terça-feira, 21 de junho de 2011

Em Resposta a Alberto T. [Caio X]


Tua resposta me arrebata. Sinto-me tão presente e tão inteira agora. Embora seja o que sou, sou o que falta dizer sobre mim. Sou a experiência dita, a mentira vivida e a vívida mentira dos dias que me acompanham. Soou tão teu o relato sobre aquele que mentia, mas soou também parte do que vivemos [vivemos?]. Nossa mentira profunda e verdadeira, sobre um amor não correspondido ou amor inventado, exagerado, intenso e manso. A um só tempo um conflito em branco e preto, um espaço, um ponto e uma linha.

Aquele Caio que fostes causou em mim tanto que tive de despir-me completamente, distraidamente diante de ti. Desejo oculto? Inconsciente talvez. Desejo de viver com Caio a história, mas com que Caio quisera viver? Afinal, quem é Caio? E que história é essa que não vivo e persigo dia após dia. Estarei em busca do fim do arco íris ou tocar o horizonte com a ponta dos dedos?

De repente me ocorre que minto também ao abandonar o que vivo e me jogar nos braços do que gostaria de viver [fantasia?]. Talvez nunca esteja onde estou, mas onde gostaria de estar [passado ou futuro]. Assim que o tempo vivido é na verdade sonhado, intocável, surreal. Sinto-me uma criança pequena na ponta dos pés tentando sem êxito alcançar o inalcançável.

É, por certo, mais uma ficção inventada por mim. Um papel, uma máscara, uma cena para ver-me livre da enorme responsabilidade por quem sou [quem sou?]. Ficção, tenho escolhido a ficção, onde a vida real talvez me trouxesse a sorte de um amor tranquilo e cálido, prefiro as peripécias e dramas do amor criado e (re)criado a cada carta.

Caio, o verdadeiro Caio [Marques], se é que existe um verdadeiro, percorre um caminho de despir-se diante de si e olhar-se no espelho. Vê a criança que foi e o homem que se tornou. Ele me conta, e suas cartas me despiram a alma, por isso a confissão que precisava fazer. Estou farta da farsa, só não sei ainda como livrar-me das máscaras. Por tanto tempo estiveram aqui, que sinto não saber como removê-las. Tampouco posso prever o que debaixo delas há.

Mas fez-me bem ler teu nome, acompanhado do sobrenome: tão sonoro! Alberto Tibagi, muito prazer, Maria Anita Lopes do Canto. Despida diante de ti e a caminho da verdade que falta e da verdade que sobra.

Sua sempre,

M.A.L.C
[A.L.]

Alberto Tibaji: Fim de uma farsa

Alberto Tibaji: Fim de uma farsa: "Querida Anita [Anita?], Há quanto tempo longe da tua companhia... Fazes-me falta! Perdão pela minha traição. Peço. Acabo de pedir. Creio qu..."

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A Farsa - Carta de Anita para ''Caio X''

Caio X,

Eu confesso, menti! Sou uma farsa. Tantas vezes te torturei, te condenei e te esculhambei por teres mentido para mim. Bradei aos quatro ventos que precisava de verdade e que sem ela não havia possibilidade de afeto ou amizade... Para, exausta, me colocar aqui, agora, diante de ti e confessar sem pudor que menti. 

E as mentiras começaram muito cedo. Sem coragem para admitir minhas escolhas [sim, sou covarde!] e enfrentar a família que muito esperava de mim, escolhi a profissão considerando que para ser, era necessário antes de tudo representar. Falsa verdade. 

Segui a mentira ao investir nessa e não em outra profissão, por que para essa eu estava pronta [sabia que seria aprovada no exame seletivo], as outras possibilidades eram o risco de descobrirem que eu não era mais que uma aluna  mediana, cuja genialidade residia em fingir tão completamente que chegava a convencer que era genial, sem contudo poder sê-lo. [sim, sou medíocre].

Aprovada, como esperado, lustrei a máscara: Agora era universitária! 

Mas é difícil o ofício de atriz. Exige disciplina e concentração, por que é necessário tornar ficção algo verossímil. A platéia precisa ser convencida de uma verdade inventada. Às vezes cansei, parei criando razões  dentro da trama para parar. Seguia adiante em seguida: o show tem de continuar! [sim, não podia decpecionar]. Acumulando prêmios por boa interpretação, enchendo baús de tristeza e frustração no escuro das cochias.


Sabe, Caio X, certa vez uma linda atriz, ao ser perguntada sobre que profissão teria se não fosse atriz, respondeu: ''eu quis ser tantas coisas que só poderia ser atriz''. Naquele momento tive um flash, tonta respirei e me vi representando na vida, sendo tantas coisas, sendo coisa alguma.



Mas assim segui vida a fora, sendo tantas coisas e admirada em tantos lugares. A verdade é que jamais fui, sempre representei. Fiz papel de competente, inteligente, criativa, articulada, fiz pose de mão de ferro, de reflexiva, mas a verdade é que não passo de uma atriz fracassada que fez de sua vida um palco e de tanto interpretar a realidade e de representar papéis já não sabe quem é.

Talvez tenha desejado tantas vidas, tantas experiências, e por não poder vivê-las decidi representá-las e assim, abri mão da minha verdade. Passei acreditar nas mentiras que eu mesma contei, convencida pelo convencimento que causava, pelos aplausos e  pelas críticas. [sim, muitos acreditaram em mim].

Tudo isso para dizer, que não posso culpá-lo por representar Caio Marques, seja lá por que motivo, eu representei tantas Anitas e sequer sei quem realmente sou. Mas meu nome, afianço, é este mesmo, então que tal tirarmos as máscaras, nos despirmos completamente e sermos, só por hoje, apenas dois nomes verdadeiros, sem pintura e revelarmo-nos um ao outro? 

Qual teu verdadeiro nome, afinal?

Abraço,


P.S. O verdadeiro Caio Marques contatou-me. Ele está descobrindo quem é.







segunda-feira, 13 de junho de 2011

Animale - SPFW Inverno 2011



Moda é economia criativa. O desfile na Animale no SPFW Verão 2012 estava estupendo. Leve, fluído e lindo.

As cores? Branco, Nude, Alaranjados, grafite e preto. Cortes retos, decotes criativamente provocantes, tecidos transparentes e delicados.

....E claro, o fim das meia patas. Sandálias agora escondem os calcanhares, exibem os dedos, mas tudo com delicada sutileza.

domingo, 12 de junho de 2011