quinta-feira, 30 de junho de 2011

Diário de Bordo São João Del Rei - Onde terá bolinho de feijão?

Disse que Tiradentes é linda e Caminho do Bichinho é para ir e ficar [pelo menos por seis meses]. Há muitas Minas em Minas. De volta para casa, tempo apenas para escrever o último post e voltar para a rua [fria] em busca do famoso bolinho de feijão.

Segundo nos contaram é feito de feijão fradinho [seria um primo do acarajé?]. Na primeira noite buscamos em vão a iguaria. Agora, seguindo uma outra pista fomos ao Armazém Bar. Tinha bolinho de feijão, mas estava em falta [entendeu?].

Então pedimos pastéizinhos de angú. Eles podem vir recheados de carne, queijo ou frango. Reza a lenda que em alguns lugares são recheados com carne e coração de bananeira. [preciso descobrir a receita da massa : rechear com oropronóbis ou couve ou jiló ou abóbora]. Dizem que a receita é segredos das Minas, acredito, mas que vou tentar, vou! Conto depois a aventura [e, sim, convido para provar!]


Também experimentamos babata mola. Essa aí em cima. Tá, está visto. Noite fria chegando ao fim [bora para debaixo dos cobertores?]

Entrou por uma porta, não saiu pela outra. 

sábado, 25 de junho de 2011

Diário de Bordo São João Del Rei - Desvendando o território

Minas Gerais e suas cidades históricas. Cidades são organismos vivos irrigados pelos fluxos da história. Não a história cristalizada em livros empoeirados, mas aquela que se escreve e reescreve dia após dia. História flui nas veias da cidade e de seus habitantes.  Proteger e preservar o patrimônio histórico é importante.


foto: Maria Claudia Cabral - Igreja do Carmo

Mas como se protege um organismo vivo sem asfixiá-lo, interrompendo fluxos e cristalizando a história? Não saberia responder de pronto, mas juro que me inquietou ao percorrer o centro histórico de São João e Tiradentes.  


foto: Maria Cláudia Cabral - Chafariz da Serra de São José


 Vi tanta gente a mirar os prédios e as igrejas como se estivessem enjaulados, quase fora de seus habitats naturais. Fluxos artificiais? Artesanato belo, com peças já corrompidas pela produção em série [morte da autenticidade?], mas presente também nichos de resistência, releituras, interpretações, representações e tradições preservadas vivas. 

foto: Maria Cláudia Cabral - O Casal


 Percursos 'hechos', rendição total aos sabores de Minas. Cachacinhas, petiscos, coisinhas deliciosas...Quem faz dieta nas Gerais ou é ruim da cabeça ou doente do pé. E o Restaurante da Joana iluminou nossas vidas, enchendo a tarde de puro prazer [e que prazer!]. Mas a foto abaixo não é do Restaurante da Joana, tá?


foto: Maria Cláudia Cabral - Fogão à Lenha: Restaurante Oropronóbis
Delícias e malícias à parte, seguimos para a Oficina de Agosto, mais representativo espaço de artesanato de Bichinho. Fotografar é proibido[ #prontofalei], por que vou gastar meu latim? Nada mais a dizer do lugar.

De volta para o aconchego do lar [de Tiba], seguimos estrada além. Cansou só de ler? Eu também! Mas adolescentes não cansam jamais, logo ainda não acabou a aventura do dia.


Entrou por uma porta e desceu pela outra!

P.S. Muito ainda para contar.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Diário de Bordo - São João Del Rei e vizinhança

Tiradentes, Caminho do Bichinho, Minas Gerais. As Gerais, uai! A-do-ro. E preciso voltar, antes mesmo de partir. Ontem à noite, depois da aventura pelas estradas ''resolvemos fazer algo diferente'' [o bordão oficial da aventura]. Após o merecido banho, rua! Tomamos a cidade de assalto, percorremos os principais pontos, as ruelas e os becos. Olhamos a noite fria de Del Rei para ao final de uma busca desesperada pelos famosos bolinhos de feijão, nos deliciarmos [ladeira acima] no Pena, com pasteizinhos de angú. Afinal, vir a Minas e não ir a boteco é pecado [mortal] e não provar a comida é pecado [capital].



A receita é segredo guardado a sete chaves por aqui. Reinventei o recheio e não sossego enquanto não conseguir fazer em casa, com os recheios que povoaram meus sonhos noite passada [me aguardem!]. Recolhemos os adolescentes pouco depois da meia-noite, nariz anestesiado de frio [é, tá gelado por aqui].

Entrou por uma porta saiu pela outra, por que agora eu vou voltar a fazer pesquisa antropológica pelas ruas de paralelepípedos de São João.  Amanhã, conto as aventuras do dia de hoje [muitas, muitas, muitas]. 

Em busca dos bolinhos de feijão perdidos... 

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Diário de Bordo - São João Del Rei - MG

'Nesse feriado resolvi fazer algo diferente' :Thelma, Louise e 3 adolescentes num Ford Ka rumo a São João del Rei, Minas Gerais. Origem: Brasília-DF. Percurso registrado no Facebook a cada sinal de 3G ativo - o que não era exatamente corriqueiro na estrada.

A aventura começou às 6h da manhã. Porta bagagens lotado [um erro homérico, descobriu-se depois]. Decidimos viver o percurso, viajando sem pressa. 269km depois, paramos em Paracatu, logo após superar  uma 'saliência' não registrada. Café, refrigerante, biscoitos de queijo, alongamento, check-in no Facebook. E, claro, uma nuvem de saudade, trazida do DF por duas Harleys dos Carcarás... [neste trecho ouça a trilha sonora de 7 Homens e um destino]



Caminho com redemoinhos de folhas amarelas, magentas, vermelhas de outono, em pleno inverno. Seguimos adiante rumo a Três Marias, em busca de um restaurante beira rio. Não foi difícil encontrar, duas centenas de kilometros depois. O Rei do Peixe foi nosso escolhido.

foto: Maria Cláudia Cabral - Rei do Peixe - Três Marias - MG 
Às margens do Velho Chico comemos uma peixada à baiana, com pimenta, ar puro, serenidade, alegria, amizade...trem bão, sô. Só não recomendo o café mineiro [açúcar com café]. Registramos o painel com vários [mesmo] adesivos de motoclubes do Distrito Federal e o reencontro com os parceiros de estrada ''os Carcarás'' encontrados em Paracatu.

Caminho da roça que ainda nos faltam mais de 5 centenas de kilometros, momento de revezar o volante e registrar a estrada. E é aí que vem o grande barato, no percurso nunca sabemos quando algo extraordinário vai aparecer. Atenção! É preciso estar alerta, máquina em punho, pronta para registrar. Não aconteceu o redemoinho de folhas [não registrado - eu estava no volante]. Mas, o exercício aprendido de atenção concentrada valeu.  Trecho mais lento, muitos caminhões. Rumo a BH.

Três horas depois, entramos na capital das Gerais. Via expressa... cansaço, vontade de chegar [e logo] vários pardais queimados no caminho: tomamos o rumo . O rumo do ''pão c/ linguiça'', dezenas de plaquinhas depois fechamos questão: O pão com linguiça é uma instituição mineira, se for pão de queijo ainda, não resta dúvida.

O céu escureceu antes que parássemos em Congonhas para fazer o revezamento de direção. Claro que tive de viver a viagem pelo paladar e experimentar a tal instituição de Minas. Provei e aprovei. Eram 18h em Minas Gerais quando saímos para a última e mais linda etapa da viagem.

Entramos na estrada em direção a São João Del Rei e um novo mundo se descortinou. A Estrada Real é muito bem sinalizada, serpenteia sem titubear por uma hora, atravessando cidadelas poéticas, inclusive a mais famosa produtora de rocambole [Lagoa Dourada]. Momento saudades de aventura ainda não vivida.

Quase lá, quase lá... Caminho do Bichinho, Cel Xavier Chaves, Resende Costa [não necessariamente nesta mesma ordem] e finalmente... São João del Rei!!

Chegamos ao destino, exaustos de caminho percorrido intensamente.

Viajar é preciso. Viajar é viver. Vivemos.