quinta-feira, 27 de março de 2014

Disney Desfaz, Disney Faz







Como assim dormir até ser beijada pelo príncipe encantado? Esperar numa torre, presa e infeliz até que o herói, sobre um cavalo branco, espada em punho a salve? Por que ser pobre, miserável e explorada e só conseguir mudar a vida após ser reconhecida por um príncipe?



Bom, eu não sei quanto a vocês, mas eu amei as princesas de Grimm e de Perrault queimando seus soutiens em Schrek III. Defendo dioturnamente o direito e a autonomia das mulheres, especialmente quanto à sexualidade. Como milhares de outras mulheres no Brasil e no mundo, pago minhas contas - em dia, diga-se de passagem - ganho cada centavo que gasto com o suor do meu rosto e a fadiga de meus neurônios - com muito orgulho.



No entanto, as mulheres do mundo inteiro, inclusive a que vos escreve, foram atropeladas por Grimm e Perrault. Mais modernamente, arrebatadas por Hollywood e suas deliciosas comédias românticas. Por mais que intelectualmente já se tenha superado o mantra sagrado ''felizes para sempre'', que conscientemente o exercício da independência e da autonomia seja praticado, nada, nada consegue arrancar do canto escuro dos baús mais escondidos o sonho de encontrar um par.



É verdade, aquela que escreveu contra a ditatura dos pares ora escreve sobre o sonho do príncipe encantado, admitindo que descobriu ser mais comum do que imaginava. Há milhões de mulheres independentes no mundo inteiro, que (in)conscientemente desejam o tal par. Estarrecida dei-me conta que essa fantasia pode também me assombrar. Será? Tenho vida financeira equilibrada, conquistas profissionais que me orgulham, um filho e uma filha lindos, dois e meio casamentos no currículo, muitos livros e discos...


Bom, tenho observado que embora tenham uma incrível vida de autonomia e independência e não querendo objetivamente casar-se, quando sabem que o outro não quer casar-se com elas muitas mulheres sentem-se fortemente atingidas em sua autoestima.




Abalada a validez diante do mundo, o estômago dá sinais de vida. Sim, ele corresponde ao poder pessoal segundo estudiosos de medicina chinesa. O estômago começa a gritar. Mostra o quanto está ferido. Dói diariamente. Antes e depois das refeiçoes. Na hora de deitar e logo ao acordar. É como se lá houvesse uma ferida dessas bem antigas, das que criam casca, sabe? Então, como se nas últimas semanas, ciente da fragilidade houvesse visto a casca e o encanto houvesse se quebrado. Sem a poção de inconsciência dada pela bruxa má do oeste, eis a tal casca soltando-se pouco a pouco da superfície lisa da mucosa estomacal. Consegue imaginar a dor?


Só o completo massacre cultural sofrido por gerações e gerações de mulheres explica tal situação. Caso o parceiro as pedisse em casamento, provavelmente, na maior parte dos casos, não topariam a aventura. No entanto, ao escutar que o companheiro não deseja tal envolvimento a autovaloração sofre sensíveis abalos: 'Porque não quer casar-se comigo?' Não sou, por acaso, uma mulher digna de compromisso social?' 'E todas a minhas qualidades pessoais e intransferíveis, não contam?'




Assim, mulheres bonitas, inteligentes, bem sucedidas profissionalmente, estáveis financeiramente, divertidas e maduras ficam reféns de desejos/não desejos de seus parceiros. Colocam em xeque todas as suas qualidades, dependentes do 'carimbo' de valorosas, que só pode ser recebido se o homem em questão quiser casar-se com elas.



Durma-se com um barulho desses!!!





Maria Cláudia Cabral. Respeite os direitos autorais. Se citar, dê crédito a autora.

terça-feira, 25 de março de 2014

Eu preciso lhe dizer: Homossexualidade é um jeito de ser, simples assim!





Eu preciso lhe dizer. Documentário de Douro Moura, com a participação de Mães pela Igualdade

Maria, Marias...Brasil de Muitas Marias...

fonte: http://www.muraki.org.br/mulheres-são-maioria-entre-os-novos-empreendedores


A participação de mulheres líderes (delegadas) foi inesquecível, 41% de participação feminina, na 1ª Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário em 2008, a que acompanhei. No momento de retirar o certificado, a grande inspiração: Havia uma fila específica para as 'Marias'.

Somos muitas Marias no nosso Brasilzão. Somos Marias do norte, do sul, do sudeste, do centro-oeste. Somos Marias do nordeste. Bravas e fortes Marias. Somos Marias negras, pardas, amarelas, somos Marias arco-íris, multicores,coloridas, multi-facetadas. Somos Marias indígenas e quilombolas. Somos Marias no enfrentamento às desigualdades. Na luta pela igualdade de gênero, de raça e de etnia. Pelo respeito às diferenças, pelo direito à crença e pelo direito ao aborto legal.

Marias do Amparo, Marias da Conceição, Marias das Graças, Auxiliadoras e da Concepção. Somos Marias trabalhadoras rurais, Marias marisqueiras, sindicalistas, jornalistas, advogadas, professoras, pesquisadoras, psicólogas. Tão diferentes Marias! Somos tantas, todas juntas na luta por direitos básicos, direitos fundamentais. Direito de ser Maria!

Somos as Marias do rural e do urbano, do campo, da floresta, das bacias, das metrópoles, das aldeias e dos quilombos. Estamos em todas as partes, com sonhos, desejos, angústias e dúvidas. Queremos coisas diferentes, e, no fundo, as mesmas coisas. Somos diversas Marias, numa estrada una. Todas nós temos direitos, todas nós queremos mais.

Toda Mulher tem direito a uma vida com Paz, Amor e Respeito.


Avalanche



fonte: http://www.worth1000.com




Coração batia oco
pulmões murchos
em costelas apertadas
Espanto!


Úmidas mãos frias
súbita garganta louca
arrasta caminhos
avalanche rouca


Explode 
densos raios, afrouxa
Intensa lua
Coloca-me livre
Suavemente nua
Diante da tua
[In]decisão precisa




domingo, 16 de março de 2014

Dicas de Fortaleza - Tradição pé no chão no Rota do Sol Poente

A verdadeira arte de viajar...

A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,
Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.
Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...
Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!"

Mario Quintana

Fugi de casa. Vim parar em Fortaleza. Não poderia deixar de fazer aqui meu diário de bordo, nem de dar dicas de onde comer e passear na cidade. Voltei para casa. A casa das matriarcas, a casa de parte das minhas raízes, lugar de afetos, sabores e memórias. Compartilhar os cantinhos secretos de Fortaleza é o desafio. Para nós que não fazemos turismo de 'pacote'. Nem somos dados a 22 cidades em 10 dias, vale seguir as dicas de quem é da terra e as trilhas dos lugares onde os nativos vão.Camarão do Zé Lima é canto que só os nativos conhecem. E a fama do moço corre léguas, de tal modo que se parar na beira da estrada (estruturante) qualquer do povo saberá informar sobre o cabra que faz camarões de lamber os beiços. 

foto: Maria Cláudia Cabral

O local é agradável, corre vento fresco sob as árvores que cobrem as mesas na calçada. Localizado num final de rua, tranquilo e sereno, o atendimento é simpático e a fama do moço é maior que os sabores que oferece. Parece daqueles lugares que por um conjunto de peculiaridades caiu no gosto das pessoas, pela discrição e tranquilidade do lugar, longe do zum-zum da cidade grande, mas perto o suficiente para valer uma fugida na hora do almoço. Chegar ao Zé Lima é simples, na verdade. Basta seguir em direção a Caucaia. Na primeira rotatória, esquecer Caucaia e seguir em direção às praias. Na segunda rotatória entrar à esquerda, tomando a via estruturante e entrar na primeira oportunidade à direita. Nesta via vicinal seguir por cerca de 3km, observando à direita. Logo se avista o luminoso do Camarão do Zé Lima. Valem algumas dicas: 


  • Não vá no período de chuvas. As moscas insistem em compartilhar seu prato com você. Talvez à noite seja melhor;
  • Vá com amigos e amigas. O prato dá para 4 ou 5 pessoas tranquilamente e você gastará menos que uma sessão de cinema com pipoca;
  • Não tenha pressa. O lugar foi feito para relaxar;
  • Procure o Rodrigo, o garçom cantor de rock'n'Roll que tem funPage no FB;
  • Quase tudo é ''puxado'' no creme de leite, um bom vendedor da Nestlé esteve lá antes de você, então, cuidado se for intolerante à lactose!
  • Não tente algo com leite de côco, a tradição foi irremediavelmente atropelada.
      A comida é boa, o preço é justo. Não posso dizer que caí de amores, mas    não poderia deixar de contar desse cantinho que só os cearenses arretados conhecem. Contatos seguem abaixo: 




      Entrou por uma porta e saiu pela outra... Qualquer dia, conto outra...