem que não se dedica a familia





nunca será um homem de verdade''.



( O Poderoso Chefão, parte I, 1972)



The Godfather (no original) se tornou um épico, recheado de momentos inesquecíveis do cinema. Cenas como o tiroteio na barraca de frutas, o assassinato no restaurante, Don Vito no canteiro de tomates, toda a seqüência de Michael na Sicília e muitas outras, então vivas na memória dos cinéfilos mesmo quase 20 anos depois de seu lançamento.


Uma dessas cenas marcantes para mim, que amo receitas e cinema, é aquela em que um dos 'funcionários' de Don Corleone está preparando um espaguete e conta ao Michael, filho dileto do don, os segredos da receita tradicional italiana.


''primeiro refoga o alho e a cebola, junta as almôndegas, tomates frescos, e, claro, um pouco de polpa de tomates, tempera com sal, basílico e...'' vem o segredo revelado pelo cinema: junta uma colher de açúcar.


Infelizmente o homem precisa sair urgente para fazer um serviço  para o capo, nos deixando apenas o aroma e o sabor do espaguete a preencher a imaginação.


Na minha experiência sugiro que o alho seja aduzido apenas depois que as almôndegas já estejam quase douradas, antes de juntar os tomates frescos, a polpa e o manjericão. Isto porque, se juntamos antes o alho certamente irá ficar dourado demais, deixando um acento amargo marcante no molho. 


A massa, claro, deve estar ao dente. Esse ponto garante a manutenção da alma da pasta: firme, mas não crua e deve ser acompanhado de parmesão ralado na hora. 


A receita foi testada, e aprovada por Bella e Bito - os filhotes de plantão - num sábado à noite de família reunida. 


Para quem vai experimentar: Bom apetite!


Se você também tem uma receita bacana que viu em filmes, me conte. Vamos trocar figurinhas e publicar aqui as melhores receitas do cinema.






Respeite dos direitos de autoria. Se for citar, dê créditos à autora.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Diário de Bordo - Lisboa II

A viagem a Lisboa foi uma pausa na vida. Embora tenha ido a trabalho para A Coruña (é assim mesmo que se escreve em galego) e tenha tido uma reunião em Lisboa, todas as outras horas de minha estada em Portugal foram dedicadas a aproveitar os dias. 



Dias quentes aqueles,  jamais tinha ido à Europa no verão. Só de lembrar meus olhos se enchem daquele brilho distinto, e  deslizam lânguidos para o alto, buscando dar corpo às lembranças dos dias idos. 
Sentia-me feliz e abençoada só de estar ali, sentindo o tempo passar por mim preguiçoso, enquanto eu, feito criança, saltitava aqui, ali e acolá. 














Visitar o Museu do Fado foi uma experiência incrível. Confesso que entrei um pouco pelo tema e muito pelo calor que fazia fora. Sabia nada sobre o fado, exceto que é música tradicional lusa, que Chico Buarque compusera um e que Amália Rodrigues é uma de suas deusas. É claro que conheço Madredeus, que gosto sem saber se é fado ou não, mas me dêem licença poética para exagerar sobre minha ignorância a cerca do tema, afinal isso me garante algo de mágico à narrativa.



A ordem dada ao Museu não chega a ser de todo interessante, no entanto, o quanto aprendi cercada de fado por todos os lados, o quanto senti cada nota percorrer-me a pele, os olhos e os ouvidos num carinho envolvente e melancólico, como um fim de tarde com brisa, sem ser triste.
 
Descobri que há algo de contestação no fado, que nasceu nos portos de Lisboa. Algo que li no Museu e que, segundo alguns, por imprecisão histórica não está expresso, mas implícito aqui e acolá, como se os portugueses não se orgulhassem dessa origem popular e malandra do fado. Confesso aos irmãos do outro lado do oceano, que foi justamente essas origens 'na resistência' que mais me encantaram. 

A cada linha que lia sobre a história do fado em seu museu, lembrava-me da história da capoeira no Brasil, razão de rótulos e comentários que ligavam  sua prática à vadiagem e à vida desregrada das periferias, dos portos em nosso país.

Bebendo um pouco mais na fonte, não pude deixar de relacioná-lo ao movimento hip hop e via, no fado, um irmão bem mais velho do rap, por suas origens e sua história ligada ao povo, às ruas e aos primórdios da globalização construída por Portugal no período das grandes navegações. 

Há, certamente no fado, um lirismo melancólico da gente do lado de lá do oceano, que é fascinante. As horas no Museu passaram sem que eu pudesse sorver tudo o que me poderia proporcionar. Saí triste por não poder ver tudo, mas com uma felicidade intimista, que creio, só o fado pode propiciar. 

foto:Maria Cláudia Cabral
Em frente ao Museu está o Largo do Chafariz de Dentro, em que charmosas tascas servem a esplêndida comida portuguesa - com certeza! Lá, experimentei Ameijoas à Bulhão Pato, iguaria tradicional que enlouquece os sentidos. Estando de frente para o Largo, o primeiro restaurante a sua esquerda, serve as melhores ameijoas que provei em Lisboa, combinadas com super simpático atendimento de Cecília e uma geladíssima completaram mais uma tarde  incrível na capital lusa. Recomendo fortemente a experiência (da capital lusa, do museu do fado e da gelada com ameijoas no Largo).


Se você, como eu, quis saber mais, sugiro abaixo alguns links que tratam sobre o fado:

http://www.edusurfa.pt/Area.asp?seccao=2&area=6&artigoid=7907

 http://pt.shvoong.com/books/1735220-hist%C3%B3ria-fado/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Fado

http://youtube.com/fado




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