Caio,
Já não sei o que sinto, nem mesmo tenho certeza de quem fui ao seu lado. Não sei tampouco quem sou agora, diante das revelações.
Perdoe meu silêncio por um tempo que não saberei precisar qual será, mas que certamente é necessário para compreender tudo o quanto li dias atrás, tudo quanto soube hoje de ti.
Até,
A.L.
http://cartasdeanita.blogspot.com/2010/06/bilhete.html
''Maria, Maria é um dom, uma certa magia, uma força que nos alerta... Uma mulher que merece viver e amar'' como outra qualquer do planeta''(...)
Saiba Mais de Maria
terça-feira, 22 de junho de 2010
terça-feira, 8 de junho de 2010
X Carta a Caio Marques - confissões
Querido Caio,
Não sei como dizer... Já não sabia, agora urge contar-te. Meu coração se aperta. Já deveria ter compartilhado contigo. Mas não fui capaz. Não fui capaz porque meu coração se espreme no peito ao pensar que nossos vínculos, mesmo indestrutíveis, estão laceando. Mais precisamente, que o amor que sinto talvez já não seja o mesmo amor, assim como a flor do Ipê Rosa a cada estação já não é a mesma flor. Sinto falta de amá-lo assim, amiúde, intensa e incondicionalmente. Sinto falta de estar apaixonada irremediavelmente por ti. Por isso venho adiando o momento de dizer-te...
...Meus olhos encontraram outros olhos durante a última viagem. Enquanto meu coração disparava, ainda que discretamente, entristecia-se solitário, sem ter com quem dividir o peso dessa perda. Perdi o amor que sentia, eu o vi escorrer por entre os dedos. Agora era fato: Meus olhos viram outros olhos.
Vinha sentindo a nuca aquecer-se em pleno inverno. Sentia um olhar insistente bem atrás de mim, frequentemente. Virei delicadamente a cabeça - mas não completamente - e vi. Vi aquele olhar acinzentado: intenso e expressivo a me mirar. Voltei-me novamente para frente, mãos úmidas. Não era possível. Não estava acontecendo - dividi com meus botões.
Os dias se passavam e aqueles olhos ainda aqueciam minha nuca. Não era apenas uma sensação. Quando me virava lá estavam os olhos dele me fitando fixamente, com lábios que ensaiavam um sorriso incerto. As noites também passavam, aqueles olhos não tinham nome, nem voz e mesmo assim estava convicta de que já os conhecia, mesmo sem jamais tê-los visto antes.
Buscava-te em vão na caixa de correspondências. Gritava seu nome em silêncio e não me ouvias. Supliquei tua atenção, mas estavas ausente. Completamente ausente.
Último dia, após o trabalho intenso, saímos todos a comer e a beber juntos. Saímos para confraternizar e comemorar o êxito de nossa empreitada. Lá estavam eles a me fitar. Não pude deixar de retribuir o olhar, ainda que por alguns segundos apenas. Deixara, quase sem querer, escapar um sorriso contido, encabulado. Sorriso de menina.
Encontrei aqueles olhos acinzentados. Despedimo-nos numa esquina próxima ao meu hotel, lugar em que me deixou após o jantar, como il faut, e a promessa de nos vermos breve e muitas coisas para contar.
Foi assim. Suave e terno. Apenas olhar, leve embriaguez e sorrisos, mas foi. E agora que vens, devo adverti-lo que também ele estará na cidade nesse período. Chegará daqui a dois dias. Não sei se nossos olhares serão cúmplices novamente, mas nossa correspondência incessante indica que, de sorrateiro e tímidos, nossos olhos brilharão mais intensamente.
Não sei ser como tu. Não sei ser fragmentada, meus olhos se voltam apenas para um olhar por vez. Sou inteira em todas as minhas relações. Sigo inteira contigo, amando-te incondicionalmente como um dos mais ternos e próximos amigos que já tive. A vida segue, afinal.
Sua amiga sempre,
A.L.
Não sei como dizer... Já não sabia, agora urge contar-te. Meu coração se aperta. Já deveria ter compartilhado contigo. Mas não fui capaz. Não fui capaz porque meu coração se espreme no peito ao pensar que nossos vínculos, mesmo indestrutíveis, estão laceando. Mais precisamente, que o amor que sinto talvez já não seja o mesmo amor, assim como a flor do Ipê Rosa a cada estação já não é a mesma flor. Sinto falta de amá-lo assim, amiúde, intensa e incondicionalmente. Sinto falta de estar apaixonada irremediavelmente por ti. Por isso venho adiando o momento de dizer-te...
...Meus olhos encontraram outros olhos durante a última viagem. Enquanto meu coração disparava, ainda que discretamente, entristecia-se solitário, sem ter com quem dividir o peso dessa perda. Perdi o amor que sentia, eu o vi escorrer por entre os dedos. Agora era fato: Meus olhos viram outros olhos.
Vinha sentindo a nuca aquecer-se em pleno inverno. Sentia um olhar insistente bem atrás de mim, frequentemente. Virei delicadamente a cabeça - mas não completamente - e vi. Vi aquele olhar acinzentado: intenso e expressivo a me mirar. Voltei-me novamente para frente, mãos úmidas. Não era possível. Não estava acontecendo - dividi com meus botões.
Os dias se passavam e aqueles olhos ainda aqueciam minha nuca. Não era apenas uma sensação. Quando me virava lá estavam os olhos dele me fitando fixamente, com lábios que ensaiavam um sorriso incerto. As noites também passavam, aqueles olhos não tinham nome, nem voz e mesmo assim estava convicta de que já os conhecia, mesmo sem jamais tê-los visto antes.
Buscava-te em vão na caixa de correspondências. Gritava seu nome em silêncio e não me ouvias. Supliquei tua atenção, mas estavas ausente. Completamente ausente.
Último dia, após o trabalho intenso, saímos todos a comer e a beber juntos. Saímos para confraternizar e comemorar o êxito de nossa empreitada. Lá estavam eles a me fitar. Não pude deixar de retribuir o olhar, ainda que por alguns segundos apenas. Deixara, quase sem querer, escapar um sorriso contido, encabulado. Sorriso de menina.
Encontrei aqueles olhos acinzentados. Despedimo-nos numa esquina próxima ao meu hotel, lugar em que me deixou após o jantar, como il faut, e a promessa de nos vermos breve e muitas coisas para contar.
Foi assim. Suave e terno. Apenas olhar, leve embriaguez e sorrisos, mas foi. E agora que vens, devo adverti-lo que também ele estará na cidade nesse período. Chegará daqui a dois dias. Não sei se nossos olhares serão cúmplices novamente, mas nossa correspondência incessante indica que, de sorrateiro e tímidos, nossos olhos brilharão mais intensamente.
Não sei ser como tu. Não sei ser fragmentada, meus olhos se voltam apenas para um olhar por vez. Sou inteira em todas as minhas relações. Sigo inteira contigo, amando-te incondicionalmente como um dos mais ternos e próximos amigos que já tive. A vida segue, afinal.
Sua amiga sempre,
A.L.
Vide Verso Virtual - Carta a Alberto
Querido Alberto,
Estamos mesmo muito sintonizados sempre. Diria que até foi bom não ter visto tua resposta à carta do Ipê antes de escrever a que acabo de postar. É fato: nossas mentes conversam durante nosso sono.
É momento de confissões entre Caio e Anita. Adorei a confissão de Caio, fez dele alguém muito mais humano, muito mais real. Afastou de Anita Caio idealizado, aquele que ela teima em achar que é 'o cara'.
Estou lendo Tête-à-Tête, sobre a vida de Simone de Beauvoir e Sartre. Talvez também não seja por acaso. Mas acho que Caio e Anita talvez não tenham o vanguardismo do Castor e de Sartre. Anita, estou certa, compartilha as entrelinhas de Simone, assim como tem em comum com Rosa de Luxemburgo a dicotomia entre a modernidade e a paixão.
Vamos ver como esta Anita se comporta diante de tal confissão. Vamos ver como Caio reaje diante da confissão de Anita.
Sigamos, sigamos, subamos, subamos...
Maria Cláudia
Estamos mesmo muito sintonizados sempre. Diria que até foi bom não ter visto tua resposta à carta do Ipê antes de escrever a que acabo de postar. É fato: nossas mentes conversam durante nosso sono.
É momento de confissões entre Caio e Anita. Adorei a confissão de Caio, fez dele alguém muito mais humano, muito mais real. Afastou de Anita Caio idealizado, aquele que ela teima em achar que é 'o cara'.
Estou lendo Tête-à-Tête, sobre a vida de Simone de Beauvoir e Sartre. Talvez também não seja por acaso. Mas acho que Caio e Anita talvez não tenham o vanguardismo do Castor e de Sartre. Anita, estou certa, compartilha as entrelinhas de Simone, assim como tem em comum com Rosa de Luxemburgo a dicotomia entre a modernidade e a paixão.
Vamos ver como esta Anita se comporta diante de tal confissão. Vamos ver como Caio reaje diante da confissão de Anita.
Sigamos, sigamos, subamos, subamos...
Maria Cláudia
domingo, 16 de maio de 2010
Carta a K.
Querido K,
A viagem foi fantástica e a cidade não chegou a me surpreender. Uma cidade, é apenas uma cidade. Há peculiaridades poéticas, ruas com túneis verdes por onde o tempo passa mais lento, pôr-do-sol à beira do rio-lago, gente muito diferente de nós, com bochecas rosadas em vez de pele vermelha.
O reencontro foi espantosamente acolhedor. As memórias de minha meninice vieram habitar a conversa regada a café quente, broas, tortas salgadas e geléias. As paredes da casa, acreditas, eram vermelhas. Depois de décadas havia ainda afinidades entre nós, afinal.
Ela constituiu família, daquelas bonitas famílias que têm dois filhos, um carro na garagem, cachorro e férias na praia, mas continua exatamente como me lembrava: sorriso largo, olhar quase infantil.
Fizemos a retrospectiva dos anos vividos à distância, contamos dos rumos que tomamos, enquanto sorvíamos o café quente em meio à noite fria.
Quando, por fim, se fez silencio entre nós me deixou no hotel, exatamente onde me apanhara. Abraços, despedida e promessas de não nos perdermos mais. O reencontro, K, foi assim. Simples e tranquilo como ela mesma.
Hoje o vento frio está cortante e eu já me preparo para o retorno. Confesso-te que sinto falta da vibração de nossa cidade e da alegria de nossos passeios. Sinto falta do calor da gente daí, aqui a distância e o clima frio afasta as alma e a solidão aborrece mesmo em meio à multidão.
Prepara-te para minha chegada com um abraço acolhedor que possa reaquecer meu espírito e enxotar a solidão que se alojou em mim por aqui. Estás pronto?
Anita.
A viagem foi fantástica e a cidade não chegou a me surpreender. Uma cidade, é apenas uma cidade. Há peculiaridades poéticas, ruas com túneis verdes por onde o tempo passa mais lento, pôr-do-sol à beira do rio-lago, gente muito diferente de nós, com bochecas rosadas em vez de pele vermelha.
O reencontro foi espantosamente acolhedor. As memórias de minha meninice vieram habitar a conversa regada a café quente, broas, tortas salgadas e geléias. As paredes da casa, acreditas, eram vermelhas. Depois de décadas havia ainda afinidades entre nós, afinal.
Ela constituiu família, daquelas bonitas famílias que têm dois filhos, um carro na garagem, cachorro e férias na praia, mas continua exatamente como me lembrava: sorriso largo, olhar quase infantil.
Fizemos a retrospectiva dos anos vividos à distância, contamos dos rumos que tomamos, enquanto sorvíamos o café quente em meio à noite fria.
Quando, por fim, se fez silencio entre nós me deixou no hotel, exatamente onde me apanhara. Abraços, despedida e promessas de não nos perdermos mais. O reencontro, K, foi assim. Simples e tranquilo como ela mesma.
Hoje o vento frio está cortante e eu já me preparo para o retorno. Confesso-te que sinto falta da vibração de nossa cidade e da alegria de nossos passeios. Sinto falta do calor da gente daí, aqui a distância e o clima frio afasta as alma e a solidão aborrece mesmo em meio à multidão.
Prepara-te para minha chegada com um abraço acolhedor que possa reaquecer meu espírito e enxotar a solidão que se alojou em mim por aqui. Estás pronto?
Anita.
Diário de Bordo Porto Alegre III
Hoje, por fim, conheci o famosíssimo Zaffari.
Nove entre dez gaúch@s morando em Brasília dizem que o que mais lhes faz falta é o Zaffari.
Ouvi por muito tempo sobre a organização, a limpeza, a beleza e o atendimento gentil e educado.
Tantos comentários fizeram com que o Zaffari figurasse na minha lista de lugares para visitar em Porto Alegre.
Fui conferir nesta manhã de domingo. Sim, o Zaffari é lindo. A arquitetura interna é diferenciada, a organização é impecável, a limpeza faz gosto. No entanto, o atendimento foi algo mal-humorado. Não foi uma primeira e única impressão. 100% dos funcionários com que tive contato - três - foram secos ou visivelmente acordaram com o pé esquerdo. Logo, minha experiência não foi tudo o que esperava que fosse.
Na caminhada de volta ao hotel, passei por uma rua encantadora. Rua da República, na Cidade Baixa é arborizada, e, pelo menos na manhã de domingo, tranquila como brisa de fim de tarde. Muito me lembrou a Calle Honduras, em Buenos Aires. Faltou o registro fotográfico, mas a retina salvou esse arquivo visual.
Ontem à noite, fui conferir as massas do Atelier das Massas. Um lugarzinho charmoso, localizado na r. Riachuelo, 1482.
Vale a pena experimentar as massas caseiras com seus molhos exóticos. Experimentei o Fetuccine à Forestier. A massa, bem mais larga do que eu esperava, estava saborosa. Acompanhei com um Tannat - uva de minha preferência - e excelente companhia.
Nove entre dez gaúch@s morando em Brasília dizem que o que mais lhes faz falta é o Zaffari.
Ouvi por muito tempo sobre a organização, a limpeza, a beleza e o atendimento gentil e educado.
Tantos comentários fizeram com que o Zaffari figurasse na minha lista de lugares para visitar em Porto Alegre.
Fui conferir nesta manhã de domingo. Sim, o Zaffari é lindo. A arquitetura interna é diferenciada, a organização é impecável, a limpeza faz gosto. No entanto, o atendimento foi algo mal-humorado. Não foi uma primeira e única impressão. 100% dos funcionários com que tive contato - três - foram secos ou visivelmente acordaram com o pé esquerdo. Logo, minha experiência não foi tudo o que esperava que fosse.


Vale a pena experimentar as massas caseiras com seus molhos exóticos. Experimentei o Fetuccine à Forestier. A massa, bem mais larga do que eu esperava, estava saborosa. Acompanhei com um Tannat - uva de minha preferência - e excelente companhia.
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