''Eu adoro essa parte. A luz vai se apagando devagarzinho. O mundo lá fora vai se apagando devagarzinho. Os olhos da gente vão se abrindo e daqui a pouco a gente não vai mais nem lembrar que tá aqui. (...) A gente vai conhecer um monte de pessoas novas, um monte de problemas que a gente não pode resolver, porque só eles podem. Vamos ver como e quando'' (Lisbela, em Lisbela e o Prisioneiro).
Cinema essa mágica luz que alumia almas e faz viajar por lugares nunca antes visitados, por estórias improváveis ou verdadeiras - narradas de modo encantador ou apenas documentadas. Cinema que embalou sonhos e desejos. Cinema que foi o caminho para fazer amigos numa cidade desconhecida para a qual me mudei há alguns anos atrás e que me possibilitou publicar os primeiros textos no Arcamundo.
Naquele tempo, a saída que encontrei para me enturmar foi o Orkut. Lá encontrei a comunidade Cinéfilos de Goiânia, onde, insistente, participava de debates havidos entre seis cinéfilos verdadeiramente aficcionados eteimosos. E eu era a mulherzinha de Brasília - brasilienses estão para goianos assim como paulistas estão para cariocas, não necessariamente nessa mesma ordem - que ficava furando os debates, dando palpites e provocando a discórdia nas até então discussões exclusivamente masculinas da comunidade. Foi um tempo maravilhoso e sou imensamente grata pelas inestimáveis lições aprendidas com Rafa, Rafa Parrode, Vini, Cadu, Fabrício, Valber e André.
Claro que tantas discussões on-line acabaram por incentivar encontros reais - sempre em cinemas locais - com ótimas discussões em barzinhos da cidade. Depois algumas figuras inesquecíveis se juntaram ao grupo: Camila - a mãe do Arcamundo - Elissa, guerreira incansável das causas de esquerda e algumas namoradas que vinham e iam. Por fim, criamos nós mesmos uma nova comunidade: Cinema, Diversão e Arte que resiste bravamente no Orkut até hoje.
Mas para quê essa história toda, afinal? Tudo isso é um pouco para matar saudades dessa turma com a qual há muito não tenho contato e muito é para dizer da importância e do meu afeto e gratidão por eles e pelo cinema.
Embora não seja uma crítica do gabarito de Fabrício ou Parrode, sou o tipo que analisa num filme aspectos da construção das personagens e sua coerência, além de ser aficcionada pelos roteiros e seus textos maravilhosos. Sou ligadíssima em frases de cinema, razão pela qual não resisti dia desses e adquiri um livro chamado '' Os Melhores Diálogos do Cinema'' de P.Fendler. Não sei se posso concordar com o autor sobre serem os melhores diálogos, mas certamente a maior parte dos textos selecionados pelo autor são muito bons, tão bons que decidi escrever - a partir dos diálogos selecionados por Fendler - crônicas ou contos, quem sabe.
O livro traz 229 diálogos do cinema. 229 pérolas dos clássicos aos contemporâneos. E vou escrever a partir da próxima terça-feira (homenagem ao Arcamundo) sobre os 229 textos selecionados por Fendler. A cada nova terça-feira, um novo texto. Espero que findos os 229 tenhamos outros 229 sugeridos pelos leitores do Blog para que possamos seguir surfando nas maravilhosas frases de cinema.
Nosso primeiro diálogo será o do filme The Holiday. Aguardem!
P.S. Esse projeto dedico a@s amig@s de Cinéfilos de Goiânia, a@s companheir@s do Arcamundo, em especial Vini, Cadu e Camila.