terça-feira, 7 de junho de 2011

''De Presidenta para Presidenta''



Ex beneficiária do programa Bolsa Família dá show no lançamento do programa Brasil Sem Miséria

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Limpando o Terreno - Carta de Caio Marques

Anita,

Apenas agora tomei ciência de toda essa confusão. Como alguém se fez passar por mim? Com que finalidade? Não posso compreender esse apropriar-se da identidade alheia e criar histórias e gerar expectativas falsas. 

Sei que fui omisso por todo o tempo em que estive no norte [estou tentando voltar]. Quanto mais ia em direção ao interior do país, mais mergulhava em meu próprio interior. Precisava do afastamento. Fiz descobertas profundas e muitas vezes dolorosas sobre como fui forjando uma personalidade confusa, intensa e (ir)real.

O que proponho é ir aos poucos tornando-me transparente com você, na medida em que minha auto percepção vai clareando. Acredite, minha pequena, não é simples para mim, nem indolor. Por favor, seja gentil e paciente nesse momento e leia com atenção minhas partilhas, se ainda houver esperança para sermos pelo menos bons amigos. Elas são feitas com um sentido de honestidade que só agora experimento na vida. 

Acredito que quando era pequeno, era uma criança sensível e curiosa, mas o ambiente emocional a minha volta raramente era harmonioso. Nunca lhe disse isso, mas meu pai era alcoolista. Um homem violento. E minha mãe vivia ansiosa por manter as coisas sob controle [como se fosse possível controlar o incontrolável]. Toda a energia vital dela era canalizada por evitar o inevitável: as bebedeiras e as aventuras de meu pai, com todas as suas dolorosas consequencias.

Eu era uma criança, presa entre dois adultos em guerra. Tantas vezes tentei acreditar num mundo lógico e emocionalmente consistente. Precisava de alguma maneira suavizar dentro de mim os terríveis extremos emocionais e a violência e sofrimento a minha volta. No meio de tudo, jamais pude realmente acreditar que era amado, nem podia - por paradoxal que pareça - deixar de acreditar. Nesse cenário de incoerência e inconsistência emocional uma raiva venenosa foi se infiltrando em meu coração sem que eu me desse conta dela.

Vivia subjugado pela dor, perda ou sentimentos de abandono. Foram poucas as experiências que me deram o sentido de que eu tinha valor suficiente. Para meu consolo, havia a memória do contato físico com minha mãe nos primeiros anos de vida. 

Habitualmente ela não demonstrava nada fisicamente, exceto para me embalar e me fazer dormir quando eu acordava em meio a pesadelos, ou punir-me com espancamentos. Mas quando eu estava doente e com febre, ela me levava para sua cama e dormíamos bem juntinhos, meu corpo de menino todo enrolado, coberto e envolto da cabeça aos pés pelo calor materno. Esse calor envolvente e acariciante me marcou com uma poderosa mensagem: 'estou alimentado, protegido e desejado; eu sou amado'.

Nesse período eu odiava e idolatrava meu pai; e odiava minha mãe [inconscientemente] por ser incapaz de acabar com o caos familiar diário. Ainda assim, ansiava pela mensagem de aceitação que aquelas noites protetoras me davam. Assim foi que emergi da primeira infância com algumas idéias muito estranhas, ainda que compreensíveis: 'a única maneira de saber que sou amado é através do contato físico', 'nunca devo revelar meus sentimentos, por que ser sensível é ser vulnerável, e ser vulnerável é sofrer consequencias de ser considerado um fracote'.

Você pode imaginar, querida Anita, o que é isso na formação da personalidade de um menino/homem? Não tem sido fácil tomar contato com tal conteúdo, mas sigo firme no propósito de saber [afinal] quem sou, e com isso limpar as idéias tortas que me tornaram tão confuso e paradoxal em minha expressão de afeto.

Desejo que esta carta seja apenas a primeira de um novo capítulo em nosso relacionamento. Será que ainda há esperança de algum tipo de relacionamento entre nós? Desejo ainda que a honestidade e transparência com que me dirijo a você possam contribuir para limpar nosso terreno, se é que ainda podemos falar nisso.

Deixo você menos confuso do que quando parti, menos intenso, mas [acredito] um pouco mais próximo do real, pedindo apenas, se é que posso pedir algo, que se afaste daquele falso Caio que se apresentou a você e  abra espaço para ao menos conhecer esse que aqui se expõe.

Com afeto,

Caio Marques

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Shakira's Speech at Oxford Union



Se queremos andar mais um passo, precisamos estar de olhos e ouvidos abertos. Grandes oportunidades podem vir de onde menos esperamos.

Ouça Shakira como nunca ouviu antes.


segunda-feira, 30 de maio de 2011

Hoje vou de:''Católicas pelo Direito de Decidir''

Estado laico. O que é isso, companheira?
Carta aberta de Católicas pelo Direito de Decidir à Presidenta Dilma Rousseff sobre a polêmica criada em torno do kit anti-homofobia



  Presidenta Dilma,

Estamos estarrecidas! A polêmica criada em torno do kit anti-homofobia e o recuo do governo federal ante as pressões vindas de alguns dos setores mais conservadores e preconceituosos da sociedade nos deixou perplexas. E temerosas do que se anuncia para uma sociedade que convive com os maiores índices de violência e crimes de morte cometidos contra pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersex (LGBTTI) do mundo. Temos medo de um retorno às trevas, senhora Presidenta, e não sem motivos.
A vitoriosa pressão contra o kit anti-homofobia da bancada religiosa, majoritariamente composta por conservadores evangélicos e católicos, em um momento em que denúncias de corrupção atingem o governo, traz de volta ao cenário político a velha prática de se fazer uso de direitos civis como moeda de troca. Trocam-se, mais uma vez, votos preciosos e silêncio conivente pelo apoio ao preconceito homofóbico que retira de quase vinte milhões de brasileiros e brasileiras o direito a uma vida sem violência e sem ódio. A dignidade e a vida de pessoas LGBTTI estão valendo muito pouco nesse mercado escuso da política do toma-lá-dá-cá, senhora Presidenta! E o compromisso com a verdade parece que nada vale também.
Presidenta, convenhamos, a senhora sabe que o kit anti-homofobia é um material educativo, que não tem por finalidade induzir jovens a se tornarem homossexuais, até mesmo porque isso é impossível, como tod@s sabemos. Não se induz ninguém a sentir amor ou desejo por outrem.   Mas respeito, sim. E ódio também, senhora Presidenta... ódio é possível ensinar! Poderíamos olhar para trás e ver o ódio que a propaganda nazista induziu contra judeus, ciganos, homossexuais. Porém, infelizmente, não precisamos ir tão atrás no tempo.  Temos terríveis exemplos recentes de agressões covardes e aviltantes a pessoas LGBTTI e o enorme índice de violência contra as mulheres acontecendo aqui mesmo,  em nosso próprio país.
Quando a senhora afirma, legitimando os conservadores homofóbicos, que é contra a propaganda da "opção" sexual, faz parecer que alguém pode, de fato, "optar" por sentir esse ou aquele desejo. Amor, desejo, afeto não são opcionais, ninguém escolhe por quem se apaixona, senhora Presidenta! Mas se escolhe ferir, matar, humilhar.
Quando a senhora diz que todo material do governo que se refira a "costumes" deve passar por uma consulta a "setores interessados" da sociedade antes de serem publicados ou divulgados, como estampam hoje os jornais, ficamos ainda mais perplexas. De que "costumes" estamos falando, senhora Presidenta? E de que "setores interessados"? Não se trata de "costumes", mas de direitos de cidadania que estão sendo violados recorrentemente em nosso país e em nome de uma moral religiosa conservadora, patriarcal, misógina, racista e homofóbica.  Trata-se de direitos humanos que são negados a milhões de pessoas em nosso país!  
E "setores interessados", nesse caso, deveria significar a população LGBTTI e todas as forças democráticas do nosso país que não querem  ter um governo preso a alianças políticas duvidosas, ainda mais com setores "interessados" em retrocessos políticos quanto aos direitos humanos da população brasileira.
O país que a senhora governa ratificou resoluções da ONU tomadas em grandes conferências internacionais, em Cairo (1994) e em Beijing (1995), comprometendo-se a trabalhar para que os direitos sexuais e os direitos reprodutivos sejam reconhecidos como direitos humanos. No entanto, até hoje pessoas LGBTTI morrem por não terem seus direitos garantidos. Mulheres morrem pela criminalização do aborto e pela violência de gênero.
Comemoramos quando uma mulher foi eleita ao cargo máximo de nosso país. Ainda mais porque, como boa parcela da sociedade, levantamos nossa voz contra o aviltamento do Estado laico, ao termos um uso perverso da religião nas campanhas eleitorais de 2010 para desqualificar uma mulher competente e com compromisso com a dignidade humana. Antes ainda, levantamos nossa voz a favor do III PNDH, seguras de que deveria ser um instrumento de aprofundamento do respeito aos direitos humanos em nosso país. Agora não temos o que comemorar, senhora Presidenta! Parece que o medo está, de novo, vencendo a verdade. E a dignidade.
Infelizmente, temos de - mais uma vez! - vir a público exigir que os princípios do Estado laico sejam cumpridos. Como a senhora bem sabe, a laicidade é essencial à democracia e não se dá pela simples imposição da vontade da maioria, pois isso resulta em desrespeito aos direitos humanos das minorias, sejam elas religiosas, étnico-raciais, de gênero ou orientação sexual. Não existe democracia se não forem respeitados os direitos humanos de todas as pessoas.  Impor a crença religiosa de uma parcela da população ao conjunto da sociedade coloca em risco a própria democracia, já que os direitos humanos de diversos segmentos sociais estão sendo violados.  Portanto, senhora Presidenta, não seja conivente! Não permita que alguns setores da sociedade façam do Estado laico um conceito vazio, um ideal abstrato.
Como Católicas pelo Direito de Decidir, repudiamos o uso das religiões neste contexto de manipulação política e afirmamos nosso compromisso com a laicidade do Estado, com a dignidade humana e nosso apoio ao uso do kit educativo pelo fim da homofobia nas escolas brasileiras.




Diário de Bordo Porto Alegre V - Dia 2

''Bola na trave não altera o placar 
Bola na área sem ninguém pra cabecear 
Bola na rede pra fazer um gol
 Quem não sonhou ser um jogador de futebol?''
(Skank)



Ir a Porto Alegre em fim de semana de jogo do Inter no Beira Rio e não comparecer ao estádio seria crime. Sim, embora não seja torcedora fanática, gosto muito de clima de estádio de futebol. Momento em que o esporte ganha contornos de espetáculo, com a platéia interagindo e expressando. Momento de emoções ao extremo e adrenalina a mil.

O estádio do Inter é um dos doze que receberão os jogos da Copa de 2014 e posso afiançar que com todo o atraso a organização e a segurança são primorosos. Chegam a irritar de tão perfeitinhos - a bilheteira, após conferir e registrar a identidade da torcedora que compra ingresso diz ''bom jogo para nós''. Há um ar de todos pelo vermelho e branco.


foto: Maria Cláudia Canto Cabral Iphone

A tal ponto que a equipe de serviços gerais usa vermelho e branco  - as cores do time - em uniformes impecáveis. Viu ali?

Como todo estádio em dia de jogo, ambulantes a vender toucas, cachecóis, bandeiras, almofadas, chapéus e tudo o que você puder imaginar com o escudo do time. Tá duvidando, dá um look:

foto: Maria Cláudia Canto Cabral Iphone 


Mas o que chamou minha atenção, com todo esse zum-zum: ''não vai dar tempo, não vai dar tempo'' é que as instalações estão ''muito bem, obrigada'' e a obra está caminhando.  Para se ter uma idéia, banheiro em estádio de futebol, bem, se é que me entendem... Mas lá?  Honestíssimo! E olha que fui no intervalo. Tudo para estar um nojo, mas me senti no Barra Shopping [bem, tipo sábado fim da tarde].

De resto, é futebol! É espetáculo no campo e fora dele! O vendedores de refrigerante, a torcida uníssona dando força ao time [não adiantou muito, é verdade]. A torcida adversária, que neste sábado não passava de 6 dezenas de cearenses, muito animados com aquele frio todo. E, claro, o narrador no radinho anunciando as Lojas Quero-Quero e as Botas 7 Léguas, entre uma narrativa e outra. 

O radinho numa orelha e o som da torcida na outra. Sentir aquele som entrando pelos poros é sentir-se viva! Quer experimentar? Trouxe um pouco aqui comigo, graças ao Iphone4, o melhor amigo de uma blogueira. Experimenta:


Estávamos bem ao lado da torcida jovem no primeiro tempo. Depois ao lado da charanga. Super emoção. Ao iniciar o jogo a primeira homenagem da torcida, que é minha predileta no país: ao Iarley, ex jogador do Inter, cearense e defendendo o Ceará em campo, foi ovacionado pela torcida do Colorada, tratado como herói numa inequívoca manifestação de gratidão àquele que tantas alegrias deu à torcida Colorada. Foi de arrepiar. 

foto do site Sportv.globo.com

Por ironia do destino, aqueles pés que tantos gols fez pelo Inter foram os que fizeram balançar a rede do time: goooool do Ceará no segundo tempo [tá, foi de cabeça o gol, eu sei, é licença poética]. Dali em diante, vitória do adversário em casa. Triste para os colorados gaúchos. Para mim, colorada e cearense de coração, foi espetáculo. Dois times muito bons, 22 jogadores raçudos em campo, 12mil espectadores na platéia, cantando, vibrando e torcendo.  A bola dançando para lá e para cá, num balé disputado lance a lance. Só alegria e a vitória de quem torce pela arte, a camaradagem, a beleza e o espetáculo.