Caio,
Em plena viagem exploratória de meu novo lar-doce-lar deparei-me com excelentes condições. O clima é ameno e as pessoas simpáticas. A cidade é bonita com suas construções simples e o comércio oferece tudo o que é necessário, além de haver boas opções culturais e artísticas. Há uma belíssima biblioteca aqui e para mim o paraíso tem livros, muitos livros.
Estou hospedada na casa de D. Maroca. Senhorinha muito alegre e falante, viúva e com muitas histórias para contar. Vive com ela seu filho mais velho: José e uma criada mal-criada, que costumam chamar Lerinha. A casa é confortável, tem um belo piano - o que me realiza - e ouço atentamente as histórias da cidade que D. Maroca viu crescer.
Desde muito jovem ela veio de uma pequena vila ao norte da província com seus 12 irmãos e irmãs e a mãe que ficara viúva. Os mais velhos cuidavam os mais novos. D. Maroca era caçula e o mimo de todos. Contou-me que por causa disso tornou-se uma mocinha bem mimada, que tinha todos os desejos realizados no momento em que queria. Não admitia ser menos que o centro das atenções. E era, segundo ela, muito namoradeira. Suas histórias são engraçadas, numa outra oportunidade contarei mais de D. Maroca e suas aventuras na cidade.
Busco por um lugar para chamar de meu. Os imóveis são bons, porém poucos estão disponíveis para aluguel. Além disso, você sabe, ainda hoje uma mulher sozinha é vista com desconfiança em alguns lugares. Aqui é um deles. Por outro lado, convivo há muitos anos com olhares que vão do curioso ao reprovador e isso não costuma me constranger.
Tem sido constante a companhia do senhor K. Ele foi designado pelo escritório central para auxiliar-me na exploração do novo território e tem feito um excelnte trabalho. Seu entusiasmo pela cidade é contagiante e costuma mostrar-me lugarzinhos charmosos onde poderei distrair-me das pressões do dia-a-dia.
Faz sol aqui o ano inteiro e é um hábito local banhar-se nas praias nos finais de semana. Outro hábito delicioso é o de assistir o pôr-do-sol numa velha ponte abandonada ao som de violeiros que poeticamente colocam trilha sonora nesse fantástico espetáculo da natureza.
Senhor K apresetou-me uma boa amiga que algumas vezes nos tem acompanhado. Maria Amélia é extremamente ativa, falante e seus olhos brilham imensos e claros sobre sua pele bronzeada. Ela é inteligente e em poucos encontros já nos tornamos ótimas amigas. Temos muito em comum, embora eu não tenha metade da vivacidade de Maria Amélia. Não há como entrar num salão acompanhada por ela e não ter todos os olhares imediatamente voltados para nós.
Como andam as coisas por aí? Você não tem escrito muito. Sua última correspondência era quase lacônica. Algo o aborrece? Sei que agora estamos mais distantes que nunca, mas foi o que escolhemos afinal. Cuide-se.
Vou ficando por aqui, repleta de boas expectativas quanto a nova vida.
A.L.
''Maria, Maria é um dom, uma certa magia, uma força que nos alerta... Uma mulher que merece viver e amar'' como outra qualquer do planeta''(...)
Saiba Mais de Maria
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
VI - Carta de Anita Lopez a Caio Marques
Querido Caio,
Os dias passam rápido nesse início de novo ano. A notícia da remoção para outra parte do país me pegou de surpresa. Havia em mim um misto de receio e alegria pelo novo desafio. Eu, como você bem sabe, sou adepta a vida nômade.
Penso unicamente em todas as providências que terei de adotar para tornar a mudança de cidade efetiva e mais prazerosa que desgastante. No entanto, não posso deixar de registrar que R. entristeceu-se com a notícia. Somos muito próximas e com a partida minha querida amiga não poderá contar com nossos passeios ao entardecer, regados a boa prosa.
Ontem mesmo dei conhecimento a minha senhoria sobre a entrega do imóvel. Fui feliz naquele apartamento. Tudo tão limpo e iluminado. Mas estou certa que encontrarei um belo lugar para morar em meu destino. Tenho muita sorte com moradia, aliás, para ser justa, tenho mesmo muita sorte na vida e por isso sou grata. A remoção não poderia ter vindo em hora melhor.
Andei refletindo em como tudo acontece exatamente quando tem de acontecer. Que momento oportuno para esta mudança de cidade. É verdade que estava começando a me acostumar e até me encantar com a vila, mas sei que encontrarei lá boas razões para o encantamento.
Na próxima semana farei uma visita exploratória ao novo destino. Estou, confesso, bastante ansiosa com a perspectiva.
Por agora, meu amor, era o que tinha a dizer-te.
A.L.
Os dias passam rápido nesse início de novo ano. A notícia da remoção para outra parte do país me pegou de surpresa. Havia em mim um misto de receio e alegria pelo novo desafio. Eu, como você bem sabe, sou adepta a vida nômade.
Penso unicamente em todas as providências que terei de adotar para tornar a mudança de cidade efetiva e mais prazerosa que desgastante. No entanto, não posso deixar de registrar que R. entristeceu-se com a notícia. Somos muito próximas e com a partida minha querida amiga não poderá contar com nossos passeios ao entardecer, regados a boa prosa.
Ontem mesmo dei conhecimento a minha senhoria sobre a entrega do imóvel. Fui feliz naquele apartamento. Tudo tão limpo e iluminado. Mas estou certa que encontrarei um belo lugar para morar em meu destino. Tenho muita sorte com moradia, aliás, para ser justa, tenho mesmo muita sorte na vida e por isso sou grata. A remoção não poderia ter vindo em hora melhor.
Andei refletindo em como tudo acontece exatamente quando tem de acontecer. Que momento oportuno para esta mudança de cidade. É verdade que estava começando a me acostumar e até me encantar com a vila, mas sei que encontrarei lá boas razões para o encantamento.
Na próxima semana farei uma visita exploratória ao novo destino. Estou, confesso, bastante ansiosa com a perspectiva.
Por agora, meu amor, era o que tinha a dizer-te.
A.L.
segunda-feira, 4 de janeiro de 2010
Sempre Novo De Novo
Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Ter me rebelado, ter me debatido
Ter me machucado, ter sobrevivido
Ter virado a mesa, ter me conhecido
Ter virado o barco, ter me socorrido
Composição: Ivan Lins / Vitor Martins
Vai valer a pena ter amanhecido
Ter me rebelado, ter me debatido
Ter me machucado, ter sobrevivido
Ter virado a mesa, ter me conhecido
Ter virado o barco, ter me socorrido
Composição: Ivan Lins / Vitor Martins
Supostamente começou um novo ano, uma nova década. Finda a primeira do século XXI fica a sensação de que o tempo não para e que o mundo continua girando, de um modo ou de outro. Ontem ficou para trás com as boas e más lembranças. Depois da virada é um novo dia, tempo de renovar esperanças, fazer planos e realizar sonhos. Mas essa virada não acontece todos os dias, afinal?
A idéia aqui é que cada dia temos a possibilidade real de fazer ‘’a virada’’, deixando para trás o que não nos serve e tomando decisões – de fazer ou de não fazer – revolucionárias.
Nessa perspectiva venho virando a página todos os dias há vários meses. 2009 foi um ano de pequenas e grandes viradas diárias. Tomei decisões ousadas, troquei a pele várias vezes, mudei de casa, de trabalho, de planos e deixei para trás – mais de uma vez – velhos conceitos, antigos sonhos embolorados, decrépitas crenças ancestrais.
O ano de 2009 foi, definitivamente e a cada dia, um ano de mudanças. E eu as fiz como deveria, embora às vezes não sem alguma dor. Sinto-me hoje, primeiro dia útil (há dias inúteis?) de 2010, pronta para seguir virando, a cada 24h, a página da história, tomando decisões grandes e pequenas. Transformando os desafios da vida em experiências infinitamente interessantes e reveladoras de quem sou no mundo em que vivo. PORQUE
TODA MULHER TEM DIREITO A TORNAR-SE NOVA(s) A CADA DIA.
FELIZ DIA NOVO, A CADA DIA!!!
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
O Enterro dos Ossos
[...]Amar é qualquer coisa de mais grave e significativo do que o entusiasmo pelas linhas de um rosto e a cor de uma face; é decidirmo-nos por um certo tipo de ser humano que é simbolicamente anunciado nos pormenores do rosto, da voz e dos gestos.
O amor é uma escolha profunda. (Ortega y Gasset)
Ela e suas circunstâncias [parafraseando Ortega y Gasset]
Vivera aquele Natal cálido e chuvoso
Metida num frente-unica amarelo,
Pés vestidos de esmalte carmim
Envolta num blois encarnado
Nos cabelos flores,
Na boca, apenas o sorriso largo.
Frida Khalo em pleno Pedro Almodóvar.
Viveu a celebração dos afetos reais
Abandonou os abraços partidos
Dependurados [na chuva]
Não se abandona mais, não há perigo.
Era agora o que sempre fora e não havia se dado conta:
Uma mulher como poucas
Uma mulher para poucos.
O amor é uma escolha profunda. (Ortega y Gasset)
Ela e suas circunstâncias [parafraseando Ortega y Gasset]
Vivera aquele Natal cálido e chuvoso
Metida num frente-unica amarelo,
Pés vestidos de esmalte carmim
Envolta num blois encarnado
Nos cabelos flores,
Na boca, apenas o sorriso largo.
Frida Khalo em pleno Pedro Almodóvar.
Viveu a celebração dos afetos reais
Abandonou os abraços partidos
Dependurados [na chuva]
Não se abandona mais, não há perigo.
Era agora o que sempre fora e não havia se dado conta:
Uma mulher como poucas
Uma mulher para poucos.
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
A Ceia de Natal
Eu dizia das mulheres da minha família na cozinha em época de Natal. Dizia das lembranças dos odores, dos sabores daqueles deliciosos Natais em família.
A cidade em que moro tem uma significativa parcela de moradores sazonais. Nesta época do ano, muitos, por razões profissionais, não podem ir ver suas famílias nos estados de origem.
Eu, de outro lado, a cada dois anos fico sem filh@s no Natal. Coisas de uma mulher separada. Natal de pai. Nessas ocasiões realizo lá em casa o Natal do MSF_BSB. O que significa? Bem, Movimento dos Sem Família em Brasília.
Este ano terei um desses maravilhosos Natais entre amig@s querid@s. Há duas semanas venho testando receitas, pensando o menu, experimentando misturinhas, sabores e preparando os presentes - feitos por mim, um a um - para as pessoas maravilhosas que estarão comigo esta noite.
Fiz azeite aromatizado. Doce de cupuaçu aromatizado com pimenta da jamaica (experiência), biscoitos amanteigados e antepasto de bacalhau (receita maravilhosa, testada e aprovada, do pai do meu grande amigo Tibagi). Estão lindamente acondicionados em potes de vidro decorados [by myself]. Tudo simples, mas feito com muito carinho e dedicação.
Em cada pote uma parte de mim, um pedacinho do enorme afeto que sinto pel@s que receberão a dádiva. Demonstração de todo o amor que posso compartilhar, de tudo de bom que tenho para dar, porque
É NATAL, E TODOS TEMOS DIREITO A ACONCHEGO, AFETO, AMOR, AMIGOS POR PERTO.
A cidade em que moro tem uma significativa parcela de moradores sazonais. Nesta época do ano, muitos, por razões profissionais, não podem ir ver suas famílias nos estados de origem.
Eu, de outro lado, a cada dois anos fico sem filh@s no Natal. Coisas de uma mulher separada. Natal de pai. Nessas ocasiões realizo lá em casa o Natal do MSF_BSB. O que significa? Bem, Movimento dos Sem Família em Brasília.
Este ano terei um desses maravilhosos Natais entre amig@s querid@s. Há duas semanas venho testando receitas, pensando o menu, experimentando misturinhas, sabores e preparando os presentes - feitos por mim, um a um - para as pessoas maravilhosas que estarão comigo esta noite.
Fiz azeite aromatizado. Doce de cupuaçu aromatizado com pimenta da jamaica (experiência), biscoitos amanteigados e antepasto de bacalhau (receita maravilhosa, testada e aprovada, do pai do meu grande amigo Tibagi). Estão lindamente acondicionados em potes de vidro decorados [by myself]. Tudo simples, mas feito com muito carinho e dedicação.
Em cada pote uma parte de mim, um pedacinho do enorme afeto que sinto pel@s que receberão a dádiva. Demonstração de todo o amor que posso compartilhar, de tudo de bom que tenho para dar, porque
É NATAL, E TODOS TEMOS DIREITO A ACONCHEGO, AFETO, AMOR, AMIGOS POR PERTO.
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