quarta-feira, 17 de junho de 2009

O que é isso, companheiro?!





Nunca fui uma fã da indústria automobilística. Adoro andar a pé, gosto de transporte coletivo, embora tenha usado muito pouco ao longa da vida, e vivo repetindo - há pelo menos 6 anos - 'ainda vou adotar os pés como meio de transporte'. Se ainda não o fiz, foi porque em Brasília temos cabeça, tronco e rodas. Oro todos os dias para que o plano de integração de transporte coletivo do atual governador de fato dê certo, para finalmente tornar meu sonho realidade.


Numa cidade com poucas calçadas, nenhuma esquina e transporte coletivo excludente e, ainda ineficiente, ter carro não é luxo, é necessidade. É bom lembrar, sendo bem pragmática, que carros não são investimentos, nem ativos, são bens de consumo não durável, pelos quais pagamos ainda: impostos, seguro, manutenção, combustível, enfim. Feitos os cálculos, o meu, um veículo do tipo econômico - mais por convicção do que por falta de recursos - me sai cerca de R$13mil reais ao ano.


Há quem diga que é símbolo de status, embora no meu caso, amante das caminhadas e das bicicletas, esteja mais para sinônimo de liberdade numa cidade cheia de fronteiras. Carro é a liberdade de ir, vir, sair ou ficar a qualquer hora do dia ou da noite, de qualquer lugar para qualquer outro lugar. Eu comprei essa liberdade e não paguei pouco, porque a linha econômica de econômica só tem nome, mesmo com redução do IPI. De toda sorte, foi uma escolha e a liberdade de fazer escolhas me faz feliz.


Estava mesmo muito contente por ter finalmente trocado meu Renault Clio 2006, companheiro de viagens e aventuras, pelo novo Ford KA Flex. Apaixonara-me finalmente por ele, depois de conhecê-lo em casa de minha irmã. Ela, uma eterna entusiasta do veículo, nunca teve outro carro desde o seu primeiro automóvel. A compra foi feita a cerca de 60 dias, e junto estava uma amiga - outra apaixonada pelo Ka-rrinho - que aproveitou a redução do IPI e trocou o modelinho tradicional, por um Ka Tech. Recebemos até bouquet de flores na concessionária. Foi lindo!


O carro é feito para mulheres, gracioso, leve - mesmo sem direção hidráulica - compacto por fora, espaçoso por dentro. Enfim, uma graça. Dei um nome a ele: Simba, o carro ninja! Tudo nele lembra um felino; os faróis, a aerodinâmica. Era definitivo, caí de amores. O carro ainda por cima é flex, para quem mora em Brasília, e portanto, roda bastante, é uma grande vantagem.


Hoje cedo, preparei-me maravilhosa para o trabalho, eis que não consigo ligar o veículo. Imediatamente me veio à mente os primeiros veículos movidos à alcool. Lembram? Precisávamos ficar hoooras esquentando o motor pela manhã. Pois não é que deu problema no meu Ka novinho?! Respirei fundo, abri o porta luvas, busquei no manual soluções - em geral eles servem para isso - encontrei um número de atendimento e, feliz, soube que havia uma assistência 24h da Ford. 'Que bom!' - pensei - 'a troca valeu a pena', pois a Renault tinha ótima assistência.


Sendo o carro tão novo, optei por acioná-los a contatar meu 'Seguro Auto Mulher', que certamente me trataria como uma princesa inglesa. Fui muito bem atendida, informaram-me que o guincho já estava a caminho, escolhi a concessionária autorizada de minha confiança para efetuar o eventual reparo. Tudo certo, até o momento em que solicitei um táxi para me levar ao trabalho. Aquela altura, já eram 10h da manhã. Alguém tem a cara de pau de chegar às 10h da manhã no trabalho em plena quarta-feira? Pois é. Começou a epopéia.


'Senhora, no serviço de assistência 24h não está incluído o táxi, já que a senhora está em sua residência. Caso a senhora estivesse no meio do caminho, poderíamos acionar'. Atônita, exclamei, 'mas preciso ir ao trabalho!' Paguei caro pelo carro para não ter de usar taxi, ônibus, metrô e, principalmente, chegar aos meus compromissos no horário. 'Senhora, por gentileza, ligue novamente para o 0800 e faça as escolhas 3 e 5. Lá eles poderão ajudá-la.


'????'


A moça era gentil, fiz como me orientou enquanto aguardava o guincho. Sim, por que sou uma mulher que acorda de bom humor. No outro atendimento, pelo qual esperei vários minutos, informaram-me o mesmo que ela, que como eu estava em casa, não havia previsão de me fornecerem um transporte para o trabalho. Registrei a reclamação e fiquei pensando: 'Que (&*(&¨¨%$$#@%¨*&¨* de liberdade é essa? Pago caro por um carro zero km, para ter a liberdade de ir e vir quando quiser de onde para onde quiser e não ter de pagar táxi, com menos de 60 dias de comprado o veículo, ele falha, e eu, que paguei pelo conforto tenho de pagar novamente para poder ir de casa para o trabalho por que o Ka-rro zero km não funciona!


Durma-se com um barulho desses! Escreverei em letras grandes para que todos entendam como me sinto: A ASSISTÊNCIA DA FORD NÃO ASSISTE ADEQUADAMENTE SEUS CLIENTES.

E... TODA MULHER TEM DIREITO A TER SEU DIREITO DE IR, VIR, SAIR OU PERMANECER RESPEITADO, ESPECIALMENTE SE PAGA POR ELES.



Respeite os direitos autorais. Se for citar - e gostaria que citasse e distribuísse - dê crédito a autora, que não tem medo de ''colocar o bode na sala da Ford''.

2 comentários:

  1. Putz, nem consigo me colocar no seu lugar... Deus proteja Gabriela!

    ResponderExcluir
  2. Pois bem, amiga. Meu santo pai acaba de pagar pra mim uma quantia estratosférica por um Wolksvagen que vai chegar novinho em folha às minhas mãos no próximo sábado. Nem sei se tem seguro auto mulher, nem sei se tem assistencia, que não entendo xongas de nada disso. E espero que o meu brinquedinho novo ao menos não pife no primeiro ANO de uso! kkkkkkkk =DDD

    ResponderExcluir

O que você acha?