terça-feira, 16 de março de 2010

El Salvador - A chegada

Acordei ontem às 3 da manhã para iniciar a epopéia que me traria a El Salvador.

Antes que perguntem, vim representar o CNDM - Conselho Nacional de Direitos da Mulher e a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres no Seminário Mulher e Cultura, promovido pela OEI - Organização dos Estados Iberoamericanos. A palestra - enorme desafio - tratará de Mulheres Desenvolvimento Cultural na America Latina.

Mas esse não é o tema do post, que pretende ser um diário de bordo dessa aventura. Depois de levantar às 03 da manhã para ir a São Paulo, lá permaneci por cerca de 4 horas, até tomar o avião que me traria para a conexão em Panamá City. O vôo, muito tranquilo, pela Copa Air durou mais 6 horas. Nada ainda, por que foram mais 3 horas aguardando a conexão que finalmente me traria a San Salvador. Depois que tomei o Embraer 190 

foi rápido, em 1 hora e 40 já estava chegando. Feita a entrada momento de sentir as primeiras impressões do país. Eis que a primeira sensação é auditiva. Pássaros, muitos passáros cantando no estacionamento do aeroporto, onde um taxista simpático (perguntou de que parte da Espanha eu era...rs) me aguardava para levar ao hotel - há 45 minutos de distância do aeroporto. Parece cansativo? Foi, mas ficou muito bom, posso afiançar.


Afinal ser recebida por uma sinfonia de pássaros não é para todo mundo. Em seguida, já a caminho do hotel tive minha segunda impressão do país. Além de musical era cheiroso. Ao longo da estrada damas-da-noite se misturavam a um cheiro levemente amadeirado que perfumava tudo. Uma experiência sensorial. A viagem começava a mostrar-me seu lado luz. Iluminou-se de vez quando cheguei ao hotel e pude desfrutar sem culpa de um delicioso banho de banheira, morno ao som da cascata da piscina. Eu mereço nada menos que o conforto do Sheraton Presidente. Realmente, embora eu ame aventura nada como uma banheira quente, uma cama enorme e confortável depois dessa maratona. Como não poderia deixar de compartilhar, resolvi dar notícias ainda hoje. Detalhe agora equivale a 3h da manhã daí, nesse momento.
Completei 24h no ar. Perguntem-me como vou fazer a apresentação amanhã. Wish me lucky, vou precisar!

domingo, 14 de março de 2010

Carta a um Desconhecido

Há muito desejo escrever esta carta para dizer do que quero da vida ao seu lado. Sei que está próximo o momento do encontro. Sei que percorremos caminhos distintos por muito tempo e vivemos experiências diversas. Se o visse hoje e você me perguntasse o que quero para nós eu diria que quero um amor tranquilo tecido com  afeto, companheirismo, confiança e respeito. Diria ainda que quero  ver a vida correr dia-a-dia até meus cabelos perderem a cor, sentindo o vento no rosto e fazer planos, ter nossa própria lista de coisas para fazermos enquanto vivermos - e fazê-las!

Quero voar de paraglider, mergulhar em Angra dos Reis, conhecer as ruínas maias na Guatemala, passar quinze longos dias em Ushuaia. Quero ter um carro de sete lugares para viajarmos com @s seus e @s meus filh@s pelo litoral do Uruguai até chegarmos a Colonia del Sacramento, se é que você tem filho@s. Quero lua-de-mel uma vez por ano em lugares exóticos, distantes, tranquilos onde renovaremos todo tesão que sentimos um pelo outro.


Quero falar do desejo de meus pés frios aninhados nos seus pés quentes à noite, minhas mãos segurando as suas nos dias difíceis e nos fáceis também. Pediria que seus braços acolhessem minhas fragilidades bobas sempre, mesmo que não seja todos os dias e de como quero aprender diariamente com você coisas incríveis e ao menos uma vez por ano fazer algo extraorindário e inédito. Vou querer saber por onde andou e ouvi-lo contar sobre sua jornada.

Quero escutar suas músicas favoritas e soltar meu corpo para encontrar o seu. Quero dançar para você e com você de tempos em tempos. Em seu corpo quero sentir a consciência alerta de um homem que não teme visitar os labirintos de si mesmo e compreende a viagem interior como caminho para experiências autenticas e únicas. Quero encontrá-lo e no seu olhar ver caminhos para uma vida inteira de deliciosa rotina, grata em casa amanhecer. Quero ler embaixo de árvores com a cabeça encostada em seu peito, nos parques do mundo. Dormir em rede, andar descalça e inventar receitas na cozinha aberta para o mundo que teremos bem no meio da casa que construíremos hoje no alto de um morro com vista para o vale de um lado e para o mar de outro. 

E não me diga que o que quero é muito, por que merecemos cada linha, cada plano,  cada curva, cada sonho. Merecemos um ao outro e vamos viver tudo e o que vier juntos.

Deixo-te agora, para encontrá-lo em breve - olho no olho - em algum lugar desse planeta.

A. L.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Carta de Anita Lopes a Caio Marques

Querido Caio,

Sua última carta tomou conta de minha imaginação. Por um instante acreditei que poderíamos mesmo ter um futuro juntos. Nós somos tão íntimos, tão próximos e ao mesmo tempo tão distantes. Somos incrivelmente diferentes, mas quando estamos juntos há tanto entre nós.

Eu quase poderia me apaixonar por você, não fosse o fato de sermos assim tão amigos, tão companheiros e tão próximos, o que certamente gera um paradoxo para o qual só as razões do coração têm resposta. E não as tem!

Quem dera meu amor pudesse ser com você. Quem dera meu amor me olhasse como você me olha, ainda que em sonhos ou devaneios. Quem dera pudesse com ele passar o resto dos dias vivendo a rotina de compartilhar a história, assim como compartilho contigo.

Sua carta, ah! aquela carta era tudo o que eu queria e precisava ler nesses dias de sol quente, quase sem brisa. Suas palavras refrescaram minhas idéias e fizeram mais disposta a enfrentar o dia que se levanta - já bastante quente - cheio de afazeres.

Por isso mesmo, vou te deixando por aqui, ainda sentindo o frescor das tuas palavras.

Forte abraço de sua,

A.L.

quinta-feira, 4 de março de 2010

É Assim...

Há alguns anos uma grande amiga me fez proposta profissional de investirmos numa consultoria. Hesitei. Ela me perguntou 'Maria, você acredita em si mesma?' Fiquei em silêncio por alguns instantes sem saber o que dizer. Sempre achei que sim, mas questionada diretamente sobre isso, não consegui pronunciar palavras de assentimento. Titubiei. Tive dúvidas. 

Mais de uma década se passou. Sou uma profissional bem posicionada. A consultoria da amiga cresceu, ela hoje é uma empreendedora respeitada pelos pares e pelos clientes. Eu segui o caminho público. Faço este ano uma década de governo federal. 

Foram anos de muitas realizações, em diversas áreas, tempo de aprendizado valioso sobre políticas públicas, gestão, articulação e integração de ações e programas, negociações internacionais. Contribui com debates importantes para o país, estive no centro de algumas das políticas mais importantes dos dois últimos mandatos. 

Nesse percurso aprendi muito. Às vésperas de completar 10 anos de dedicação ao setor público, descobri que hoje acredito em mim o suficiente para subir numa montanha bem alta e me lançar, sem rede de proteção - com as bandas elásticas bem amarradas - o famosíssimo risco calculado. Resolvi virar a vida do avesso (mais uma vez). Por que 


TODA MULHER TEM DIREITO A MUDAR DE RUMO, DANDO SETA OU NÃO.

P.S. Vou contar o passo a passo desta incrível aventura aqui mesmo.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

IX Carta de Anita Lopez a Caio Marques

Querido Caio,


Essa noite tive um sonho lindo e estranho. Estava passeando à beira mar de mãos dadas. Caía a tarde e o cheiro adocicado da maresia invadia suavemente as narinas. Sentia-me, isso era nítido, afetivamente acolhida. Meus pés descalços afundavam na areia gostosamente.

Cada detalhe da paisagem era  nítido para mim. Chego a ouvir ainda agora o barulho das ondas do mar quebrando na areia, numa cadência envolvente. O sol já se despedia, deixando apenas alguns poucos raios iluminando o mar, a areia e os meus sentimentos.

Ao contrário eu tinha clareza no fundo dos olhos, serenidade vinda não sei bem de onde. Toda ansiedade havia partido, havia apenas um passo depois do outro e aquela mão conhecida que segurava a minha. Era uma mão íntima e firme, mas eu não conseguia ver o corpo ao qual aquela mão estava ligada. Estava feliz, sentia-me plena, mas não conseguia ver o rosto. Eu sabia quem era, mas não sabia como ele era. 

Sentia que sempre estivera ali, ao meu lado. Que compartilhamos por muito e muito tempo nossos risos e nossas lágrimas. Sentia que ele me conhecia tanto e tão profundamente que lia meus sentimentos. Eu me sentia de volta para casa depois de uma longa e solitária jornada.

Foi um sonho feliz. E por ora era o que tinha para compartilhar com você. Como andam as coisas nessas longínquas paradas?

A.L.