quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Há Muitas Marias em Mim


Há muitas Marias em mim:

Maria das Graças, Maria Das Dores
Maria Aparecida, Maria Auxiliadora
Maria-Maria
Maria, lutadora

Há Maria Sem-Vergonha
Maria Imaculada,
Maria sonhadora, Maria desbocada


Há Maria Madalena,
Maria Anunciada,
Maria, Marias
Maria, inconformada

Há Maria sem-certeza
Maria gasolina,
Maria sem terra, sem teto
Maria, deslocada

Cadê Maria Coragem
Maria cheia-de-graça
Maria, só Maria
Maria, descolada?

Há tantas Marias em mim,
Tantas que nem sei dizer

Maria faca-na-bota,
Maria, Mariazinha

Cá está Maria, simplesmente Marias.








terça-feira, 12 de outubro de 2010

Feitiço da Lua

No final dos 80 tive a oportunidade de ver Cher no cinema protagonizando um triangulo amoroso com Nicolas Cage e Vincent Gardenia. Era Feitiço da Lua, comédia de costumes de Norman Jewison, lançado em 1987.

Há nessa película algo de inesquecível, a receita de ovo com pão de forma, que trago a vida inteira comigo. Quando quis que meus filhos experimentassem ovo, foi com essa receita que eu os encantei. Eu a chamava Ovo Mágico e eles até hoje, já crescidos, vez ou outra, me pedem para fazer o Ovo Mágico. Foi assim nesse feriado.

É uma receita bem simples, fácil de fazer, deliciosa e boa para aqueles que gostam de dormir até mais tarde no domingo (ou no feriado). 

Posso garantir que também é ótima quando quiser fazer uma graça com o/a namorado/a, servindo um desjejum charmoso. Neste caso, recomendo fortemente que prepare uma bela bandeja e leve na cama, tiro e queda.

Para fazer Ovos Mágicos basta:

  • Ovos
  • Manteiga (por favor, use manteiga e não margarina, salvo se tiver problemas com colesterol ou artérias obstruídas);
  • Pão de forma, preferencialmente integral;
  • Sal à gosto.

É um tanto contraditório fazer questão de manteiga e não abrir mão do pão integral'. Bom, penso que já estou investindo meus créditos na manteiga, então, preciso garantir pelo menos o pão integral.
Para prepará-los, como disse, é simples:

Colocar um pouquinho - pouco mesmo - de manteiga para derreter na frigideira (antiaderente). Tomar uma fatia de pão, remover um pequeno pedaço do centro, formando um círculo de aproximadamente 3cm de diâmetro. Colocar sobre a manteiga aquecida por alguns segundos, virar o pão e colocar mais uma porçãozinha de manteiga dentro do círculo e abrir o ovo nesse espaço. Fogo brando. Tampe para que possa cozinhar por igual, mas...

...Não vai cozinhar por igual, são décadas tentando, acredite. Em algum momento você precisará virar o pão. Neste caso, faça rapidamente e sem quebrar a gema (fica feio). Deixe por alguns segundos, apenas para finalizar o cozimento da clara. 

Deite sobre um prato, com a gema para cima e acompanhe com café, uma fruta e um laticínio, a fim de que a refeição seja nutritivamente completa.


Delicioso e aconchegante. Enjoy it!




Respeite os direitos autorais. Se for citar, dê crédito a autora.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Receita na Madrugada

Acontece comigo algo curioso quando vou a Porto Alegre, bah! Acordo no meio da noite com alguma receita diferente na cabeça. Este ano fui duas vezes à cidade e foi tiro certo. A primeira foi em maio e era quase uma estréia. Missão de trabalho, mas um trabalho que me encheu os olhos e o coração de alegria. Fui para a Feira Nacional de Agricultura e Reforma Agrária - Brasil Rural Contemporâneo.

Entre tantos empreendimentos de Agricultural Familiar no Brasil, tive acesso a sabores incríveis. Produtos orgânicos ou produzidos a partir de matéria prima orgânica, plantados e colhidos por famílias agricultoras de várias partes do país. Assim conheci Anete, uma figura linda e mágica. Anete cria geléias e antepastos incríveis em Rolândia, no Paraná.

Eu, conversadeira que sou, louca por forno e por fogão, estiquei uma conversinha com Anete entre uma corrida aqui e outra acolá. Papo vai, papo vem Anete me desafia 'E com essa geléia aqui, que prato você faria?'

O sabor era incrível, fresco, levemente ácido, sutilmente apimentado... Hummm. Em fração de segundos vi diante de mim um maravilhoso lombo de filhote, branco e tenro.

- Filhote! - respondi - ficaria maravilhosa acompanhando um lombo de filhote assado, Anete.

-Filhote?

-Sim, é um peixe da Amazônia espetacular, também conhecido na região como piraíba. Carne tenra e muito branca, o filhote pode chegar a 2m de cumprimento e a pesar 300kg e fica excelente assado, grelhado, preservado seu sabor delicado e único. 

Pouco depois despedimo-nos e eu segui o corre-corre do dia e da noite. Cheguei ao hotel exausta, tanto que caí na cama o mais cedo que pude e apaguei. Meio da madrugada meus olhos se abrem alertas. Olho o relógio que luminoso marca 03:25. Sento na cama, tento entender o que se passa. E aí vem...

Lombo de filhote assado, temperado apenas com sal e sementes de coentro moídas, acompanhado de risoto de abóbora menina puxado em leite especial de castanhas e a maravilhosa geléia de Anete. Em fast motion vi o prato sendo preparado bem diante dos meus olhos, enquanto as papilas gustativas se ouriçavam e a boca enchia-se d'água.

Dia seguinte, logo cedo fui procurar Anete. Descrevi a receita em minúcias e disse categórica: 'Vai ficar maravilhoso!' 

 - Estou certa que sim. Um chef que passou por aqui, ao provar a geléia, disse o mesmo quanto ao filhote.


Desde então espero uma alma caridosa que me traga um belo lombo de filhote da Amazônia para que possa materializar a comunicação vinda do além. Filhotes encontrados na Feira do Guará  são pequeninos, medem cerca de 50cm (máximo que já encontrei) não têm o lombo do sonho.Sigo desejando experimentar essa primeira receita vinda do além, a outra já foi testada e aprovada pelos amigos e será compartilhada aqui em algum próximo post.

Por hora, com fome desejo a todos: Bom apetite!







Respeite os direitos autorais. Se for citar, dê crédito a autora.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Bastardos Inglórios - Eleições 2010BR

''Os Nazis conquistaram a Europa com mortes, torturas, intimidação e terror. É exatamente isso que faremos com eles''. (Aldo Raine, in Bastardos Inglórios).




Hoje me perguntaram qual a diferença entre Aldo Raine (Brad Pitt) e Hans Landa (Christoph Waltz). Disse que enquanto um (Aldo) praticava a violência física, o outro (Hans) praticava a violência psicológica. No frigir dos ovos, apesar de estarem em lados opostos, farinha do mesmo saco. Meu interlocutor então disse que para ele:
- Apenas um deles vencera a guerra.

-Sim - respondi - não há diferença entre eles. Assim como a jovem Shosanna Dreyfuss também não se diferencia de ambos. 

Isto porque, todos, absolutamente todos usaram de violência para expressarem e garantirem sua posição. Embora parecesse que havia dois lados, apenas um foi expresso: vigança e violência. Era preciso vencer a guerra! 

Nós, espectadores do filme de Tarantino, também expressamos: violência e vingança. Afinal, atire a primeira pedra quem não vibrou com a imagem incandescente de Shosanna Dreyfuss na imensa tela do cinema - abarrotado de nazis - em chamas. Naquele instante todas e todos encarnamos a madrasta má de Branca de Neve e rimos o riso da vingança. Sim, há muita humanidade em nós. Tanta que somos feitos de silêncio e de sons, de violência e ternura. 

Hoje, em nosso país, apesar de não estarmos em guerra, a fim de chegar ao 2º turno, assistimos mentira, calúnia, difamação, intolerância contra Dilma Roussef e o PT. Vimos o PIG e alguns setores evangélicos e católicos agirem como nazi facistas incitando o ódio, semeando a discórdia, a mentira e a calúnia. Como vamos responder a isso no segundo turno? Empunharemos as mesmas armas ou superaremos a dor da mentira semeando a verdade?

Para mim, momento de reafirmarmos a verdade e a ética. Momento de nos distanciarmos da história de morte, tortura, dor, manipulação e mentira e reeafirmarmos os sons, mais que o silêncio; a ternura, mais que a violência e seguirmos adiante em direção ao Brasil que queremos. Um país com mais cultura, mais educação, mais moradia, mais emprego e renda, mais saúde, mais transporte e menos miséria. MAIS ÉTICA, menos mentira. Um país que mudou os rumos da história e quer continuar mudando.




Respeite os direitos autorais. Se for citar, dê créditos à autora.