sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Quando o Carteiro Chegou...

...Nada como receber carta à moda antiga. Abrir a caixa de correspondência e encontrar um envelope destinado especialmente a você. Felicidade é isso também!

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Pelotas II

Não há como conhecer de fato uma cidade sem andar a pé e enfronhar-se por seus arredores. Pelotas é uma cidade plana, seu traçado é preciso como um tabuleiro de xadrez - ou será de damas? - e suas ruas arborizadas o suficiente para tornarem as caminhadas confortáveis.  Andar a pé é ótimo antídoto para as profusas calorias dos doces irresistíveis. 

Aos arredores de Pelotas tive acesso por meio da mais nova 'amiga de infância'. Fui gentilmente convidada - povo de Pelotas é muito gentil e acolhedor - a almoçar em casa de mama. A casa, localizada num sítio delicioso, é confortável e transborda generosidade e afeto. Reflexo de seus habitantes, seu Bruno e D. Aura. 

A cozinha é aberta para a sala, linda como não havia ainda visto. A comida de D. Aura enche não apenas o estomâgo e os olhos, principalmente aquece o coração.  Mas, segundo soube, seu Bruno também é versado em panelas, sendo autor de licores e geléias, feitos com os frutos da própria terra. 

Sim, há um belíssimo pomar e uma grande horta, onde pude colher amoras frescas (daquelas bem redondas boas para preparar tortas). Alface, tomates, milho, de tudo se planta ali. Há também galinhas, bezerros e umas tantas ovelhas a berrar. 

Há mais, muito mais a ver e a sentir no Sítio Águas Claras. No passeio pelos jardins descobri lugares incríveis. Começamos por um jardim em que um ponei  tranquilo pastava. Lá havia espécies vegetais de vários lugares. Havia canela e maple - sim, aquele que é símbolo do Canadá - para a preparação de delicioso xarope a se derramar nas panquecas dos filmes com gosto de infância e gulodice. 
Mais adiante, a magia de um labirinto, copiado ipsis literis daquele que se encontra na nave central da catedral de Chartres. Experiência inenarrável, é necessário ir lá e conferir a energia que brota do centro do labirinto. Sons distorcidos em suave eco, mãos que formigam aquecidas mesmo a 12º. 

Seguindo pela trilha abaixo, logo se vê um pequeno jardim japonês, com seu restelo ao lado, pronto para auxiliar o visitante a mergulhar no silêncio interior. Seu Bruno conta a história do jardim, ao tempo em que explica toda a simbologia ali contida. Mas vocês acham que fica por aí? Não mesmo. 

Ainda há mais, quando pensamos que o passeio já surpreendeu o suficiente, há mais magia. E  adiante, um lugar que chamei de 'lugar de las abuelas''. Distribuídos em círculo estão os bancos de pedra que arrodeiam a fogueira, com seu caldeirão de ferro. Imaginei o encontro ''de las brujas'', mulheres pensadoras, sensíveis e cheias de histórias, mulheres ancestrais repletas de sabedoria, compartindo com as mais jovens os segredos do feminino sagrado. 

Ao lado, um lago calmo, refletindo a luz do céu e os eucaliptos do jardim dos patriarcas. E o caminho prossegue a perder de vista, ladeado pelas pilhas de lenha separada. Ainda não havia acabado quando a chuva fina chegou. Seguimos em direção ao outro lado da casa, encantei-me com um recanto - meu perdoe seu Bruno, esqueci o nome - em que foram dispostos bancos e um balanço para dois, em que se pode ver o pôr do sol, à frente, marcado em pedras altas, o evento quando do solstício de inverno - à esquerda - e o soslstício de verão - à direita - a inebriar-me. 

Sol e chuva. Chuva e sol, e conheci o carvalho plantado por Andréa (minha mais nova amiga de infância), e lembrei inexoravelmente que dentro de mim e de todos nós há semente do fruto do carvalho, pronta a germinar e crescer e tornar-se árvore frondosa e forte. Como anda sua semente? Germinou recentemente?

O sítio Águas Claras é também pousada, pois a casa que é guardada pelo frondoso carvalho (3qtos, cozinha, sala equipados) é hospedagem para aqueles que querem e valorizam o não fazer, o silêncio e os sons, os sabores e os odores do paraíso. Há ainda quem pergunte 'o que há para fazer lá?' Você acredita? Nem eu!


Se quiser fruir o paraíso, dá um toque para Andréa (andreachies@hotmail.com)*.


*Não faço posts patrocinados. A dica é dada dentro do espírito de compartilhar o que de melhor vivencio em minhas andanças por aí. Aproveitem e se forem lá, não deixem de escrever suas impressões do lugar que publico na maior satisfação.


terça-feira, 14 de dezembro de 2010

A Torcida Campeã

 

Havia, durante todo o ano, uma expectativa de vitória no ar. O Inter e sua torcida aguardavam ansiosos pelo jogo de hoje. Apostaram todas as fichas e sonharam acordados dias e noites esse momento. Viveram projetados no futuro incerto, como se certo fosse.

O time, conduzido por um excelente técnico, é composto por um grupo talentoso e dedicado de jogadores. Ases como D'Alessandro, Guiñazu, Tinga, Alecsandro e Giuliano, entre outros. Mas depois de tanta expectativa e  anseio, algo ficou no caminho.

D'Alessandro, ansioso, não dormira. Visivelmente abalado emocionalmente passou anônimo todo o primeiro tempo. No segundo cometeu erros absurdos para um atleta de seu quilate. O emocional suplantou seu talento e o nocauteou. Guiñazu, líder reconhecido, estava irreconhecível. O time chutou a gol 11 vezes, não acertou nenhuma.

Viveu 2010 aguardando esse dezembro em Abu Dabi e quando o momento chegou, por temor ou por ansiedade, pôs tudo a perder.


Mas a Torcida foi um espetáculo. Cerca de 5mil assistiram ao vivo, enquanto milhares de corações colorados vibravam no RS, no Brasil. Enquanto, mesmo torcedores de outros times, emitiam boas vibrações para o time do Internacional. Numa mescla de ansiedade, nervosismo e força, a tudo acompanhou: intensamente. E gritou e rezou e torceu e chorou.

E apesar dos erros, das imperfeições e fragilidades tão humanas de seu time, estava lá para apoiá-lo. Esteve lá para expressar sua tristeza e decepção. Está lá para, mesmo decepcionada, estender-lhes as mãos. As cidades gaúchas, caladas pela frustração, silenciadas pela dor da derrota, estão cá a condoer-se pelos gols não feitos, pelo título deixado pelo caminho.

O espetáculo da Torcida Campeã é  show de amor, que mesmo ferido, doído, sonhos desfeitos, se cala e chora, preparando-se para, no próximo desafio, vestir novamente a camisa, encher-se de orgulho e cantar, e gritar e torcer por seu time do coração, deixando para trás as decepções. Não importam os erros e o mal desempenho de alguns - são antes de tudo humanos - por que o amor pelo time é maior e a tudo supera.


Hoje vou de Frida Khalo...

´Acho que é melhor nos separarmos e eu ir tocar minha música em outro lugar com todos os meus preconceitos burgueses de fidelidade.´´
Frida
Frida Khalo y Diego Rivera


``Rivera pintou a história e sofrimento do seu povo. Frida pintou sua própria história e sua própria tristeza. Frida Kahlo e Diego Rivera haviam de ficar juntos para sempre.``

domingo, 12 de dezembro de 2010

Diário de Bordo - Pelotas I

Pelotas é meu destino, agora. Cá estou, a reboque das atividades com projetos culturais. A cidade é mais que a terra do doce ou das charqueadas, muito embora tal cultura seja forte componente da identidade cultural local.

Os prédios históricos, as praças belíssimas, a gente acolhedora - embora alguns digam ''metida a besta'' - são marcas dessa cidade gaúcha tão particular.

Há valores intrinsecamente ligados a mim. Bem perto daqui chegaram meus antepassados açorianos, pela Lagoa dos Patos, nos idos de 1767. As famosas charqueadas foram trazidas a estas paragens por um conterrâneo - Pinto Martins - das terras do Ceará, origem de parte do clã que me trouxe a este mundo.

Logo, as veias que me ligam a este útero riograndense não são frágeis, mas significativas o suficiente para ser cativada por essas paragens sem retorno.

Sinto-me em casa. Os doces de origem portuguesa, tão propagados por aqui, são apenas mais um pista de que esse lugar faz parte de mim, como eu, neófita dessas terras, sou parte dele.

Mas além dos doces, prédios históricos e charqueadas, o que há nessa parte quase desconhecida do Brasil?

Vamos vendo, em etapas, conforme os segredos dessas terras forem sendo a mim revelados. Por hoje, entrou por um porta, saiu pela outra - quem quiser que conte outra - curtam a curiosidade sobre a mais bela cidade ao sul do Rio Grande do Sul.