sexta-feira, 24 de junho de 2011

Diário de Bordo - São João Del Rei e vizinhança

Tiradentes, Caminho do Bichinho, Minas Gerais. As Gerais, uai! A-do-ro. E preciso voltar, antes mesmo de partir. Ontem à noite, depois da aventura pelas estradas ''resolvemos fazer algo diferente'' [o bordão oficial da aventura]. Após o merecido banho, rua! Tomamos a cidade de assalto, percorremos os principais pontos, as ruelas e os becos. Olhamos a noite fria de Del Rei para ao final de uma busca desesperada pelos famosos bolinhos de feijão, nos deliciarmos [ladeira acima] no Pena, com pasteizinhos de angú. Afinal, vir a Minas e não ir a boteco é pecado [mortal] e não provar a comida é pecado [capital].



A receita é segredo guardado a sete chaves por aqui. Reinventei o recheio e não sossego enquanto não conseguir fazer em casa, com os recheios que povoaram meus sonhos noite passada [me aguardem!]. Recolhemos os adolescentes pouco depois da meia-noite, nariz anestesiado de frio [é, tá gelado por aqui].

Entrou por uma porta saiu pela outra, por que agora eu vou voltar a fazer pesquisa antropológica pelas ruas de paralelepípedos de São João.  Amanhã, conto as aventuras do dia de hoje [muitas, muitas, muitas]. 

Em busca dos bolinhos de feijão perdidos... 

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Diário de Bordo - São João Del Rei - MG

'Nesse feriado resolvi fazer algo diferente' :Thelma, Louise e 3 adolescentes num Ford Ka rumo a São João del Rei, Minas Gerais. Origem: Brasília-DF. Percurso registrado no Facebook a cada sinal de 3G ativo - o que não era exatamente corriqueiro na estrada.

A aventura começou às 6h da manhã. Porta bagagens lotado [um erro homérico, descobriu-se depois]. Decidimos viver o percurso, viajando sem pressa. 269km depois, paramos em Paracatu, logo após superar  uma 'saliência' não registrada. Café, refrigerante, biscoitos de queijo, alongamento, check-in no Facebook. E, claro, uma nuvem de saudade, trazida do DF por duas Harleys dos Carcarás... [neste trecho ouça a trilha sonora de 7 Homens e um destino]



Caminho com redemoinhos de folhas amarelas, magentas, vermelhas de outono, em pleno inverno. Seguimos adiante rumo a Três Marias, em busca de um restaurante beira rio. Não foi difícil encontrar, duas centenas de kilometros depois. O Rei do Peixe foi nosso escolhido.

foto: Maria Cláudia Cabral - Rei do Peixe - Três Marias - MG 
Às margens do Velho Chico comemos uma peixada à baiana, com pimenta, ar puro, serenidade, alegria, amizade...trem bão, sô. Só não recomendo o café mineiro [açúcar com café]. Registramos o painel com vários [mesmo] adesivos de motoclubes do Distrito Federal e o reencontro com os parceiros de estrada ''os Carcarás'' encontrados em Paracatu.

Caminho da roça que ainda nos faltam mais de 5 centenas de kilometros, momento de revezar o volante e registrar a estrada. E é aí que vem o grande barato, no percurso nunca sabemos quando algo extraordinário vai aparecer. Atenção! É preciso estar alerta, máquina em punho, pronta para registrar. Não aconteceu o redemoinho de folhas [não registrado - eu estava no volante]. Mas, o exercício aprendido de atenção concentrada valeu.  Trecho mais lento, muitos caminhões. Rumo a BH.

Três horas depois, entramos na capital das Gerais. Via expressa... cansaço, vontade de chegar [e logo] vários pardais queimados no caminho: tomamos o rumo . O rumo do ''pão c/ linguiça'', dezenas de plaquinhas depois fechamos questão: O pão com linguiça é uma instituição mineira, se for pão de queijo ainda, não resta dúvida.

O céu escureceu antes que parássemos em Congonhas para fazer o revezamento de direção. Claro que tive de viver a viagem pelo paladar e experimentar a tal instituição de Minas. Provei e aprovei. Eram 18h em Minas Gerais quando saímos para a última e mais linda etapa da viagem.

Entramos na estrada em direção a São João Del Rei e um novo mundo se descortinou. A Estrada Real é muito bem sinalizada, serpenteia sem titubear por uma hora, atravessando cidadelas poéticas, inclusive a mais famosa produtora de rocambole [Lagoa Dourada]. Momento saudades de aventura ainda não vivida.

Quase lá, quase lá... Caminho do Bichinho, Cel Xavier Chaves, Resende Costa [não necessariamente nesta mesma ordem] e finalmente... São João del Rei!!

Chegamos ao destino, exaustos de caminho percorrido intensamente.

Viajar é preciso. Viajar é viver. Vivemos.


terça-feira, 21 de junho de 2011

Em Resposta a Alberto T. [Caio X]


Tua resposta me arrebata. Sinto-me tão presente e tão inteira agora. Embora seja o que sou, sou o que falta dizer sobre mim. Sou a experiência dita, a mentira vivida e a vívida mentira dos dias que me acompanham. Soou tão teu o relato sobre aquele que mentia, mas soou também parte do que vivemos [vivemos?]. Nossa mentira profunda e verdadeira, sobre um amor não correspondido ou amor inventado, exagerado, intenso e manso. A um só tempo um conflito em branco e preto, um espaço, um ponto e uma linha.

Aquele Caio que fostes causou em mim tanto que tive de despir-me completamente, distraidamente diante de ti. Desejo oculto? Inconsciente talvez. Desejo de viver com Caio a história, mas com que Caio quisera viver? Afinal, quem é Caio? E que história é essa que não vivo e persigo dia após dia. Estarei em busca do fim do arco íris ou tocar o horizonte com a ponta dos dedos?

De repente me ocorre que minto também ao abandonar o que vivo e me jogar nos braços do que gostaria de viver [fantasia?]. Talvez nunca esteja onde estou, mas onde gostaria de estar [passado ou futuro]. Assim que o tempo vivido é na verdade sonhado, intocável, surreal. Sinto-me uma criança pequena na ponta dos pés tentando sem êxito alcançar o inalcançável.

É, por certo, mais uma ficção inventada por mim. Um papel, uma máscara, uma cena para ver-me livre da enorme responsabilidade por quem sou [quem sou?]. Ficção, tenho escolhido a ficção, onde a vida real talvez me trouxesse a sorte de um amor tranquilo e cálido, prefiro as peripécias e dramas do amor criado e (re)criado a cada carta.

Caio, o verdadeiro Caio [Marques], se é que existe um verdadeiro, percorre um caminho de despir-se diante de si e olhar-se no espelho. Vê a criança que foi e o homem que se tornou. Ele me conta, e suas cartas me despiram a alma, por isso a confissão que precisava fazer. Estou farta da farsa, só não sei ainda como livrar-me das máscaras. Por tanto tempo estiveram aqui, que sinto não saber como removê-las. Tampouco posso prever o que debaixo delas há.

Mas fez-me bem ler teu nome, acompanhado do sobrenome: tão sonoro! Alberto Tibagi, muito prazer, Maria Anita Lopes do Canto. Despida diante de ti e a caminho da verdade que falta e da verdade que sobra.

Sua sempre,

M.A.L.C
[A.L.]

Alberto Tibaji: Fim de uma farsa

Alberto Tibaji: Fim de uma farsa: "Querida Anita [Anita?], Há quanto tempo longe da tua companhia... Fazes-me falta! Perdão pela minha traição. Peço. Acabo de pedir. Creio qu..."