terça-feira, 8 de setembro de 2009

Pequenos Prazeres




Há um prazer indescritível, como uma brisa suave em fim de tarde, que toma conta de mim quando recebo um livro pelo correio. Sentir seu cheiro, percorrer avidamente todas as linhas das orelhas e da contracapa. Se este livro foi comprado num sebo, aí é melhor ainda. Há uma curiosidade quase infantil por saber se virão notas, grifos ou comentários.


Busco adivinhar-lhe as origens. Descubro pelo envelope que esse maravilhoso exemplar - "Um Teto Todo Seu'', de Vírginia Woolf - veio de um sebo no Paraná, mais precisamente na centro da capital - Curitiba - da Papirus, onde, certo dia, alguém o depositou. Que terá motivado a desfazer-se de tal preciosidade? Terá tido prazer com a leitura dessas linhas esplendidamente escritas por Virgínia? Ou terá sido aborrecido? Foi um homem ou mulher que antes o usufruiu?


Folheio despretenciosamente o livro, não em busca de defeitos, mas de pistas sobre outras pessoas que tenham interagido com o ensaio da escritora inglesa. Nada, nenhum vestígio. Será que não causou qualquer sentimento? Ou será que caiu nas mãos de alguém excessivamente metódica e organizada que lavra suas notas em pequenos ou grandes blocos de papel que traz consigo no momento da leitura? Não sei.


Não há como saber. Infelizmente. Eu, de outro lado, sempre deixo muitos rastros por onde passo. Não sei ler apenas com os olhos. Preciso de mais. O tato me é fundamental e o diálogo com a autora: indispensável. Grifos, notas, post its coloridos e até manifestações de concórdia, tristeza, dor, exultação: com o olhar, com as mãos ou mesmo em voz alta. Tudo faz parte dessa relação que estabeleço com o livro, com as letras e com a autora. Puro prazer, traduzido em brilho nos olhos e sorriso sutil. Pura felicidade.


Quem me lê poderá achar que sou apegada aos livros. Não posso dizer que sou. Na verdade eu os amo e por amá-los quero-os livres para voarem e pousarem em outros cantos, para dialogarem com outros leitores e fazerem felizes - ou não - outros corações. No entanto, é de registrar que alguns exemplares são tão caros a mim, pela relação que estabelecemos - eu e suas linhas - que não consigo me desvencilhar deles. Guardo-os carinhosamente, cheios de grifos, notas e post its para revisitá-los em algum momento - próximo ou distante - e quem sabe com olhos diferentes encontrar-me com eles. PORQUE


TODA MULHER TEM DIREITO AO (RE)ENCONTRO.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Você sabia que as tartarugas põem ovos no verão?




E que...


...O Ipê branco é espécie nativa do cerrado e do pantanal brasileiros? Muito apreciado por sua beleza e exuberância, fica totalmente branco quando da floração, que ocorre em geral no mês de agosto e dura apenas dois dias. O ciclo do Ipê branco é de doze meses, quando então ocorre nova floração.

E que...

A gestação na espécie humana cumpre um ciclo de nove meses ou 39 semanas? Desde a concepção, quando se inicia o ciclo, o organismo da mulher passa por numerosas transformações, enquanto o feto se desenvolve até que esteja pronto para o nascimento.


também que...

...O ciclo menstrual inicia-se no primeiro dia da menstruação? A menstruação é a descamação do endométrio, e consequente sangramento. Isto ocorre por que os ovários reduzem muito a secreção de hormônios, e estes, por vários mecanismos, reduzem o estímulo ao endométrio, ocasionando a morte de suas células e a descamação. A cada 28 dias, em média, um novo ciclo inicia.

Pois é...

A vida tem ciclos, há quem diga que a cada sete anos nossas vidas se renovam, e iniciamos um novo ciclo. O ipê branco, assim como outras espécies vegetais, tem seus ciclos - de floração (dois dias) e de espera (doze meses); as tartarugas põem seus ovos no verão, em períodos de doze meses também. Relacionamentos também têm ciclos. Começam com o enamoramento e chegam ao término - em algum momento - sem regras fixas ou períodos pré-fixados, apesar da farta literatura sobre a ''crise dos sete anos'' no casamento.


Venho refletindo há exatos vinte oito dias sobre o final do relacionamento. A reflexão, assim como a dor, foi parte do ciclo de luto inerente ao ocaso desse amor. Passei do espanto, à tristeza, da dor à gratidão. Da dúvida à compreensão. Busquei sinceramente razões para – tal qual num drama mexicano – sofrer. Não sofri. Não sofri por que vivi os últimos dezessete meses uma relação que se iniciou com um encantamento curioso e foi se constituindo - pouco a pouco - na melhor experiência a dois pela qual passei até hoje:companheirismo, carinho, respeito e confiança foram a tônica desse amor.


A despeito do e-mail (sim, ele terminou por e-mail tal qual Gregoire Bouiller), sou grata a esse homem que tanto me ensinou. Ele segurou minha mão quando precisei e me acolheu generosamente em sua casa, quando – longe da família – adoeci e precisei de ninho seguro e aconchegante. O que posso falar dele, senão dos bons sentimentos que o tempo, a convivência e a felicidade, foram tecendo em mim?


De outro lado, sinto-me tranquila porque me dei inteira. Fui meu melhor, todos os dias, a cada dia. Fui companheira, amiga, amante. Nada omiti sobre meus sentimentos, revelei minhas dúvidas, meus temores, meu amor despudoradamente. Estive presente, talvez tão completamente que não tenha sobrado espaço para que sentisse minha ausência. Mas entreguei-me e não me arrependo.


Vinte e oito dias se passaram. Um ciclo de mulher. Momento de descamar as células mortas e preparar-me para o novo ciclo que se inicia.Uma parte de mim se vai, outra surge das entranhas. Não afastarei as boas lembranças, nem o sentimento que ainda me leva a ele, mas vou retomar meu caminho. Escolhi ser feliz, PORQUE


TODA MULHER TEM DIREITO A ESCOLHER.



P.S. Obrigada pelo Post-it.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Hoje vou de... Hygiene

Quem Sangra todo mês!
Não pode ter mêdo da vida nem da morte
Abre a porta para quem quer
Fecha a porta para quem não quer!

(trecho da peça Hygiene, do Grupo de Teatro XIX)

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Sétimo Dia

A Missa de 7º dia é uma prática brasileira. Destina-se em primeiro lugar a permitir que parentes e amigos do morto se encontrem. Herança dos tempos antigos, segundo Frei Bento, época em que o deslocamento das pessoas era difícil, não haviam estradas, nem ônibus, nem automóveis, nem avião para trazer os parentes e amigos do de cujus para o velório. Como vivemos num país tropical, o cadáver não podia ficar insepulto por mais de 24 horas.

A igreja, então, adotou a prática de celebrar, uma semana depois do passamento, missa em homenagem ao morto, na qual os familiares e amigos se encontravam para celebrar a renovação e a chegada do parente ao céu.


Sete dias desde ''O Espanto''. É pois tempo de celebrar a renovação da energia afetiva, reacendendo a chama da alegria, da crença no amor e a chegada do 'Espanto' ao céu-dos-relacionamentos-desfeitos.


Portanto, amigos próximos e distantes estão convidados para a ''Celebração do Sétimo Dia de Solteirice'' de Maria. A realizar-se no Bistrot Rayuela, SCLS 413, a partir das 19h, porque


TODA MULHER TEM DIREITO A SEGUIR ADIANTE, VIRAR A PÁGINA E SER FELIZ!