segunda-feira, 13 de julho de 2009

Lar Doce Lar




''Lar tem algo de útero, é onde a gente se sente bem, aquecido, confortável. É também uma questão de chinelos. Eu acho. E você?'' (Viviane Pontes)


Lar é o lugar onde nos refugiamos depois de um dia duro de trabalho, espaço sagrado onde só amigos especiais tem lugar, onde nossa memória é trazida a público em pequenas ou grandes porções de história. Lugar de aconchego, conforto, prazer.

Lar não é somente um teto seguro onde se abrigar. É o retrato de quem somos do avesso, diz muito sobre nossa forma de encarar o mundo, a vida, as relações afetivas e sociais. Às vezes, tão sutil é a forma de comunicação que nem nós mesmos nos damos conta.

Dia desses entreguei-me ao prazer de deitar no sofá da sala e ficar observando a forma como arranjei algumas lembranças numa prateleira baixa na sala de estar. Conforme olhava para cada objeto percebia que o arranjo contava muito de minha história, algo sobre quem sou. Sobre as origens, as viagens, as preferências e até as contradições e as dicotomias 'nossas de cada dia'.

Impressionante como o enfileirar de objetos pode dizer tanto de nós, e fazer de uma sala, antes vazia de esperança e marcada por desarmonia, um espaço 'humanizado', aconchegante 'que não dá vontade de ir embora'.

A organização dos objetos, um xale sobre o sofá, a harmonização dos quadros, algumas poucas plantas fez do teto seguro um lar.

...Entrou por uma porta e saiu pela outra, quem quiser que conte outra porque


TODA MULHER TEM DIREITO A UM LAR.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

O Lugar do Silêncio



... E a mulher ouviu, como queria, aquilo que não queria.


Encontro quem disse com maestria o que eu quisera ter dito.

Expressei tantas vezes, braços abertos querendo tomar o mundo inteiro, entregue.
Disse por que não tive medo de despir-me completamente diante daquele que a quem entreguei minhas sentimentalidades, meus desejos, meus sonhos.

Aproveito a divina sensibilidade do texto encontrado nos blogs da vida, reverenciando a autora
que conseguiu, melhor que eu, expressar o que ora sinto. Ei-la:


http://www.quelquechose.net/blues/arquivos/000208.html


...Por que TODA MULHER TEM DIREITO DE VER SUA EXPRESSÃO RECONHECIDA

terça-feira, 7 de julho de 2009

Silêncio



É ensurdecedor o silêncio
a espera de resposta

Sim!
Silêncio pode ser ensurdecedor.

Mudez, cruel instrumento
tortura
quem não pode
quem não quer [aventura]
mundo de hipóteses.

Ensurdecedor
momento de decisão.

Não!
O desejo é ouvir.

Ouvir:
O que é
O que não é.

O silêncio é ensurdecedor e...

TODA MULHER TEM DIREITO A OUVIR.

domingo, 28 de junho de 2009

A Mulher Invisível




Se visto pelo dito, é o retrato da esquizofrênia. Roteiro muito bem escrito, direção impecável,elenco impagável. Se analisado com um pouquinho de atenção é a metáfora da idealização do parceiro, tão corriqueira, na maior parte dos relacionamentos. Não nos apaixonamos por um ser diferente de nós, mas por um reflexo de nós mesmos, por nossos ideais. Confundimos o ideal com o real e um dia dizemos ou ouvimos:'Você sequer sabe quem sou, como pode dizer que me ama?'


E é verdade. Ao olhar para trás, qual de nós não se pergunta: 'Afinal, o que tínhamos em comum?' Reflexo da ilusão que viveramos ao nos decidirmos por nos casar com um ideal, uma fotografia de família feliz na parede do quarto. Então nos damos conta de que fantasiamos um sentimento que gostaríamos de ter, por alguém que constaríamos que nos amasse. E eles eram tão diferentes...


Em geral, as mulheres, embora alguns homens não escapem dessa auto-armadilha, entregam-se a relação, atualizando o papel que a sociedade lhes reservou por séculos. Ao fim de alguns anos, depois de muito representar com excelência e a custa de esgotamento emocional a persona ideal, a solidão a dois se instala.


E o sonho acaba, um dos dois acorda e com a mala pronta vai em busca de outro ideal ou de uma vida real. Parte, sem maiores explicações. Para quem fica o mundo cai. Afinal percebe a farsa em que se enredou e de tanto fingir que era a pessoa ideal, acredita que só pode existir no mundo, se validada pelo parceiro. Solidão a dois de dia, faz calor depois faz frio passa a ter sentido.


Que fazer? Ele viveu com a mulher invisível, não enxergava quem estava a seu lado. Inventou um modelo ideal e passou os anos se esforçando para fazer a mulher real entrar na caixa do modelo ideal. Ela, por sua vez, foi uma mulher invisível, que se esforçava para caber na caixinha e quanto mais se espremia lá dentro, menor ficava, mais só se sentia.


Felicidade foi-se embora, mas não há saudade no peito. Hora de reconstruir a subjetividade sequestrada, reduzida e massacrada por tantos anos. Hora de sentir-se novamente pessoa, sujeito de suas escolhas. Sem ser censurada, desqualificada, reduzida ou menosprezada. Hora de redescobrir quem se é, e finalmente, não sentir mais medo. Momento de parar de encolher-se diante do abusador ou qualquer um que queira representar tal papel.


Momento de abrir os braços para o mundo e reconhecer-se única, com qualidades e dificuldades a serem encaradas. Hora de saber como 'gosta de comer os ovos'. Hora de voltar a ser pessoa, momento de deixar de ser a mulher invisível ou a mulher maravilha para ser SIMPLESMENTE MULHER.


TODA MULHER TEM DIREITO A SER (VISTA) COMO REALMENTE É.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Amar, verbo intransitivo




''João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.''



É com Drummond que começo o dia, pensando sobre os encontros e desencontros do amor e em como a expansão do que compreendemos por amor nos abre possibilidades.


Alyssa Jones, personagem criada por Kevin Smith, em Procura-se Amy explica que resolveu envolver-se com mulheres por que acredita que é tão difícil encontrar o amor, que eliminar 50% das possibilidades não lhe parecia lógico. Ainda assim ela se apaixona irremediavelmente por Holden McNeil, que é homem e tem um grande amigo e parceiro na confecção de HQs. Está estabelecido o triangulo de mil e uma possibilidades.


As novas gerações já encontraram essa chave de possibilidades reconhecendo que amamos seres e não a forma como tais seres se manifestam.Quero dizer: João ama Fernando, mas pode amar Suzana e isso não tem nada a ver com o fato de ser homem ou mulher, baixo ou alto, gordo ou magro, negro ou branco. É o sentimento de um ser por outro ser.


Hoje, já não se fala em homossexuais - palavra quase em desuso - mas em relação homoafetiva. E não bastasse, vive-se o amor que é livre inclusive do rótulo. João pode amar Teresa ou pode amar Fernando. Em tempos distintos de sua vida. O conjunto de atributos e ensinamentos de Teresa é importante para João hoje, mas amanhã ele talvez precise aprender por meio da relação a dois algo novo, a partir de outro conjunto de atributos que tenha Fernando.


Uoooooooopa! Afinal de contas tá virando safadeza?! Não, apenas manifestação livre de afeto sem culpa, apenas expressão de sentimentos. Não se deve confundir com defesa de promiscuidade, que diga-se de passagem, existe em abundância na tradicional família mineira, goiana, cearense, amazonense, paulista e assim por diante. O tema não é relação sexual, é relação afetiva. Que fique claro! A defesa é do amor, seja como for que ele se manifeste, livre de culpa, preconceito ou hipocrisia. Principalmente de hipocrisia.


TODA MULHER TEM DIREITO A AMAR INTRANSITIVAMENTE.


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