domingo, 16 de maio de 2010

Carta a K.

Querido K,

A viagem foi fantástica e a cidade não chegou a me surpreender. Uma cidade, é apenas uma cidade. Há peculiaridades poéticas, ruas com túneis verdes por onde o tempo passa mais lento, pôr-do-sol à beira do rio-lago, gente muito diferente de nós, com bochecas rosadas em vez de pele vermelha.

O reencontro foi espantosamente acolhedor. As memórias de minha meninice vieram habitar a conversa regada a café quente, broas, tortas salgadas e geléias. As paredes da casa, acreditas, eram vermelhas. Depois de décadas havia ainda afinidades entre nós, afinal.

Ela constituiu família, daquelas bonitas famílias que têm dois filhos, um carro na garagem, cachorro e férias na praia, mas continua exatamente como me lembrava: sorriso largo, olhar quase infantil.

Fizemos a retrospectiva dos anos vividos à distância, contamos dos rumos que tomamos, enquanto sorvíamos o café quente em meio à noite fria.

Quando, por fim, se fez silencio entre nós me deixou no hotel, exatamente onde me apanhara. Abraços, despedida e promessas de não nos perdermos mais. O reencontro, K, foi assim. Simples e tranquilo como ela mesma.

Hoje o vento frio está cortante e eu já me preparo para o retorno. Confesso-te que sinto falta da vibração de nossa cidade e da alegria de nossos passeios. Sinto falta do calor da gente daí, aqui a distância e o clima frio afasta as alma e a solidão aborrece mesmo em meio à multidão.

Prepara-te para minha chegada com um abraço acolhedor que possa reaquecer meu espírito e enxotar a solidão que se alojou em mim por aqui.  Estás pronto?

Anita.

Diário de Bordo Porto Alegre III

Hoje, por fim, conheci o famosíssimo Zaffari. 

Nove entre dez gaúch@s morando em Brasília dizem que o que mais lhes faz falta é o Zaffari.

Ouvi por muito tempo sobre a organização, a limpeza, a beleza e o atendimento gentil e educado.

Tantos comentários fizeram com que o Zaffari figurasse na minha lista de lugares para visitar em Porto Alegre.

Fui conferir nesta manhã de domingo. Sim, o Zaffari é lindo. A arquitetura interna é diferenciada, a organização é impecável, a limpeza faz gosto. No entanto, o atendimento foi algo mal-humorado. Não foi uma primeira e única impressão. 100% dos funcionários com que tive contato - três - foram secos ou visivelmente acordaram com o pé esquerdo. Logo, minha experiência não foi tudo o que esperava que fosse.

Na caminhada de volta ao hotel, passei por uma rua encantadora. Rua da República, na Cidade Baixa é arborizada, e, pelo menos na manhã de domingo, tranquila como brisa de fim de tarde. Muito me lembrou a Calle Honduras, em Buenos Aires. Faltou o registro fotográfico, mas a retina salvou esse arquivo visual.

Ontem à noite, fui conferir as massas do Atelier das Massas. Um lugarzinho charmoso, localizado na r. Riachuelo, 1482.

Vale a pena experimentar as massas caseiras com seus molhos exóticos. Experimentei o Fetuccine à Forestier. A massa, bem mais larga do que eu esperava, estava saborosa. Acompanhei com um Tannat - uva de minha preferência - e excelente companhia.

sábado, 15 de maio de 2010

Diário de Bordo Porto Alegre II

Porto Alegre vista do Cais do Porto é pura poesia. Visita ao mercado municipal é obrigatória.

A variedade de sabores e cores é incrível e os bares e restaurantes, simples e saborosos. Estando na capital colorada (me perdoem os gremistas), não há como deixar de visitar.

Fugi. Fugi na hora do almoço, caminhei até o mercado para encarar um parmegiana honesto, para só depois descobrir que, embora a comida do mercado seja gostosa em quase todo lugar, a recomendação mor é o Gambrinus. Não deu, terei de voltar a cidade.

No Cais do Porto segue a Feira Brasil Rural Contemporâneo reunindo agricultores familiares e empreendimentos de assentamentos da reforma agrária de todo o país numa festa de diversidade gastronômica, olfativa e visual.

Ontem à noite, cinco mil pessoas prestigiaram o show de O Teatro Mágico, que teve abertura de um importante artista gaúcho: Nei Lisboa.

O sucesso de O Teatro Mágico foi inegavelmente visível no rosto de crianças, adolescentes e jovens adultos que prestigiaram a apresentação, cantando junto as letras, vibrando a cada pausa e, em especial, usando maquiagem circense, marca registrada do grupo paulista.

Por fim, o reencontro com pessoas importantes do passado, resgatando velhas memórias, importantes experiências vividas. Cada vez mais acredito que sou: eu e minhas experiências, que sou: eu e minhas circunstâncias, profunda, intensa, real e verdadeira. Em qualquer parte do país ou do mundo amizades  permanecem atravessando décadas, quando a entrega é verdadeira, transcendem a materialidade dos encontros.



quarta-feira, 12 de maio de 2010

Diário de Bordo - Porto Alegre I

Chegada a Porto Alegre sujeita a turbulências em razão do mau tempo. No mais, táxi para o hotel. É uma cidade. Ponto.

Hotel simples, relativamente honesto. Cama confortável para uma carcaça exausta como a minha.

Café da manhã à moda. Excelente companhia nas primeiras horas da manhã. Nada como uma boa prosa logo cedo.

Logo cedo iniciou o trabalho. Duro e árduo do dia todo. Acompanhando, verificando, administrando a ansiedade do atraso na montagem. Estamos aqui, até agora. E ficaremos por mais não sei quanto tempo ainda.

O Cais do Porto é lindo, a vizinhança, embora seja área central é muito bem conservada, pelo menos o pouco que pude ver no trajeto para o almoço.

Nenhuma nota especial com respeito ao almoço: rápido, ligeiro, barato e bem corriqueiro. Mas atendeu a necessidade do momento. Quem sabe consigo me presentear agora à noite. Quem sabe?

O trabalho segue, e eu?

Sigo feliz com as escolhas que fiz.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Vou para Porto e bah! Tri-legal!

Diários de Bordo Porto Alegre estão a caminho.

Hoje embarco para a capital gaúcha, a sede do time do coração.

Espero conseguir dividir aqui as experiências sensoriais, gustativas, olfativas e afetivas que aquelas paragens me proporcionarão.

Embora saiba que a agenda por lá será lotada e interessante, visto que vou a trabalho para a Feira de Brasil Rural Contemporâneo, espero poder conhecer pelo menos o mercado municipal e o museu Iberê Camargo.

Conto no caminho - durante o caminhar - o que a capital que abriga meu coração me reserva.